10 Anos do Congresso Brasileiro de Gestão do Esporte (2005-2019): Aspectos Organizacionais e Produção Científica
Por Ivan Furegato Moraes (Autor), Cacilda Mendes dos Santos Amara (Autor), Flávia da Cunha Bastos (Autor).
Em Revista de Gestão e Negócios do Esporte - RGNE v. 6, n 1, 2021.
Resumo
A décima edição do Congresso Brasileiro de Gestão do Esporte (CBGE) foi realizada pela Associação Brasileira de Gestão do Esporte (Abragesp) em 2019. Estudo sobre o CBGE, de 2011, concluiu que as pesquisas na área eram limitadas teórica e metodologicamente, com predominância de estudos descritivos sobre a realidade brasileira (Bastos et al., 2011). Mais recentemente, constatou-se novas temáticas, como Governança e Economia, e aumento no número total de trabalhos (Bastos, 2016), além da verificação de que as temáticas e a produção do conhecimento na área da Gestão do Esporte (GE) têm sido alvos de estudos internacionais (Love et al., 2020; Scelles, 2020). O objetivo da pesquisa foi caracterizar a organização científica dos 10 primeiros CBGEs e analisar a tendência de temática da produção científica apresentada nesses eventos. Trata-se de pesquisa exploratória, descritiva e bibliográfica. As informações foram obtidas nos Anais dos eventos disponibilizados no site do CBGE. Para assegurar maior confiabilidade nos critérios e na análise dos dados, foram realizadas reuniões de consenso entre os pesquisadores (Batista & Cunha, 2013). Foi realizada análise da organização científica através da análise estatística descritiva. Foram identificados 530 resumos publicados nos Anais e a amostra foi constituída por 216 resumos de comunicações orais selecionados a partir de critérios de exclusão. A análise temática foi realizada pelo processo de categorização (Creswell, 2007; Edwards & Skinner, 2009) por cada um dos pesquisadores isoladamente a partir de categorias à priori indicadas por Moraes, Amaral e Bastos (2021), além da criação de categorias à posteriori. Os resultados apontam que alguns congressos não possuíram temática central e houve diversidade das diretrizes científicas quanto aos temas de submissão e formatos de comunicação aceitos. Os meios e a forma de difusão foram diferentes nos Anais e o ponto positivo foi o registro de ISSN a partir do 4º CBGE. A maioria dos eventos ocorreu sob a coordenação de universidades/institutos públicos das regiões Sul/Sudeste em conformidade com a localização da maioria dos grupos de estudo em GE no país (Bastos, 2016). Houve prevalência de resumos com 2 autores, com destaque para resumos com 7 e 8 autores no ano de 2015 e aumento constante no número de trabalhos desde a primeira edição, quando só foram aceitos pôsteres. A classificação das temáticas das 216 comunicações orais resultou em 18 categorias: 11 a priori e 7 a posteriori. As categorias mais frequentes foram Marketing (21%), Gestão Geral de Organizações (12%), Eventos (10%) e Políticas Públicas (9%), presentes em no mínimo 88% das 9 edições. Conclui-se que há uma diversidade em termos da organização científica do CBGE, com constante atualização das temáticas, coerente com o desenvolvimento da área no âmbito internacional. No entanto, toda a diversidade e algumas das tendências da GE não estavam presentes. Como limitações, houve a dificuldade na identificação do formato de apresentação e a não padronização dos temas de submissão. A constatação de temáticas ainda incipientes na produção nacional pode apoiar decisões estratégicas da Abragesp. Como implicações práticas, as constatações podem contribuir para a normatização dos procedimentos científicos dos próximos CBGEs. Sugere-se estudos de acompanhamento da produção com base na normatização citada.