Leio em muitos lugares sobre métodos de treinamento. Parecem que as pessoas envolvidas ainda estão dividas sobre a melhor maneira de ensinar. As questões que sempre leio são sobre aprender a jogar através de brincadeiras lúdicas, descompromissadas, com pouca participação do professor e o oposto, com a presença marcante do professor passando informações sobre aspectos técnicos e táticos.

Qual será a influência nos ensinamentos técnicos e táticos com a presença do professor orientando sempre? Será que as crianças não aprendem mais e melhor apenas oferecendo material adequado e pouquíssimas intervenções?

Amigos, o que vocês acham?

Comentários

Por Roberto Affonso Pimentel
em 11 de Abril de 2012 às 09:49.

Edison,

Permita-me imiscuir-me entre seus amigos para dar a minha contribuição, apesar de já me encontrar bastante velhinho. Todavia, as experiências - você melhor do que ninguém pode dizer - contam a respeito sobre ensinamentos.

Encontrará fartos depoimentos a respeito do tema em www.procrie.com.br/novosumario/ Além de expor alguma teoria, atesto minhas experiências práticas, inclusive com adultos. Por tal motivo elegi como tema metodológico "APRENDER BRINCANDO, APRENDER JOGANDO", que senti pela vez primeira no Professor G. Dürrwachter, um alemão agora com mais de 80 anos. Encontrei-o em Ronneby, Suécia, durante o 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol promovido pela Fivb em 1975. Fiz um texto em sua homenagem no meu blogue: www.procire.com.br/procrienaalemanha/ .

Participação e intervenções - Quanto às intervenções do professor, verá também muita coisa a respeito na Categoria Metodologia e Pedagogia, especialmente às citações de Vygotsky quando trata do que ele denominou "Zona de Desenvolvimento Proximal". Certamente, quando e como intervir é considerado um dos pontos mais vulneráveis em matéria de Educação. Leia e fique inteirado.

Sugiro a leitura dos livros: Psicologia Pedagógica (Vygotsky); Como as Crianças Pensam e Aprendem (David Wood); e o Código do Talento (Daniel Coyle).

Sobre este último, venho postando matérias interessantes, exatamente sobre a atuação do professor e sua conduta ao ministrar aulas e treinos. Não perca!

Por Roberto Affonso Pimentel
em 8 de Maio de 2012 às 09:02.

Edison, Certamente conseguirá seu intento, especialmente com essa garra oriental. Creio ter comentado aqui no CEV algo sobre o ensino de um técnico japonês no Simpósio a que me referi (Toyoda) e de outro alemão (oriental, Baacke) e as respectivas metodologias empregadas. Certa feita, por pura intuição, tive um pensamento que me orientou muito no trato com os pequenos: "faço-me criança e aprendo com elas". Vá em frente e quando puder, visite o Procrie. Aliás, estou reformulando e atualizando o PREZI-PROCRIE.

Por Edison Yamazaki
em 8 de Maio de 2012 às 02:50.

Roberto, Demorei para escrever porque somente agora é que estou começando a me inteirar de como proceder no CEV. A vantagem de ser velhinho é que as experiências acumuladas só fazem parte de quem as viveu. É um trunfo e tanto!! Tenho me debatido muito sobre o tema Instruir x Brincar, porque aqui no Japão tudo é ensinado, deixando pouco espaço para o livre pensar. Outra razão que me martela é que por aqui temos toda infraestrutura material, mas poucos talentos, poucos potenciais atletas. Para falar a verdade, já lí vários textos sobre o assunto, mas em nenhum encontrei uma certeza que me fizesse acreditar nisso ou naquilo. Quem sabe agora, eu possa encontrar um rumo e seguir em frente.

Por Roberto Affonso Pimentel
em 16 de Maio de 2012 às 18:16.

País do futebol... que país é esse? 

. Há algum tempo, um senhor muito pobre pediu-me que matriculasse o seu filho de 12 anos na escolinha do Botafogo que funcionava no Caio Martins, Niterói. Disse-lhe que podia fazer muito mais pelo filho, desde que o matriculasse numa escola: forneceria todo o material até que concluísse o curso. Quase brigou comigo!

Vejam o que se passa em Minas Gerais - creio que em todo o Brasil - a respeito de "tirar crianças das ruas e outras cositas mais" que os hipócritas de plantão semeiam pela imprensa ocultando suas reais intenções:

Justiça condena Atlético-MG por exploração de menor

Clube é condenado por fazer 'peneiras' e treinos com menores de 14 anos e é intimado a liberar todos que estão no CT

16 de maio de 2012 | 3h 08

MARCELO PORTELA - O Estado de S.Paulo

BELO HORIZONTE - A Justiça do Trabalho em Minas Gerais condenou o Atlético-MG por exploração de trabalho de menores, determinou que o clube não use adolescentes e crianças com menos de 14 anos em suas categorias de base e afaste os que já treinam lá.

A decisão acatou pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), que entrou com ação alegando que a peneira e treinamento, marcados por "seletividade e hipercompetitividade", configuram relação de trabalho, pois se enquadram na modalidade de "desporto de rendimento, ainda que não profissional".

Leia a reportagem na íntegra em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,justica-condena–atletico-mg-por–exploracao-de-menor-,873616,0.htm

Por Edison Yamazaki
em 16 de Maio de 2012 às 22:26.

O futebol no Brasil é um grande negócio, e o pior é que esse negócio é alimentado pelas famílias iludidas que acham que um dos seus filhos é talentoso o suficiente para vencer como jogador de futebol. Futebol cria ilusões e fazem os garotos abandonarem os estudos.

As famílias, mal instruidas ou enganadas, permitem que os seus filhos passem a viver em alojamentos e frequentem uma escola apenas como desencargo de consciência. Já está mais do que na hora do governos e os educadores envolvidos acabarem com esses "depósitos de crianças", muitas delas iludidas.

O pior é que essa crianças perdem grande parte das suas infâncias atrás de um sonho, e sendo muitas vezes treinados ou orientados por pessoas sem experiência ou conhecimento suficiente para lidar com questões tão sérias. Isso sem dizer que o treinamento precoce pode prejudicar os verdadeiros bons de bola.

Nesse cenário impera a hipocrisia, a mentira, a camuflagem.

Agora me explica uma coisa... com o presidente do Atlético Mineiro não acontece nada?


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