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“A única constante no universo é a mudança”, ouvi recentemente o que disse Heráclito há dois milênios. Faz sentido. Mudamos constantemente ao longo dos tempos – não necessariamente evoluímos, pois, evolução implica em melhora e nem todas as mudanças são para melhor. No caso do homo sapiens, por dois milhões de anos mudamos de forma muito lenta, até que os avanços científicos por volta do século XV alteraram a velocidade desse processo. Da renascença nas artes e nas ciências, passando pela revolução industrial, até o avanço científico-tecnológico no século XX, percebeu-se um claro e crescente descompasso entre nossa evolução biológica, o meio ambiente e o mundo de consumo e vida que a tecnologia proporciona.

Hoje somos muitos (mais de 8 bilhões), vivemos muito mais que há algumas décadas (uma menina que nasça hoje em Santa Catarina temexpectativa de vida acima de 80 anos), e, mais relevante que tudo, temos o poder de destruir nosso próprio planeta. Dizem que após o advento da era nuclear entramos na era geológica denominada Antropoceno. De fato, se não mudarmos urgentemente nossas atitudes e nossas ações, mesmo sem usar bombas nucleares, podemos destruir a nossa casa, como já acontece com o aquecimento global. Mudamos constantemente e cada vez mais rapidamente, mas não necessariamente evoluímos.

Queimamos a mata, poluímos água e ar, consumimos muito mais que oplaneta tem a oferecer de forma sustentável, vemos aumentar muito as desigualdades, crescer a intolerância, diminuir a significância da vida humana. Mas não é sem volta esse processo. Há esperança se agirmos coletivamente, a partir da educação de qualidade para nossas crianças e jovens, da atenção universal à saúde, da valorização do bem viver sobre o consumo desenfreado e o lucro. Solidariedade é a chave! Portanto, mais que adaptar-se para sobreviver, deve-se preservar o que o planeta nos oferece e resistir às mudanças que não representam evolução.
Grande abraço.

Markus Nahas