Resumo
Resumo: Este estudo visou compreender os 30 anos do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Para cumprir tal intento estabeleceu dois objetivos: o primeiro, de compreender a sua história em compasso com a constituição acadêmica da Educação Física; e o segundo, de compreender como determinada perspectiva da Educação Física chega à direção do CBCE, num processo de construção de hegemonia, se torna predominante somente na entidade, o que a coloca numa posição contra-hegemônica em seu campo em geral. Como os termos indicam, partimos de alguns indicativos teórico-metodológicos desenvolvidos por Antônio Gramsci, a saber, a formação de uma teoria ampliada do Estado em que a luta por hegemonia através dos aparelhos privados situados na sociedade civil ganha central vitalidade. Desse modo, entendemos que o CBCE se constituiu em sua história num aparelho privado de hegemonia, mas que não manteve sempre a defesa da mesma hegemonia. Ou seja, na medida em que passa a se constituir com o avanço da qualificação da Educação Física, especialmente, em seu segmento acadêmico, ganha novos contornos distintos dos da sua fundação que expressavam determinada hegemonia não colidente com a sociedade estabelecida. Assim, o CBCE passa a defender e agir como um aparelho privado de hegemonia de forma contra-hegemônica, uma vez que é constituído por intelectuais e por uma programática progressista característica de uma perspectiva da Educação Física. No entanto, mesmo a hegemonia consolidada por dentro da entidade, de tempos em tempos, vai sendo questionada e se tornando matizada, à medida que a entidade vai sofrendo os impactos da área acadêmica e prático-interventiva da Educação Física. Tal fato pode ser notado na contemporaneidade a partir do neotecnicismo, do neoliberalismo e a ambiência pós-moderna. Concluí-se que a resposta a ser dada pela entidade para que continue ativa na contra-hegemonia dependerá da capacidade de seus intelectuais orgânicos organizados em meio ao produtivismo acadêmico, somada à articulação das instâncias constitutivas da entidade - o elo entre o político e o científico -, num processo de expansão demográfico-territorial e fortalecimento crítico