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O Blog do CEV publicou recentemente o texto “Atividade Física Pela Atividade Física Não Faz Sentido”, de autoria do Prof. Lino Castellani Filho. Para manter o diálogo na esfera Freudiana trazida pelo autor, confesso que cheguei a ficar atraído ao ler o título, mas ao chegar no texto, logo notei que estava muito mais para “contagem de calorias” do que para o “jogo da sedução”.

Ao invés de fazer o bom debate, com os estudiosos da atividade física que há décadas a tratam como muito mais do que “contagem de calorias”, o autor dialoga com um ser fictício, dissociado da realidade acadêmica da área de atividade física. Seria como discutir políticas públicas, a área de pesquisa do Prof. Lino, com meia dúzia de desatualizados da área. Ao fazer isso, o autor deslegitima a área de atividade física e saúde, como se estivesse ultrapassada, num exercício de projeção que Freud certamente explicaria.

A inatividade física causa 5,3 milhões de mortes por ano no mundo. Sua cadeia de determinantes inclui fatores contextuais, políticos, ambientais, interpessoais, só para citar alguns. Existem intervenções populacionais disponíveis, inclusive já aplicadas no Brasil, que promovem a saúde da população por meio da prática de atividades físicas. Ignorar esse debate, ou tentar restringi-lo a uma questão de nomenclatura, não faz o menor sentido.  

O crescimento da área de atividade física e saúde não deve ser encarado como uma ameaça. Cabe a outras subáreas da Educação Física, algumas em situação bastante fragilizada no momento, organizarem-se da mesma maneira, nivelando o debate por cima. O debate raso e magoado pouco contribui para o avanço da Educação Física no Brasil.