Resumo

Introdução: A temática jogos e brincadeiras sempre foi motivo de inúmeros estudos e várias abordagens no decorrer da história, de acordo com a corrente de pensamento predominante e dos teóricos que a sustentaram. O brincar assume papel tão importante no desenvolvimento do ser-criança em todos os seus aspectos, que para garantir esse direito, vários textos legais existem fundamentando a sua implementação no âmbito mundial, nacional e mais especificamente os que se referem ao processo educativo, que legislam ou trazem orientações sobre o tema. A inserção do brincar no cotidiano da sala de aula e a utilização de jogos e brincadeiras como favorecedores do desenvolvimento e de aprendizagens significativas, motivaram a autora a observar como ocorria esse procedimento no interior da sala de aula, como proposta de um trabalho monográfico de conclusão do Curso de Especialização em Psicopedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo desse trabalho foi o de investigar a inserção do brincar na prática docente como integrante do processo ensinoaprendizagem, destacando a importância e necessidade de garantir o uso de brincadeiras e jogos na escola, tendo como eixo condutor o papel que a ação docente desempenha. Ao estudar as características que o jogo e a brincadeira assumem nos vários períodos do desenvolvimento fundamentou-se em Piaget (1990), em Vygotsky (1994) ao dar suporte teórico para o papel mediador do professor e em Leontiev (1991) ao considerar o brincar como atividade principal no desenvolvimento psíquico da criança.

Material e métodos: O estudo de caráter exploratório foi realizado em uma Escola Pública localizada A Cultura e o Brincar nos Espaços Urbanos na zona central da cidade do Rio de Janeiro, totalizando cinco turmas de 1ª a 4ª séries, do Ensino Fundamental, no período de abril a junho de 2001. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se o questionário misto aplicado aos professores e observação simples, para garantir o confronto entre as informações fornecidas pelos sujeitos e a prática na sala de aula, cujos dados foram transcritos em um diário de campo, permitindo o registro dos fenômenos observados logo após sua ocorrência. Resultados: Os dados obtidos nos questionários registram a utilização de jogos e brincadeiras na prática de todas as professoras, porém a observação de campo aponta contradições entre o discurso desses sujeitos e a prática exercida, constatando-se que a inserção de brincadeiras e jogos na escola não se faz de forma constante, daí o reduzido ou quase nenhum espaço que o brincar ocupa na "sala de aula".

Conclusão: A realização desse estudo possibilitou observar a omissão ou a maneira inadequada que as professoras conduzem sua prática, sem ter consciência do grande valor pedagógico inserido nas brincadeiras e jogos e a perda da oportunidade de conhecer o pensamento infantil em sua mais autêntica manifestação. Aponta para a necessidade de uma mudança conceitual dos sujeitos envolvidos, através de um permanente processo de reeducação ou formação, para melhor sentir, participar e dirigir as experiências, que além de serem das crianças, serão vivenciadas também pelos professores ao inserir o brincar como uma possibilidade relevante na mediação de um saber a ser construído e/ ou ressignificado na escola.