Colegas

Proponho começarmos a compartilhar por aqui nossos conhecimentos em relação a jogos e brincadeiras para construirmos coletivamente um repositório especializado deles.

Digo especializado porque, diferentemente do que tenho visto disponível na Internet, podemos agregar valor a esse material com nossas experiências e percepções pessoais acerca de cada um deles: que objetivos alcança, que conteúdos trabalha, condições diversificadas de aplicação e etc. e tal.

Tomo a liberdade de sugerir três eixos preliminares em torno dos quais cada qual pode começar a enviar informações para construirmos uma metodologia de trabalho

1. Bibliografia: a) jogos propriamente ditos; b) teorias e taxonomias 

2. Links de repositórios on-line

3. Projetos semelhantes em andamento (descrição e contato dos responsáveis).

Este é um dos caminhos possíveis. Quem pensou em outra forma de encaminhamento, por favor, apresente aqui.

Um abraço a todos.

Comentários

Por Cláudia Bergo
em 28 de Junho de 2009 às 19:03.

Que beleza, Leopoldo!

Precisamos criar um espaço apropriado para o belissimo trabalho que você se dispôs a compartilhar conosco. Aqui na comunidade acho que ele será subaproveitado. Talvez um blog, ou já uma wikipédia de jogos e brincadeiras... Vamos ver o que os demais colegas sugerem? Mas pode continuar remexendo as gavetas! ;)

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 19:03.

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS  -

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - Parte VI

PETECA

BOX

JOGANDO BOLINHA DE GUDE, por Ivan Sarney[1]

            Quem já jogou bolinha de gude sabe o quanto é envolvente , o quanto há de paixão e encanto nessa preciosa forma de divertimento que habita o mundo juvenil. A escola, para esse aprendizado, é o mundo exterior, aquele mundo que acontece além das portas de nossa casa; além de nós mesmos, sem nosso consentimento e, na maioria das vezes, sem nossa participação ou interferência.

            No meu caso, e, no caso de meus amigos, esse mundo exterior foi a Praça Deodoro, em torno da qual habitávamos e onde nos reuníamos para conversar, brincar e, sem nos darmos conta, para construir um patrimônio individual inestimável, através das formas de brincadeiras que realizávamos e da amizade que moldamos, naqueles tempos de crescer e aprender.

            Os bancos, o coreto da praça, a sombra das figueiras, eram a extensão de nossas próprias casas e ali, pó r um sentimento de perfeita integração fraterna, e comunhão de interesses lúdicos, nos encontrávamos quase sem combinar nada. Era um que via o outro e vinha devagar, meio cúmplice, e quando já éramos alguns, acontecia alguma forma de brincadeira a partir de um consenso, e não podia ser diferente.

            Como estudávamos pela manhã, era natural que, nos dias de aula, esses encontros acontecessem na parte da tarde, com os deveres de casa já cumpridos, estendendo-se pelo início da noite, só interrompendo para o jantar. Mas, às vezes, o apelo da praça era maior, e os deveres cediam a precedência para os amigos e as brincadeiras.

            Quem eram esses amigos?  Carlos Parada, Murilo, Aimar e Raimundinho Menezes, Carinho e Chico, José Facury, Augusto e Zequinha Francis, Reginaldo, Tobias,
Fernando Pamplona, Roosevelt e Régis, Samuel Melo, Felipe Coimbra, meu irmão Ernane e eu.

            O jogo de bolinha de gude acontecia, entre tantas outras brincadeiras que realizávamos. Mas, como era um jogo de disputa individual, tinha sempre um sabor de vitória ou derrota. Muito íntimo a cada um de nós, e cada um de nós interiorizava isso de um jeito muito seu.

            Quem tinha as bolinhas mais bonitas, mais coloridas e novas, era Samuel Melo, que nós chamávamos de Viola, numa intimidade fraterna e carinhosa. É que sua mãe, Dona Dinah, possuía uma loja de vendas diversas, próxima ao Canto da Viração, na Rua do Passeio. Chamava-se A Escolar, e, como o nome indicava, vendia livros, cadernos, lápis e outros apetrechos escolares, mas vendia também outras variedades, como linhas, agulhas, elásticos, bolinhas de gude, e mais não lembro. Mas lembro que era ponto de compras, para nós, por ser mais perto, por ser a cada de Samuel e por sermos conhecidos de Dona Dinah.

            Lembro também da disputa silenciosa que travávamos para jogar com Samuel, que chegava com os bolsos cheios de bolinhas, quando não trazia num pequeno saco, fazendo-nos inveja e dando-nos a impressão de ser inesgotável a sua fonte de abastecimento. Era bom ganhar dele, pois tinha as bolinhas mais belas e novas.

            Jogávamos bolinhas de três maneiras: borrocas, triângulo e linha.

            A mais difícil e mais demorada era com as borrocas, pequenos círculos côncavos, feitos com o calcanhar, rodando sobre a terra. Eram três borrocas eqüidistantes que tínhamos de acertar, em ordem, indo e vindo, para depois “matar” as bolinhas dos competidores. Os que “morriam” tinham que pagar uma bolinha para o acertador e era desse modo, que a nossa coleção crescia ou minguava.

            Valia-nos, ali, a pontaria, a força do dedo polegar, a argúcia para não ficar exposto ao competidor, para não cair na casa errada e perder o jogo; a tranqüilidade para jogar; enfim, muitos elementos precisavam estar combinados para alcançar a vitória, e era sempre muito penoso perder.

            O triângulo era a colocação de uma bolinha em cada vértice de um triângulo eqüilátero, desenhado na areia. Só podia ser jogado por três pessoas, de cada vez. Cada jogador colocava uma bolinha sua. Tínhamos que jogar de longe para tentar acertar e “matá-las”, sem ficar dentro do triângulo, o que significaria a perda do jogo. Se ninguém acertasse, o que mais próximo ficasse começaria por tentar “matá-las”, já de perto, sempre em ordem inicial. A bolinha acertada, no triângulo, saindo fora dele, já era propriedade daquele que a acertasse.

            A linha era a forma mais ágil e fácil de jogar. Travávamos uma linha reta, no chão, e ficávamos distantes, para jogar. Podiam ser muitos os competidores. Cada um jogava sua bolinha, e aquele que ultrapasse a linha estava fora do jogo. O que mais próximo da linha ficasse iniciava a “matança” dos outros. Errando, a vez seria daquele que mais tivesse se aproximado, depois do primeiro. E assim, sucessivamente. A bola acertada era “morta” e saia do jogo, sendo propriedade daquele que acertasse.

            Havia uma pessoa brigona, encrenqueiro, que nos metia medo, quando chegava. Era chamado de Corujão, irmão de Tobias. Tomava nossas bolinhas, quando estávamos jogando distraído. Raspava-as no chão e não reagíamos com ele, que era maior, mais forte e tinha fama de brigador.

            Registro esses episódios para resgatar uma forma especialíssima de divertimento que as crianças já não brincam hoje; para congratular-me, uma vez mais, com minha geração e nosso tempo, certo de que forjamos nosso caráter, usos e costumes na paz de uma cidade tranqüila, que soube instrumentar-nos para a vida.

 


[1] SARNEY, Ivan. SÃO LUÍS, UMA CIDADE NO TEMPO – crônicas. São Luís: Minerva, 2007, p. 44-47

 

continua????

 

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 19:07.

I 

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS  -

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - Parte VII

BARQUINHOS DE PAPEL

Outra forma de brincadeira que Ivan Sarney registra em seu livro de crônicas – e que nesses dias de chuva tenho realizado com meu neto, Davi Gil – é a construção de barquinhos de papel[1], para navegarem nas enxurradas:

“Era sempre depois da chuva, quando cessavam os trovões, quando minguava a bica do quintal, quando as águas que desciam da Praça Deodoro deixavam de ser enxurradas e vinha escorrendo, lentamente, pela tarde cinzenta. Era quando nós, ainda molhados de banhar na chuva, púnhamos-nos a construir, com nossas mãos de esperanças, os barquinhos de papel que soltávamos na porta de casa, na Rua de Santaninha, e que ia além de nossas esperanças, descendo a Rua da Paz, a de Santa Rita, a do Pespontão, até mergulharem na boca-de-lobo da Rua do Alecrim.” (p. 29).

 

            A construção desses barcos - informa o autor - exigia folhas de cadernos escolares, já usados. Como barcos, tinham uma boa resistência à água e a vantagem de serem encontrados facilmente. Os mais duráveis, no entanto, eram os feitos de papel pardo, usado para encapar livros e cadernos. Além de resistentes à água, podiam ser fabricados barcos maiores, pela textura das folhas. Os mais frágeis, eram os feitos com papel-jornal, pois logo umedeciam e se desmanchavam.

“... Mas nem por isso os desprezávamos. Tínhamos, por eles, o mesmo grande zelo, o mesmo grande esmero, para que fossem belos, ajudando-os a segui r seus destinos de papel e esperança... Sim, porque cada um tinha um destino próprio, determinado pela casualidade, pelos acidentes do percurso, pelo curso das águas que os levavam e, em parcela menor, por nossos desejos de construtores”. (p. 29-30).

 

            Para o autor, havia duas maneiras mais claras e distintas de brincar, quando não estavam sozinhos. A mais comum era apostar corridas, sem prêmios ao vencedor:

Nesse caso, o barco era cada um de nós, transformado em símbolo, com o conteúdo psicológico de nossas emoções, nossa garra, nosso desejo de vencer. O barco então era ‘eu’, para todos nós. – Eu chequei primeiro. – Eu encalhei. – Eu ganhei... Quando cada um estava competindo, não podia ajudar o barquinho no percurso, pois cada interferência podia significar vantagem para o concorrente. Tínhamos que acompanhar torcendo, vibrando, como se fôssemos nós mesmos e, em verdade, éramos nós mesmos que estávamos ali, feitos de papel, molhados de chuva, iluminando à tarde com a nossa felicidade pueril”. (p. 31)

 

            Encerra o Autor:

“Como foram úteis os barquinhos de papel: ensinaram-nos a construí-los. Ensinaram-nos a competir, a vencer os obstáculos, a ir além do visual e do claramente possível, a buscar nossos sonhos e a desaguar no mar. Onde estão? Para onde foram eles? Olho em torno de mim e respondo: - Em nossos filhos, em nossas lembranças, em nossas conquistas, em nossos sonhos, dentro de nós mesmos, sendo nós mesmos barquinhos de papel, cumprindo nossos destinos, em busca do mar.. Em busca do mar, do incerto, do casual, de nossa própria identidade de barquinhos do destino.” (p. 32)


[1] SARNEY, Ivan. SÃO LUÍS, UMA CIDADE NO TEMPO – crônicas. São Luís: Minerva, 2007, p. 29-32

 

CONTINUA????

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 19:09.

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS  -

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - Parte VIII

OUTROS JOGOS E BRINCADEIRAS

 

AMARELINHA ou CAN-CAN – de acordo com Câmara Cascudo (1972, p. 25-26) também chamada Academia ou cademia. Jogo ginástico infantil, muito antigo e muito espalhado por todo o Brasil. Em outras regiões, da América Latina, denomina-se de La Pelegrina, e é idêntico ao Jogo das Odres, dos romanos e às Ascólias, dos gregos.

 

ELÁSTICO – jogo de destreza; que consiste em ultrapassar um elástico, de aproximadamente 3 a 5 metros, colocado a determinadas alturas, começando pela altura do quadril, seguro por dois competidores; o saltador projeta-se para cima, procurando ultrapassar o elástico, sem tocá-lo; a uma determinada altura, geralmente na altura do peito, pode utilizar-se do pé, apoiando por sobre – parte de cima – o elástico, puxando-o para baixo, ao mesmo tempo em que o ultrapassa – pulando para o outro lado. Geralmente é brincado pelas meninas, mas meninos participam.

 

XUXO ou CHUCHO – jogo de destreza; consiste em “fincar” uma pequena aste de ferro fino no chão, por dois ou mais competidores, que fazem desenhos no chão, geralmente um triângulo, do local onde a aste fincou no chão, em linha reta, até o seguinte arremesso.

 

BETE-OMBRO – jogo em que participam duas duplas, dois atacantes e dois defensores, de uma casa – hoje, utiliza-se garrafa de plástico, antigamente, a casinha era constituída e três paus, em triângulo, apoiados um no outro – delimitada por um círculo, em que o objetivo é derrubar a casa, com uma bola – hoje, de borracha (frescobol), antigamente, de pano -. Os defensores devem rebater a bola, jogando-a longe, o que possibilita trocarem de lado. Cada troca de lado, vale um certo numero de pontos; ganha quem atinge um determinado numero, conforme combinação previa. Quando os atacantes conseguem derrubar a casa do adversário,invertem-se os papéis. Jogado geralmente nas férias escolares.

 

PIÃO – pinhão, brinquedo de madeira, periforme, com uma ponta de ferro, por onde gira pelo impulso do cordão enrolado na outra extremidade e puxado com violência e destreza. Ostrombos dos gregos e o turbo dos romanos, é o mesmo jogo do pião das crianças de hoje. No Brasil, a maioria das condições para o jogo é semelhante à registrada em Portugal (Câmara Cascudo, 1972,p. 712-713). Também denominado de finca.

CONTINUA???

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 19:12.

 

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS  -

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - Parte IX

RAÍZES[1] - JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS DOS INDIOS MARANHENSES

Reúne abordagens de jogos e versões esportivas nativas do Brasil (tradições indígenas e também atividades de criação regional – Maranhão – ou aculturadas localmente de origens diversas):

Por definição do Atlas do Esporte no Brasil (2005, p. 33/34), são atividades corporais com características lúdicas, pelas quais permeiam os mitos e os valores culturais, que requerem um aprendizado específico de habilidades motoras, estratégias e/ou chances. Visa, também, a preparação dos jovens para a vida adulta, a socialização, a cooperação e/ou a formação de guerreiros, ocorrendo em períodos e locais determinados, com regras estabelecidas, não havendo limite de idade para os jogadores.

Em diferentes culturas e diferentes épocas houve alguma forma de manifestação do movimento representado pela corrida e esta sempre teve primeiro, um caráter de sobrevivência. Ritualizada, passa a fazer parte da cultura onde representa os valores e as normas sociais, o mesmo ocorrendo quando levada para a esfera do lazer (lúdico). 

 

CATHARINO, José Martins, ao fazer uma análise do “Trabalho índio em terras de Vera ou Santa Cruz e do Brasil” [2], refere-se, dentre esses trabalhos a dois que nos interessam particularmente: “O trabalho desportivo” e “O Trabalho locomotor”. Ao analisar o trabalho desportivo, considera que nesse mundo, antes da chegada dos brancos, a sobrevivência exigia qualidades atléticas, exercícios constantes, com descanso e repouso intercalados, de duração sumamente variáveis. Por isso, os índios se tornavam atletas naturais, para sobreviver, pois tinham que, em terra, andar, correr, pular, trepar, arremessar, carregar, e, na água, nadar, mergulhar e remar. Realizar trabalho-meio, autolocomotor, com suas próprias forças, apenas e/ou, também, com auxílio de instrumentos primitivos, para obtenção de produtos necessários:

“Entre prática guerreira e desportiva há um nexo de causalidade circulativo, proporcionalmente inverso. Mais prática desportiva, menos guerra. Mais guerra, menos aquela. Causas produzindo efeito repercutindo sobre a causa. Nexo fechado, de recíproca causalidade e efeito. O trabalho-meio, autolocomotor, servia de aprendizado e adestramento – atlético que era – ao competitivo”.

 

 Entre a infância e a puberdade, e a adolescência e a virilidade ou maioridade, entre os oito e 15 anos, a que chamamos mocidade, os kunnumay, nem miry nem uaçu, tomavam parte no trabalho dos seus pais imitando o que vêem fazer. Não se lhes manda fazer isto, porém eles o fazem por instinto próprio, como dever de sua idade, e já feito também por seus antepassados:

“Trabalho e exercício, esses mais agradáveis do que penosos, proporcionais à sua idade, os quais os isentava de muitos vícios, aos quais a natureza corrompida costuma a prestar atenção, e a ter predileção por eles.Eis a razão porque se facilita à mocidade diversos exercícios liberais e mecânicos, para distraí-la da má inclinação de cada um, reforçada pelo ócio mormente naquela idade”.

 

Após essas explicações, o Autor informa que essa seção – o trabalho desportivo – é dedicada ao trabalho competitivo entre índios, embora caçando e pescando, competissem amiúde com outros animais, considerados irracionais, o que faziam desde a infância. Sem falar nos jogos educativos:

“... jogos e brinquedos (Métraux) dedicou um só parágrafo, quase todos graças a d’Evreux, acerca dos feitos pelos Tupinambás. “Tratava-se de ‘arcos e flexas proporcionais às suas forças’. O jogo, educativo para a caça, pesca e guerra, era possível porque reunidos plantavam, e juntavam cabaças, que serviam de alvo, ‘adextrando assim bem cedo seus braços’. Assim, brincavam os meninos de 7 a 8 anos. Kunumys-mirys. As meninas, na mesma faixa etária, Kugnantins-myris, além de ajudarem suas mães, faziam ‘uma espécie de redesinhas como costuma por brinquedo, e amassando o barro com que imitam as mais hábeis no fabrico de potes e panelas’.  

 

JOGOS E BRINCADEIRAS[3]

Foram observados na aldeia dos Canela, da aldeia Escalvado diversos brinquedos, brincadeiras e jogos que as crianças praticam em sua vida cotidiana como pular corda; batalha de pião (Cuhtõj Tere); uma espécie de jogo de bola de gude utilizando coquinhos (Crowkâ); bente-altas ou taco (Ihcahyrxà); perna de pau (Pàr Xô Hyre, Texware); estilingue (H?caper Xá), a peteca (Põ-hyhpr?),  zumbidor (Ihkjênxà), a cama de gato (H?hkra To Hapac Tu Xá), dobraduras retratando animais, inclusive com movimento, e brinquedos construídos com a polpa de buriti, estes dois últimos com movimento. Foi observado ainda o quebra-cabeça Anel Africano (Ihkã Cahhêc Xá). Trata-se do quebra-cabeça muito difundido em todo o mundo, considerado um clássico pela simplicidade da idéia e engenhosidade da solução. Nos livros de jogos, o quebra-cabeça é mais conhecido pelo nome de Anel Africano[4]. Trata-se de um desafio que deu origem a centenas de outros quebra-cabeças em todos os continentes. (in Projeto Jogos Indígenas do Brasil, disponível em http://www.jogosindigenasdobrasil.art.br/port/campo.asp#canela)

 

 

 


[1] IN JOGOS TRADICIONAIS INDIGENAS, por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, disponível em www.atlasesportebrasil.org.br. Ver também: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; CRUZ, Reinaldo Conceição. JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS. In REVISTA NOVA ATENAS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luís, vol. 9, n. 2, jun/dez 2006, Suplemento; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense.  In SOUSA E SILVA, José Eduardo Fernandes de (org.). ESPORTE COM IDENTIDADE CULTURAL: COLETÂNEAS. Brasília: INDESP, 1996, p. 106-111; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas – contribuições à história da educação física maranhense. In REVISTA “NOVA ATENAS” DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luís, v.4, n. 2, jul/dez 2001, disponível em www.cefet-ma.br/revista; DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. A corrida de toras no sistema cultural dos índios brasileiros Canelas (relatório de pesquisa provisório). ZEITGSCHIFT MUNCHER Beltrdzur  Vulkerkunde, julho, 1989; DIECKERT, Jurgen & MEHRINGER, Jakob. Cultura do lúdico e do movimento dos índios Canelas. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, v. 11, n. 1, p. 55-57, set. 1989; JUNG, K. & BRUNS, U. Aspectos rituales de las carreras de larga distancia en diferentes culturas y epocas   (conclusion). STADIUM, Buenos Aires, v.18, n. 105, p. 26-29, junho 1984; PAULA RIBEIRO, Francisco de. MEMÓRIAS DOS SERTÕES MARANHENSES. São Paulo: Siciliano, 2002; FRANKLIN, Adalberto: CARVALHO, João Renor F. de. FRANCISCO DE PAULA RIBEIRO – desbravador dos sertões de Pastos Bons: a base geográfica e humana do sul do Maranhão. Imperatriz: Ética, 2005

[2] CATHARINO, José Martins. TRABALHO ÍNDIO EM TERRAS DA VERA OU SANTA CRUZ E DO BRASIL – tentativa de resgate ergonlógico. Rio de Janeiro: Salamandra, 1995

[3] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; CRUZ, Reinaldo Conceição. JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS. In REVISTA NOVA ATENAS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luís, vol. 9, n. 2, jun/dez 2006, Suplemento

[4] Os Canela, da aldeia Escalvado, no Maranhão, testam a paciência com um desafio que o mundo conhece por "anel africano". A idéia é simples, e a solução é um racha-cuca. A versão indígena do quebra-cabeças é uma corda de buriti presa a uma vareta e a dois anéis de madeira que têm que ficar juntos. In http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u983.shtml . Ver tambem:

(www.jogosindigenasdobrasil.art.br) http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=227&Artigo_ID=3539&IDCategoria=3863&Reftype=2

 

FIM!!!!!

 

Por Laercio Elias Pereira
em 28 de Junho de 2009 às 19:45.

Pessoal,

   Dei uma ciscada na Biblioteca do CEV e, a despeito da limpeza de que o banco precisa, especialmente na limpeza das duplicações, tem muitas referências de livros: http://cev.org.br/biblioteca/busca/?titulo=jogos&tipo=108 . Laercio

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 18:42.

Olá, Cláudia, e demais Membros

Ano passado, desenvolvemos um projeto no Instituto Federal do Maranhão - ex-CEFET-MA, antes Escola Técnica... - no curso de Design. A Profa. Tayce, da disciplina Design, propos desenvolver uma atividade com os alunos do segundo ano técnico, de desenvolver produtos para o segtor de turismo - restaurantes - no desenvolvimento de pratos e utencilios de servir, que contemplasse gtemas maranhenses.

Aproveitando o dia 27 de maio - dia da brincadeira - desenvolvemos um projeto multidisciplinar - Design, Sociologia, Filosofia, História e Educação Física - que gteve com o tema Brincadeiras Tradicionais. A mim, professor de educação física das turmas de primeiro ano, coube a parte teórica. Que são jogos tradicionais? que são brincadeiras? claro, como pesquisador-associado do Atlas do Esporte no Brasil  www.atlasesportebrasil.org.br retirei de lá os definições e escrevi jum texto sobre Jogos e Brincadeiras Infantis, que os alunos utilizaram.

No dia 27 de maio, após os horários de recreio - intervalo de aulas - nos tres turnos, toda a Escola veio para o pátio para ... brincar! peteca (aqui, se trata do jogo de bolinha de gude, ou de vidro...), xuxo, elástico, corda, oficinas de con strução de papagaios (pipas, pandorga...), e, se estivesse chovendo, de barquinhos de papel... enfim, todas as formas de se brincar maranhense...

Os mais entusiamados? Professores e Funcionários administrativos, que ainda conhecima essas brincadeiras de infancia, brincadeiras e jogos de antes da era da Internet...  Não conseguimos repetir este ano!

Os alunos, transformaram depois essas imagens em pratos, chícaras, travessas... proposta para os nossos restaurantes.

Mas ’brincadeira’, no Maranhão, também se refere ao Bumba-meu-Boi. Quem participa do Boi, é um brincante. o Boi, uma brincadeira... logo a seguir, e ainda ddentro dessa mesma pro9posta, e já com a disciplina Sociologia, estudando Cultura e Culturam Popular, estudou-se a Brincadeira de Boi, no Maranhão.

Novamente, textos sob minha responsabilidade, envolvemos, desta vez a Professora do segundo ano, de Educação Física, em visitas aos terreiros, para ver a montagem da brincadeira, ensaios, atgé as apresentações no mes de junho e a morte do boi em julho. Os alunos fizeram um relatório, usado meio eletronico como suporte - um vídeo! e as imagens, para os utencilios, como tema de produtos voltados para o turismo, especificasmernte, na gastromonia..

Se houver interesse, posso postar os texticulos...   

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 18:47.

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS [1]

 

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação

– DCS/CEFET-MA

 

“Era assim na Praça Deodoro, onde as figueiras realizavam sobre a areia ou a grama verdejante, seus galhos fartos que nos serviam de abrigo, para brincar simplesmente, subindo em seus troncos, para jogar bolinha de gude ou chuço, nas tardes de estio”

Ivan Sarney (Crônica A cidade adormecida) [2]

 

            Na última reunião do Departamento Acadêmico de Desenho – DDE -, do CEFET-MA, a Profa. Tayce apresentou aos professores presentes uma proposta de trabalho, que faria com as turmas da segunda série dos Cursos de Design - Produtos, e Gráfico. A idéia é a de fazer um “Dia das Brincadeiras”, pois 27 de maio é “O Dia da Brincadeira”; o objetivo, o de resgatar algumas atividades lúdicas[3], que as crianças e adolescentes – e muitos adultos – perderam nesses dias de jogos eletrônicos[4].

            Os Professores de Educação Física – Reinaldo[5] e Leopoldo[6] – se propuseram a apresentar um estudo sobre os ‘Jogos Tradicionais e brincadeiras infantis’ havidas no Maranhão.

O presente texto destina-se aos alunos dos Cursos de Design – Produto e Gráfico – para aprofundamento do tema. Cabe ressaltar que os autores já se dedicam ao estudo do assunto, publicando alguns trabalhos no Atlas do Esporte no Brasil (Org. Lamartine Pereira DaCosta), disponível em www.atlasesportebrasil.org.br [7]. Serve-se de autores maranhenses consagrados para ilustrar aspectos da execução das atividades descritas, em suas memórias.

 

Definição

Jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida cotidiana”. (Huizinga, 1980) [8]. Abrange jogos de força e de destreza, jogos de sorte, de adivinhação, exibições de todo gênero.

Por definição do Atlas do Esporte no Brasil (Alexandre Marcos de Mello, 2005, p. 35-36) [9], jogos e esportes tradicionais são atividades lúdicas, competitivas e/ou cooperativas, que refletem a identidade cultural de um determinado grupo étnico, distinguindo-se dos esportes de apelo internacional sujeito a padrões organizacionais e regras universais. Já os jogos e brincadeiras tradicionais infantis são atividades passadas de geração a geração, em geral aprendidas pelas crianças mais novas com as de mais idade, durante ato de brincar. Também denominados de jogos populares.


[1] Abril de 2008

 

[2] SARNEY, Ivan. SÃO LUÍS, UMA CIDADE NO TEMPO – crônicas. São Luís: Minerva, 2007, p. 25-28

 

[3] Para saber mais, consultar  http://www.jogos.antigos.nom.br/artigos.asp 

 

[4] “Ao se indagar qual a importância do lúdico e do movimento no processo educacional, se quer saber qual é a importância das atividades que se realizavam no tempo do não-trabalho, pois são na prática das atividades lúdicas e do movimento - atividades recreativas e desportivas culturais - que o homem conforma seus pontos de vista, seus juízos, suas convicções. Durante a atividade desenvolve suas capacidades de homem, sua iniciativa, sua individualidade. É nela que se dá a assimilação das normas de vida em comum, com a aproximação dos jovens com a riqueza material e espiritual criadas pelas gerações precedentes.” In VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. LO LUDICO Y EL MOVIMIENTO COMO ACTIVIDAD EDUCATIVA. LECTURASS: EDUCACION FÍSICA Y DEPORTES, Revista Electrónica, Año 3. Nº 12. Buenos Aires, Diciembre 1998, disponible en http://www.efdeportes.com/

[5] REINALDO CONCEIÇÃO CRUZ, licenciado em Educação Física, mais conhecido como ‘Beleleu”; na atualidade, é um dos ‘bambas’ da difícil arte de empinar papagaios. É professor das turmas de terceiro ano dos Cursos de Designe. Colaborador do Atlas do Esporte no Brasil www.atlasesportebrasil.org.br

 

[6] LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, licenciado em Educação Física, é especialista em Lazer e Recreação, em Metodologia do Ensino Superior e Mestre em Ciência da Informação. É professor das turmas de primeiro ano dos Cursos de Designe. Pesquisador da memória do esporte no/do Maranhão, colaborador do Atlas do Esporte no Brasil www.atlasesportebrasil.org.br.

 

[7] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; CRUZ, Reinaldo Conceição. JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS. In DaCOSTA, Lamartine Pereira (org. e editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL, p. 180-181, disponível em www.atlasesportebrasil.org.br.

Ver também: VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; CRUZ, Reinaldo Conceição. JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS. In REVISTA NOVA ATENAS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, São Luís, vol. 9, n. 2, jun/dez 2006, Suplemento, disponível em www.cefet-ma.br/revista; DaCOSTA, Lamartine Pereira (org. e editor). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005

 

[8] HUIZINGA, Johan. HOMO LUDENS. São Paulo: Perspectiva, 1980, p. 33

 

[9]DaCOSTA, Lamartine Pereira. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL (org. e editor). Rio de Janeiro: Shape, 2005

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 18:51.

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS [1]

 

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação

– DCS/CEFET-MA

Parte II 

PAPAGAIO

“Um papagaio na tarde pode pôr na lembrança uma outra tarde, um tempo inteiro, avivando nomes, personagens e dando vida ao que hoje é uma lanterna, ficando para iluminar o tempo, que o tempo foi cobrindo de silêncio e esquecimento”

IVAN SARNEY (Crônica Um papagaio na lembrança) [1]

 

Papagaio de papel, coruja, arraia. Na descrição do Dicionário Morais: folhas de papel, ou lenço, estendidas sobre uma cruz de canos, e cortados em figura oval, com um rabo na parte fina, que se soltam ao ar, e lá se mantêm, seguras por um cordel ou barbante. Os portugueses trouxeram o papagaio do oriente, Japão, e China, onde é popular. No Brasil chama de raia ou arraia, em alusão a forma ramboidal do peixe (Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, 1972, p. 669-670).

No Maranhão, usam-se as denominações: papagaio, pipa, bode, sura e curica:

·        Papagaio – a tala do meio é maior – longitudinal maior – rabo de algodão amarrado na linha;

·        Pipa – tala transversal é maior, rabo de papel amarrado num fio – a pipa é de uso mais recente;

·        Bode – papagaio grande, com rabo de algodão;

·        Sura – papagaio grande, sem rabo; é “selado”;

·        Curica – papel de jornal ou grosso, com talo, e rabo do próprio papel, geralmente usados pelos garotos menores.

 

O papagaio, ou pipa, em São Luís, é lançado geralmente no período invernoso (chuva) quando o vento é mais ameno, nos Pipódromos – locais de prática de empinar pipas – Vinhais, Cohab, Areinha e São José de Ribamar.

 

BOX

PAPAGAIOS, por JOSÉ RIBAMAR MARTINS[2]

A propósito de lazer, na época de fortes ventos de agosto a setembro os grandes empinadores de papagaio da cidade se reuniam nas tardes de domingo para sensacionais lanceadas. Muito tempo antes, porém, a brincadeira limitava-se apenas aos moradores dos bairros da periferia, como Madre Deus, Codozinho e outros mais.

Descoberta depois [década de 1940] por representantes da classe média adquiriu estatus de esporte nobre. Primeiramente nas imediações do Largo de Santiago, reduto de grandes fabricantes de papagaio (Zezé Caveira, Aristides Barbosa), bodes (Alfredinho Guanaré) e jamantas (Zeca Barbosa). Para maior comodidade no empinar, chegaram até a construir armações de madeira ou até de alvenaria nos quintais. Assim o fizeram Zeca Barbosa e Zezé Caveira. Além destes citados, muitos outros praticavam a brincadeira, como Dr. Carneiro Belfort, Arlindo Silva, Cel. Belchior, Itanite, Cabeludo, Tonzinho (filho de Zezé), Zé Santos (cunhado de Joãozinho Trinta), Edson Bastos, Luís Santos, João Pé de Bola (filho de J. Araújo, conceituado comerciante do bairro), o quitandeiro Guilherme, Arlindo Menezes, Wilson Portelada e seu irmão Betinho, Jorge Meireles e seus irmãos Orlando e Clóvis Meireles, Fausto, Allan Maranhão, Joseli, Armandinho Correia Lima, Bibi Fala Inglês (que por causa do defeito de dicção ganhou o apelido), Tripinha, Miro Fedor e outros.

Mais tarde, com a total ocupação do Largo de Santiago por um conjunto residencial, o palco de apresentações foi transferido para a Praça do Quartel (Praça Deodoro) e Campo d´Ourique. Usavam o cerol como arma para cortar a linha dos inimigos. A meninada vadia, de bode (neste caso o bode era um pedaço de linha resistente com uma pedra ou pedaço de pau amarrado em uma das extremidades) em punho, acompanhava atentos os papagaios esticados. A princípio aquele ingrediente cortante era preparado como porcelana – principalmente de isoladores elétricos - ou vidro de lâmpadas fluorescentes queimadas, trituradas em almofarizes de cobre ou de ferro, peneirado o mais fino possível, e que misturada com o grude era espalhado na linha. Posteriormente ficou evidenciado que os bondes substituíam com enorme vantagem os almofarizes. Os motorneiros não aprovavam muito esse procedimento, mas colaboravam. O processo de colar o cerol na linha era simples: ela era esticada ao ar livre e o produto aplicado apenas nas primeiras braças. Rapidamente ficavam secas e o papagaio estava em condições de ser empinado. A partir daquele ponto já encerado, o empinador continuava o trabalho aos poucos, à medida que o brinquedo ia se distanciando, levado pelo vento, deixando a linha correr por entre sua mão bem fechada cheia da mistura.

Atualmente muito difundido, o cerol era praticamente desconhecido em quase todo o país até pouco tempo. Em alguns estados era comum utilizarem-se lâminas de barbear amarradas na linha e no rabo – este confeccionado com pequenas tiras de tecido – com a mesma finalidade. Talvez por desconhecimento da correta técnica de utilização, o cerol tem provocado acidentes graves em muitas cidades.

Para a preparação do cerol, era fundamental a utilização do grude. Este era uma mistura muito simples, preparada com a tapioca de goma e água levadas ao fogo. Deixava-se ferver, sempre mexendo, para não embolar, até ao ponto em que a viscosidade ideal era comprovada. O pó de vidro era misturado depois, já com o grude resfriado. Esse produto era muito utilizado por sapateiros, que costumavam acrescentar à sua composição umas gotas de suco de limão. Com isso e convenientemente depositado em cumbucas de sapucaia, tinham vida útil prolongada.

Os nossos papagaios são geralmente muito bem feitos e, quando fabricados por especialistas do naipe de Zezé Caveira – o mestre maior, como considerado pela maioria dos entendedores – eram verdadeiras obras de arte. Têm o rabo confeccionado artisticamente com bolas de algodão amarradas em rápidas laçadas a um pedaço de linha, que vão se tornando mais finas à medida que se aproxima da ponta. Um fato curioso sobre a importância que o assunto despertava nos aficionados do esporte: o Zezé fez com muito carinho um papagaio com a figura de caveira estampada no papel. Em uma lanceada, Zeca Barbosa “matou e cortou” a peça, para tristeza do perdedor, que ofereceu uma recompensa em dinheiro a quem conseguisse reavê-lo. Faísca, que era neto do vencedor, quando soube do prêmio não pensou duas vezes: surrupiou o troféu e o devolveu ao primitivo dono, que muito feliz o dependurou na parede da sala, de onde nunca mais saiu.

Interessante notar que, mesmo sem qualquer calendário estabelecido, as brincadeiras aconteciam em épocas certas do ano. O papagaio ainda tinha como justificativa a temporada dos grandes ventos, mas e as outras? Como explicar o tempo do “chucho”, da peteca? Certamente muitos não sabem mais que nossa peteca nada tinha a ver com a peteca almofadada e empenada, jogada com as palmas da mão e que freqüentam as quadras esportivas dos clubes sociais; que a nossa peteca nada mais é que a nacionalmente conhecida bolinha de gude, ou de vidro.


[1] SARNEY, Ivan. SÃO LUÍS, UMA CIDADE NO TEMPO – crônicas. São Luís: Minerva, 2007

[2] MARTINS. José Ribamar. SÃO LUIS ERA ASSIM (minha terra tem palmeiras, já nem tantos sabiás) RELEMBRANDO LANCHAS E O MEARIM. Brasília, Equipe, 2007, Capitulo XVI, p. 71-73.

Continua????

 

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 18:53.

 

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS [1]

 

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação

– DCS/CEFET-MA

Parte III

PAPAGAIO

OS PAPAGAIOS DO VENTO, por IVAN SARNEY[1]

Meus olhos têm a forma dos papagaios para subirem, com o vento, nesta manhã de domingo. A brisa fresca de julho é forte e constante e o céu da manhã e das tardes e todo alegria de cores, na amplitude de nosso verão.

            Como é amplo o tempo, amplo o domingo e são amplas as recordações, posso olhar para a Praça Deodoro e me encontrar menino, no encantamento lúdico das jamantas, dos bodes, das arraias, das curicas e das suras.

            A primeira tarefa era moer o vidro, que a gente punha nos trilhos, aos pedaços, e se escondia no canto, para recolher depois, quando o bonde passava, entre o ranger das rodas e o praguejar do motorneiro, que, às vezes, soltava areia e punha tudo a perder. Vidro de magnésia, fundo de garrafa verde, davam excelentes ceróis, ao lado das lâmpadas fluorescentes, que nos amedrontavam pelos cortes que, diziam, não saravam nunca.

            Depois, era a tarefa de coar o vidro, com pano fino, passando os dedos sobre o pó, e de fazer a goma de tapioca, para enfim obter o cerol, fazendo a mistura, e poder passá-lo na linha.

            As mãos em concha, a linha estendida, ia sendo gomada de vidro, para as lanceadas. Linha trinta, linha oito, linha zero, comprada, na Cada das Variedades, que ficava ali, na esquina da Rua das Flores com a Grande.

            O papagaio era a tarefa mais difícil de empreender. Talos de buriti ou taboca, armação que exigia perícia para não selar, para não ficar pensa, para não quebrar enfim, com a força do vento. Na cobertura de papel-de-seda, os construtores exibiam toda a sua arte, em cores e formas: borboleta, bolas, compassos, losângulos, xadrez, cruz-de-malta, leque; toda uma infinidade de belos motivos, pacientes trabalhos de artesãos.

            Nunca cheguei, a saber, quem os produzia, mas Dona Maria Vieira, mãe de ‘Nega Fulô’, vendia ótimos papagaios, na Rua de Santaninha, onde mora ainda hoje. E, lá, a gente comprava, quando não se dispunha a fazer, ou quando perdia o último, no meio da tarde.

            Havia, no entanto, um nome maior, unânime respeitado entre os empinadores, como fabricante dos papagaios mais famosos: Zezé Caveira, morador no Largo de Santiago, de onde vinham os temíveis empinadores da época: Aristides, Zeca Barbosa e Tonzinho. Na praça, encontravam José Santos e Mário, para compor um grupo de admiração, respeito e temor, entre os mais novos e entre os meninos. Fernando Casal, Batatinha, Chicletes, Cerol, meu irmão Ronald, Corujão, Joe Trinta, Tinho, lembro-me deles, entre os mais novos, como grandes lanceadores.

            De longe, meus olhos de menino se punham no céu a identificar os papagaios pela arte da cobertura, pelas cores, pelo rabo, pela guinada e pelo embocar. Aquele bode era de Aristides. Aquele outro era de Mario. O outro ainda era de José Santos. Mas a jamanta era quase somente de Zeca Barbosa, o mais idoso deles, pai de Aristides.

            No céu, o espetáculo das cores se multiplicava, com o respeito mútuo entre os mestres, que nuca lanceavam entre si. E iam os papagaios esticados, embrulhando os rabos, levados pelo vento para cima dos telhados, para o mar, para as mãos e para as varas de madeira dos benditos moleques das tardes, a correr pelas ruas, driblando carros, em busca dos papagaios sem donos. Se a linha, nos telhados, se estendia sobre a rua, lá estavam eles, jogando o culhão-de-bode e, pronto, vinha a linha e os papagaios para subirem outra vez.

            “Papagaio no ar não tem dono”. Era o lema usado por todos nós. Os melhores lanceadores cortavam, matavam e cortavam, trazendo para si o troféu do vencido e faziam o catado. Os que não tinham cerol entregavam a rabada e saíam puxando, na esperança de rebentar a linha do outro. Todos mestres em sacalões e emboscadas.

            Entregar o freio era sempre fatal. Um papagaio, com freio na cabeça, denunciavam iniciante ou um teimoso mal-empinador.

            Se o papagaio rolava, com o rabo cortado, ou quando engasguelava, a gente sentava o dedo na inútil tentativa de trazê-lo às mãos, pois as árvores, os fios e os moleques, recolhiam-no antes.

            Desse modo, se esvaía a tarde, até anoitecer, com os olhos da gente buscando no céu o último esticado, empinado e já sem dono, que o sereno da noite viria arriar, desmanchando o papel.

            O tempo era aquele, como este que agora vejo, nesta manhã de julho, sem os nomes de ontem, mas com o mesmo rito, o mesmo brilho e os mesmos olhos de menino, amando os papagaios do vento.


[1] [1] SARNEY, Ivan. SÃO LUÍS, UMA CIDADE NO TEMPO – crônicas. São Luís: Minerva, 2007, p. 48-50

 

 

continua???

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 18:55.

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS  

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Professor de Educação Física; Mestre em Ciência da Informação

– DCS/CEFET-MA

Parte IV

PAPAGAIO          

 

  O autor, em outra crônica sobre a cidade de São Luís – ‘Um papagaio na lembrança’[1]- relata-nos os acontecimentos de uma tarde de sábado, quando leva o filho, André, a empinar papagaio. André estava ansioso de aprender os conhecimentos do pai, sobre esta forma de lazer lúdico, ainda tão vivo em nossa cidade, ‘com as graças de Deus’.

            Das lições, de como transportar o papagaio, a recomendação de mantê-lo na altura do peito, o rabo enrolado nas talas, para ‘só desenrolar quando chegar a distancia necessária e útil’, para que possa fazê-lo subir, puxando ligeiro e buscando a direção do vento, com os sentidos atentos:

Ei-lo, agora, já empinado ao vento. Vou soltando a linha devagar, buscando com um meio sacalão, o vento mais forte e firme, para que ele já possa sustentar-se, sem minha ajuda. E assim o vejo empinado, e vou soltando a linha até que ele, já longe e sem risco de morrer de vento, já se deixa contemplar como algo vivo, guinando sem cessar, ao sopro da brisa, que infla seu papel celofane... Mostro-lhe como se dá um sacalão bem-dado, puxando linha e, depois soltando devagar, entre os dedos polegar e indicador. Ele fica espantado como o modo com que faço o papagaio ir aonde quero...”. (p. 55-56).

 

            Em suas lembranças, enquanto o vento enche a tarde, vai recompondo na memória os nomes, os lugares, as personagens de uma longa e indestrutível história:

“... que começa no Largo de Santiago, que passa pela Praça da Alegria, que vinha para a Praça Deodoro e que ali nos encontrava, tão cheios de ânsia, de alegria e encanto... Do Largo de Santiago, vinha Aristides, que só empinava bodes e era quase imbatível nas lanceadas. Vinha também Zeca Barbosa, que só empinava jamantas, com sua dedeira bem grossa e preta, no dedo. Na Praça Deodoro estavam José Santos, Mário Gonçalves, Batatinha (que também gostava de empinar jamantas), Fernando Casal, que era empinador de bodes também. E ali aconteciam as lanceadas mais bonitas que a cidade já viu... Havia uma festa grande nos sábados e domingos, até com torneio de lanceada, com vencedores e tudo”. (p. 56).

 

             Outra arte desvendada era a do fabrico do rabo desses papagaios das tardes de sábado e domingos de outrora: tinha que ser feito de algodão – rabo de algodão!.

O papagaio está firme no ar, nas mãos pequenas e esperançosas de André. Mas o vento tem lufadas fortes e tenho que intervir para que ele possa brincar de dar sacalões, orientado por mim. Ainda não conseguiu, mas conhecendo as dificuldades, digo que está muito perto de conseguir emborcar e sentar o dedo, para fazê-lo descer de vez e só parar quando se der uma pancada de linha, para ele voltar e subir, sempre guinando ao vento.” (p. 58)


[1] SARNEY, Ivan. SÃO LUÍS, UMA CIDADE NO TEMPO – crônicas. São Luís: Minerva, 2007, p. 55-58

 

continua??? Peteca (bolinha de gude)

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Junho de 2009 às 18:58.

 

JOGOS TRADICIONAIS E BRINCADEIRAS INFANTIS  -

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - Parte V

PETECA

Gude: jogo infantil com bolinhas de vidro, que se deve fazer entrar em três buracos, ganhando o jogador que chegar em primeiro lugar, de volta ao primeiro buraco (Câmara Cascudo, 1972, p. 440-441).

No Maranhão, recebe o nome de Peteca: bolinha de gude; jogada no período de chuva, porque é mais fácil de fazer a borroca (buraco):

·        Borroca – jogado em número de três buracos, feitos com o calcanhar; jogo de ida e volta, para começar a matança. A peteca é jogada do primeiro para o terceiro buraco; não havendo distancia definida, mas usa-se aproximadamente 2 a 2,5 metros, de um para o outro; quem fica mais próximo da barroca, ou acerta-a, começa o jogo, indo e voltando e, após esse percurso, sem errar os buracos, começa a “matança”, isto é, acertar a peteca dos outros jogadores; dependendo do acerto entre os jogadores, antes do início do jogo, a “paulada” vale um certo número de “petecas”.

·        Triângulo – como o nome diz, usa-se a figura de um triângulo, para definir a área de matança. Os jogadores colocam certo número de petecas no seu interior; é estabelecido duas linhas, a aproximadamente 5 a 2 metros de distância, em lados opostos; os jogadores se posicionam em uma das linhas, jogam suas petecas para acertar a linha contrária, ou o mais próximo, possível desta, para determinar quem inicia o jogo; aqueles que a ultrapassem, ficam por ultimo, na mesma ordem inversa da distância; o primeiro, começa a “espirrar” a bola dos outros - acertar as petecas que estão no interior do triângulo, procurando projetá-las para fora das linhas, e ao mesmo tempo, que a sua não fique no seu interior – começando o “mata-mata” - pode continuar matando as bolas dos adversários, até errar ou tirar todas; ganha quem conseguir o maior número de petecas.

 

            Em “Marraio Feridô Sô Rei”, André Luiz Lacé Lopes[1], envereda pela literatura, deixando de lado seus artigos sobre a Capoeira carioca – que denomina de Capoeiragem[2] – de Sinhozinho e de Rudolf Hermanny[3]: Escreve o autor:

Meu fascínio pelo jogo de bola de gude, entretanto, não é tanto a sua feição agonística, de competição, de confronto, mas, sim, sua feição lúdica, de entretenimento, de fraternidade. Um passa-tempo próprio de uma idade que não percebe que a vida é demasiadamente curta... Marraio feridô sô rei!”. (p. 17)

            Esclarece Mestre Lacé – sim, é Mestre em Administração, curso feito nos Estados Unidos da América, mas seu título que mais lhe dá orgulho é o ser Mestre Capoeira... – que “Marraio feridô sô rei” trata-se de uma corruptela. A frase inicialmente seria ‘uma raio se ferir sou rei’. Sabia da explicação para esse ‘uma raio’, mas não consegue lembrar mais; recorreu aos meios de busca existentes – dicionários, folclore e até a Internet – para buscar as origens do jogo da bola de gude, especialmente as do seu Rio antigo. O jogo com bolinhas remonta as civilizações egípcias e romanas. Bolas feitas de mármore, alabastro, cerâmica, madeira e até ossos de animais:

“...É possível que o componente maior, mármore, tenha dado origem ao nome inglês cunhado para batizar essas bolinhas – Marbles (lascas de mármore). Há vários outros excelentes exemplos: 1. crianças que, na Grécia Antiga, jogavam com castanhas e azeitonas; 2. em Roma com nozes e avelãs; 3. em um túmulo de uma criança egípcia, foram encontradas bolinhas feitas de pedras polidas, jade e ágata, datadas de 1.450 a.C.; 4. o jogo era tão popular na Roma dos Césares, onde era conhecido como ‘esbothyn’, que o imperador César Augusto tinha o costume de para na rua para assistir às partidas; 5. acabou sendo difundido pelo Império pelas Legiões Romanas, ganhando, assim, o mundo. Jogo tipicamente infantil, percorreu os séculos chegando até os dias de hoje”. (p. 18)

 

            Mestre Lacé refere-se às regras de rua para o jogo de bolas de gude. O que vale é o palavreado, a oralidade. É importante perceber a exata hora de gritar: ‘Marraio feridô sô rei!’, que lhe dará a primazia de ser o último a jogar a bola na direção à linha de seleção, consequentemente, aumentando as chances de ‘tecar’, de ‘ferir’, de acertar a bola de algum outro companheiro que tenha jogado na sua frente. Caso toque, caso fira, aí sim, será o primeiro a jogar, da linha para o retângulo, quando terá a chance de voltar a tecar alguma bola ‘casada’ e, em seguida, tecar e ganhar o jogo, “O jogo da Vida!”. (p. 18-19). O capítulo I de seu livro de crônicas leva o título “Jogo de bola de gude – partidas à brinca e à vera!”. (p. 20-93).

            Voltemos ao Maranhão...


[1] LACÉ LOPES, André Luiz. MARRAIO FERIDÔ SÔ REI. Rio de Janeiro: Europa, 2007

 

[2] LACÉ LOPES. CAPOEIRAGEM. In DaCOSTA, Lamartine Pereira. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: Shape, 2005.

 

[3] LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO, NO BRASIL E NO MUNDO. 2ª. Ed., ver. e ampl.). Rio de Janeiro, 2005. (Liretatura de Cordel)

 

continua???

Por Alan Queiroz da Costa
em 29 de Junho de 2009 às 01:05.

Olá pessoal,

Com essa avalanche postada pelo Leopoldo de início (apresentada brilhantemente por sinal) fico até timido de tentra colocar algo!rsrsrss

Brincadeiras a parte, coincidentemente pesquisando sobre temas que estamos desenvolvendo na escola que trabalho, descobri uma campanha do jornal Folha de São Paulo chamado "Mapa do Brincar".

O interessante é que as crianças (até 12 anos) é que têm que enviar suas propostas e o próprio jornal já exige (meio que explicando) que "nao valem" os esportes.

O resultado ainda vai sair mas o link para acompanharmos já mando: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/mapadobrincar-inscricao.shtml

Como estou saindo de férias nessa semana, só volta a falar com vcs em agosto.

Abs a todos

A

Visitem: www.alanqcosta.com

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 30 de Junho de 2009 às 08:21.

Do Blog do Zartú Gilgio, no Portal Imitranteesporte.com, discussão que está rolando aqui no Maranhyão...

A cultura corporal em sua condição de expressão de prática espontânea pode ser compreendida como uma manifestação que “nasce” a partir de interesses individuais e/ou de grupos, seja na praça do bairro, no quintal da casa, na praia, nos becos, enfim…
Dizer algo sobre “jogar” descomprometidamente é uma missão que nos remete a algo como “abrir o portal das lembranças prazerosas de sua história de vida”.
Poderíamos classificar as práticas de atividades físicas ou dos jogos voluntários a partir do sentido que as(os) mesmas(os) exercem sobre quem as(os) pratica. Exemplificando: se algumas crianças se reúnem na rua e decidem jogar futebol, voleibol, ou brincar de “cancão”, ou de “peteca” (na região mais ao sul do Brasil essas brincadeiras são conhecidas como “amarelinha” e “bolinha”-de gude-, respectivamente), o fazem movidos por interesses descomprometidos em relação aos resultados. Mesmo que se possa expressar em números qualquer forma de resultado dessa prática, os mesmos (números) são efêmeros, sem sentido, pois, não serão importantes se comparados à própria prática. Sim, a prática é que, verdadeiramente, se constitui importante. O valor da mesma está implícito na ação e, subjetivamente “expressos” por sentimentos de prazer.
Sim, e aí? bem, se considerarmos os argumentos anteriores como pressupostos, seria possível estabelecer um contraponto com a competição esportiva. Pois bem, a lógica da competição esportiva pressupõe o resultado como parâmetro principal. O princípio é sempre comparativo e performático. Nesse sentido, a questão que “interessa” é: “quem foi o campeão?”.Ou seja, o “resto” não interessa. É óbvio, portanto, que a competição é seletiva, pois, exclui os “menos habilidosos” e, de certa forma, elitista, no sentido de que não permite o acesso de todos à determinadas práticas esportivas. Caracterizando melhor, quem posui acesso à prática de natação, ou de hipismo, ou, ou e ou…
Da mesma forma que distinguimos os sentidos das distintas manifestações, é fundamental que destaquemos a questão do direito ao acesso a ambas as formas de prática. Felizmente ainda não privatizaram as praças, becos e praias (por enquanto!).
Bem, o assunto requer inúmeras análises, para não se chegar a nenhuma decisão definitiva já que não é consensual e, portanto, certamente merecerá tantas outras “conversas” neste espaço. Até lá!

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 30 de Junho de 2009 às 08:23.

Ops, faltou o endereço... http://colunas.imirante.com/zartugiglio/2009/06/22/o-jogo-ludico-e-a-competicao-esportiva/#comment-28

podemos comentar aqui mesmo, ou la mesmo... dei algumas respostas ao Zartu... espero a frespostas dele as minhas respostas. vamos conversando...

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 30 de Junho de 2009 às 08:31.

  • Deixei esses comentários no Blog, que trago para cá... vamos ver no que dá... (ops, está rimando tudo, hoje, não está?)
  • 1 leopoldovaz:
    24 Junho, 2009 as 22:13

    Ao se indagar qual a importância do lúdico e do movimento no processo educacional, se quer saber qual é a importância das atividades que se realizavam no tempo do não-trabalho, pois é na prática das atividades lúdicas e do movimento - atividades recreativas e desportivas culturais - que o homem conforma seus pontos de vista, seus juízos, suas convicções. Durante a atividade desenvolve suas capacidades de homem, sua iniciativa, sua individualidade. É nela que se dá a assimilação das normas de vida em comum, com a aproximação dos jovens com a riqueza material e espiritual criadas pelas gerações precedentes.

    Leopoldo Gil
    desde o Recanto dos Vinhais
    rdsfdgf

  • 2 leopoldovaz:
    24 Junho, 2009 as 22:16

    Para BRACHT (1992), a materialidade corpórea foi historicamente construída e, portanto, existe uma cultura corporal, resultado de conhecimentos socialmente produzidos e historicamente acumulados pela humanidade. Já PEREIRA (1988) fala de uma cultura física como toda a parcela da cultura universal que envolve exercício físico, como a educação física, a ginástica, o treinamento desportivo, a recreação físico-ativa, a dança, etc. BETTI (1992) lembra que Noronha Feio já se referiu a uma cultura física como parte de uma cultura geral, que contempla as conquistas materiais e espirituais relacionadas com os interesses físico-culturais da sociedade. E KOFES (1985) afirma que o corpo é expressão da cultura, portanto cada cultura vai se expressar através de diferentes corpos, porque se expressa diferentemente enquanto cultura.

    Leopoldo Gil
    desde o Recanto dos Vinhais

  • 3 leopoldovaz:
    30 Junho, 2009 as 08:16

    Zartu
    Tenho pensado um pouco sobre ‘jogo ludico’. Qual jogo não é lúdico? se é jogo, só pode pertencer ao ‘luduns’! podemos discutrir o ‘agon’, mas não o ‘ludens’ quando se refere ao jogo, ‘play’, ‘deporte’, ’sport’, ‘deportare’… o brincar! o divertimento! jogo é isso: divertimento, portanto, lúdico.
    Mesmo o esporte, essa criação dos modernos, tem o seu caráter lúdico. Quantas vezes já ouvimos que tal, ou qual, jogador não rende mais, pois ‘perdeu a alegria de jogar”? jogo é isso: alegria! portanto, pertence ao espaço do lúdico.
    Sei, está “entre aspas’ reforçando? os termos ‘jogo’ e ‘lúdico’… seria ‘alegria de brincar’, ‘prazer de se divertir’, ‘brincar-brincar’. Vamos consultar - ou reler - Huizinga - Homo ludens…

  • Por Katia Brandão Cavalcanti
    em 30 de Junho de 2009 às 09:12.

    Cláudia, Leopoldo e demais participantes,

    Pretendo dar a minha contribuição pessoal tanto nos aspectos mais gerais da pesquisa, contando com o apoio do nosso grupo BACOR/UFRN, mas especificamente sobre o Jogo de Areia que temos nos dedicado a investigá-lo. Além disso, a abordagem psicanalítica para o jogo, para o brincar deverá ser um foco que  irei utilizar, pois estou fazendo formação em Psicanálise e descobrindo pontes entre diferentes abordagens para a ludicidade humana ao longo da vida. Que a poiética da vida possa nos inspirar! Katia

    Por Cláudia Bergo
    em 15 de Agosto de 2009 às 00:12.

    Se puderem, visitem e vamos trocar idéias:
    http://www.faberludens.com.br/pt-br/node/578

    Por Laercio Elias Pereira
    em 15 de Agosto de 2009 às 08:58.

    Opa, Cláudia,

      Vamos fazer um desses no CEV! Podemos usar o jeito que construimos a biblioteca de livros por Muzambinho, dando autoria de colaborador* a quem cadastrar jogo ou brincadeira. Laercio


    Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.