3. O Que Faz Sentido?
Por Fabio F. B. de Carvalho (Autor), Victor José M. de Oliveira (Autor).
Integra
Buscando dialogar com o debate posto nos parece pertinente indagar: o que, então, faz sentido? Concordamos que a atividade física, por si, pode não fazer sentido, assim como concordamos com a sua potencialidade para reduzir a morbimortalidade por diferentes condições crônicas de saúde.
A crítica sobre a atividade física exclusivamente focada no gasto energético foi essencial e nos ajudou a ampliar as percepções sobre alguns reducionismos. A partir daí faz sentido, tomando por empréstimo a expressão de Zygmunt Bauman, colocarmos que a crítica, atualmente, quando não afeta a agenda posta acaba por ser “desdentada”.
Faz mais sentido ainda indagar: como podemos observar os fenômenos das práticas corporais e atividades físicas sob abordagens multidisciplinares e teóricas e, assim, fortalecer a área? Por isso, optamos por compreender as práticas corporais e atividades físicas como complementares e importantes para a promoção da saúde e produção do cuidado, na amplitude e complexidade que tais conceitos abarcam.
Entendendo, porém, as disputas que ocorrem num campo de conhecimentos e práticas, mas, que precisam ser colocadas no sentido dialético para o avanço da área. Na Educação Física, por meio da aproximação com a Saúde Coletiva, inicialmente com a epidemiologia e, posteriormente, com as ciências sociais e humanas e com a política e planejamento, há iniciativas de buscar e problematizar possíveis interseções entre distintas perspectivas.
Assim, se a saúde é muito mais do que os benefícios biológicos das práticas corporais e atividades físicas, ela também o é maior que o estabelecimento da crítica “desdentada”. Logo, assim como o sedentarismo/ inatividade física deve ter o devido destaque, os mesmos não permitem abordagens que desconsideram os condicionantes e determinantes da saúde relacionados. Com essa postura, excluímos interpretações simplistas que individualizam a questão exclusivamente nos sujeitos, suas vontades, seu esforço.
Enfim, contribuindo com o importante debate colocado, acreditamos que faz sentido que as áreas das Políticas Públicas e a de Atividade Física e Saúde sejam fortalecidas, pois acreditamos que isso permitirá pensar e propor, entre outras coisas, formas de enfrentamento do trabalho precarizado, por meio da ideologia do empreendedorismo, o qual no que é relacionado à Educação Física e às práticas corporais e atividades físicas, por exemplo, tem levado trabalhadores/as a rotinas diárias fisicamente exaustivas, se afastando do que defendemos ser tais práticas como saúde, lazer, fruição, ou seja, um direito.