Resumo

Artigo para o Jornal O Imparcial, nos seus 80 anos, resgatando a memoria do esporte no Maranhão registrado naquele jornal nesse periodo.

Integra

~~Neste ano de 2006, o Jornal “O Imparcial” completa seus 80 anos de existência. Seu chefe de redação, jornalista Raimundo Borges, solicitou-me uma memória do esporte no Maranhão nesses 80 anos ...
Pois bem, para falar sobre “esporte”, necessário se faz, primeiro, esclarecer o que se deve entender como tal. Esporte é um fenômeno ou forma de manifestação de nossa vida cotidiana sobre a qual se discute muito, mas que é mal interpretado. A palavra provém do verbo latino 'deportare', distrair-se, e logo se substantivou em francês e inglês na forma 'desport' ou 'sport', o que significa “diversão”.
Já no Atlas do Esporte no Brasil (2005), é definido como “todas as formas de atividades físicas que, por meio de participação casual ou organizada objetivam expressar ou promover a forma física e o bem estar mental, formando relações sociais ou obtendo resultados em competições de todos os níveis”.
Nesse mesmo Atlas (Leopoldo Gil Dulcio Vaz, 2005, p. 51), São Luís do Maranhão aparece como um cluster de natureza econômica, com conseqüências sociais e esportivas, que repercutiu até a década de 1950, que marca o término da era têxtil de São Luís e a decadência de seu porto. Mas tal retrocesso teve sua primeira sinalização com o fechamento do Clube Euterpe Maranhense, em 1910, uma associação da elite social e econômica da cidade, que tinha os jogos e esportes como sua principal atividade. A partir deste evento, o esporte foi deixando progressivamente de ser uma atividade de um pequeno grupo de pessoas abastadas e se popularizou, ajustando-se a uma tendência de ordem nacional.
A definição do cluster esportivo de São Luiz refere-se, assim sendo, à geração de um pólo de influência sócio-econômica que deu surgimento a uma variedade de práticas esportivas de lazer e de competição. Os clubes que ofertavam estas atividades foram sempre importantes na cidade mas restritos em participação e sujeitos as oscilações e crises. Contudo, foram manifestações similares às que ocorriam na mesma época no Rio de Janeiro e São Paulo – então os centros urbanos de maior importância do Brasil -, embora em menores proporções e notoriedade.

ANTECEDENTES
O jogo da argolinha é a primeira manifestação recreativa-esportiva com registro histórico relacionado à cidade de São Luís (1679). Em outras fontes há menção a uma “Casa de Instrução e Recreio” do século 18, que os jesuítas mantinham, nos arrabaldes da cidade – hoje Bairro da Madre Deus –, destinada às recreações dos alunos do Colégio Máximo.
Em 1817, aparece na cidade o bilhar francês; a partir de 1902, com campeonatos e torneios, no Café Richie; no Clube Euterpe Maranhense, fundado em 1904; e no Fabril Atletic Clube – FAC, fundado em 1907, já no auge do pólo algodoeiro e portuário de São Luis. E em 1827, o Jogo da Péla (que daria origem ao law tennis e ao squash)
É do ano de 1841 anúncio de uma apresentação de Ginástica (sic) no Teatro de São Luís, por um discípulo de Amóros – líder do movimento em prol da Educação Física na França - , Mister Willis, e um seu auxiliar.
A Educação Física tem seu aparecimento em 1844, com a fundação do primeiro colégio feminino de São Luiz, pela fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro Abranches - conhecido como o Colégio das Abranches - juntamente com sua filha Amância Leonor que se tornou pretensamente a primeira professora desta atividade educacional no Brasil.
Com a criação da Escola de Aprendizes Marinheiros na cidade, em 1861, a esgrima passa a fazer parte da instrução militar dos alunos, embora praticada desde 1829 por manifestações eventuais. Posteriormente, após1907, os Aprendizes Marinheiros costumavam se apresentar nos eventos esportivos promovidos pelo FAC que incluíam futebol e combates com armas brancas (baioneta, espada, florete).   
Em 1870, na casa da família Abranches, foi montada uma academia de ginástica, com pesos, onde os companheiros do Liceu de Dunshe de Abranches iam se exercitar. A partir de fins dos anos de 1880 a elite maranhense passa a praticar a ginástica sueca.
Em 9 de agosto de 1881, houve uma primeira tentativa de implantar o Turfe, pelo comerciante inglês Septimus Summer, fundador do “Racing Club Maranhense”. Esse clube durou até dezembro daquele ano. Em janeiro de 1893, por iniciativa de Virgílio Albuquerque, no bairro do João Paulo, ergueu-se o Prado Maranhense. Decorridas dez programações, foi realizada a última corrida a 28 de maio de 1893. Nova tentativa, sem sucesso, só nos anos 1950.

OS 1900
Os "sportmen" de São Luiz implantam o remo na cidade, utilizando-se dos rios Anil e Bacanga. É fundado o "Clube de Regatas Maranhense", por Alexandre Collares Moreira Nina. Sua pratica, com alguma dificuldade, sobreviveu até 1929. Ainda neste ano, uma outra modalidade começa a ter suas primeiras manifestações, o ciclismo
1907 é o ano que marca a culminância da prática esportiva em São Luiz, por influência dos jovens portadores de "idéias novas", filhos de uma elite industrial local em conjunto com empregados das diversas companhias inglesas instaladas na cidade. Entre estes se destacou Joaquim Moreira Alves dos Santos - Nhosinho Santos – que estudou na Inglaterra, e retornando em 1905, trouxe diversos implementos para a prática dos esportes; assumindo a direção técnica da fábrica têxtil da família, fundou o Fabril Athletic Club - FAC. Nhozinho Santos introduziu em São Luiz o foot-ball association, o atletismo, o cricket, o crockt, e reabilitou law tennis local.

DÉCADA DE 1910
Desaparece o hábito de repousar nos fins de semana, substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. A "gymnástica" e a esgrima eram praticadas pelas elites, que contratavam aulas particulares, conforme se depreende de anúncios publicados nos jornais. Antes deste estágio, o Clube Euterpe já difundia outras atividades esportivas, como tiro ao alvo (sic), tênis, tênis de mesa (ping-pong), etc.
Também no ano marco de 1910, Miguel Hoerhan começa a prestar seus serviços como professor de Educação Física da Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, e em diversas escolas estaduais e municipais. Ele funda também o Club Ginástico Maranhense que foi o pioneiro do boxe no Estado do Maranhão.
É ainda nesse ano que o esporte maranhense experimenta a primeira de suas inúmeras crises: alguns sócios do FAC se desentendem e se afastam, fundando novas agremiações. Gentil Braga funda diversas equipes de futebol, para a população pobre e no final da década, cria a “Liga dos Pés Descalços” - reunindo os clubes que praticavam o esporte nas ruas e praças de São Luís.
Em 2 de setembro de 1910, o ciclismo já existente na cidade, ganha impulso pela fundação da "União Velocipédica Maranhense", com seu velódromo instalado no Tívoli (hoje, Bairro dos Remédios). Como de outras tentativas de introdução de uma modalidade esportiva, durou pouco, até o final dos anos 20.
1915 - Surge a figura do cônsul inglês Charles Clissold, que se junta aos dirigentes do FAC, e passa a incentivar a prática de vários esportes. O clube revive seus grandes dias sendo oferecidas várias modalidades em atletismo, como salto em altura simples, com vara, distância; corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos; lançamento de peso, de disco, do martelo; além de tênis; placekick (pontapé na bola, colocando-a na maior distância); cricket; crockt; ping-pong (tênis de mesa); bilhar; luta de tração, etc.

DÉCADA DE 1920
Os maranhenses começavam a compreender o verdadeiro desenvolvimento não só o intelecto, mas também o físico, através da prática do esporte, com o futebol servindo como o elemento aglutinador da juventude. Os clubes começam a surgir, tornando-se cada vez mais chic e atraindo a atenção das senhoritas. O foot-ball deixava de ser uma coisa bruta. O Maranhão contava já com nove clubes constituídos oficialmente. É da “Liga dos Pés Descalços” que surgem os atuais clubes de futebol, como o Sampaio Corrêa Futebol Clube, fundado em 1922/23, o Maranhão Atlético Clube em 1932 e posteriormente, o Moto Clube de São Luís.
O movimento popular de futebol põe-se em oposição à Liga Maranhense de Futebol (fundada em 1917) que reunia os clubes das elites – dos industriais e comerciantes estrangeiros, especialmente ingleses -, pois a população, de um modo geral, não participava dessas atividades.  A base de suporte deste movimento liderado por Gentil Braga deslocou-se para um clube denominado de Onze Maranhense (fundado em 1911) que, além do futebol, antes desenvolvera outras atividades esportivas: tênis, crocket, basquetebol, bilhar, boliche, ping-pong e o xadrez. O futebol acabou por predominar e surgiram várias equipes de competição.
Portanto, os anos de 1920 podem ser considerados de transição com o esporte e o lazer deslocando-se de seu cluster relacionado à elite industrial para grupos menos abonados da cidade e mais dispersos em hábitos e interesses.
É provável que já na década de 20 o Voleibol fosse praticado nas praias de São Luís, pois SIMÃO FÉLIX - maranhense de Grajaú, onde nasceu em 3 de maio de 1908 e foi um dos um dos grandes atletas do passado, além do futebol praticava basquetebol, voleibol, motociclismo, natação, remo, e muitas outras modalidades. SIMÃO FÉLIX é nome que merece ser destacado como autor de feitos magníficos no passado no terreno esportivo, que chegou a ser perfeito dada a grande quantidade de esportes que praticou e vitórias soberbas que conseguiu alcançar. Maranhense de Grajaú, onde nasceu em 3 de maio de 1908, praticou o futebol, o basquetebol, voleibol, motociclismo, natação, remo, atletismo e muitas outras modalidades. Era um autêntico campeão. Deixou de praticar o basquete e o vôlei em 1947, quando figurou na equipe do Pif-Paf, num campeonato interno organizado pelo Moto Clube. O crack praticou também o Box, tendo disputado uma luta no Éden contra um pugilista cearense. Era louco por corrida de bicicleta e motocicleta, como também a pé, demonstrando sempre muita resistência. No lançamento do peso, do disco e do dardo, era bamba o mesmo acontecendo nos 100 metros, e no salto em extensão.
Outro nome que lembra-nos a glória do esporte maranhense em nosso passado recente, foi VALÉRIO MONTEIRO, nascido em Alcântara no dia 1º de abril de 1901. Aos seis anos veio para a capital. Morando numa vivenda à rua Jacinto Maia, defronte ao antigo Gazômetro, dando suas fugidas para as peladas da Praia do Caju, onde existia, na época, uma verdadeira escola de futebol - a "Universidade Futebolística da Praia do Caju". Após um grande período em que o futebol maranhense viveu em abandono, Valério aparece no Sírio como diretor, jogador de futebol e astro do basquete e vôlei.
É nesse cenário – final dos anos 20 e anos 30 – que surge talvez o maior dos “sportman” maranhense - RAIMUNDO ROCHA. A sua biografia esportiva dá-nos idéia de como foram aqueles primeiros tempos, após a inauguração do futebol e a introdução dos esportes modernos em Maranhão, e a fundação da Associação Maranhense de Esportes Amadores - A.M.E.A -. DICO - como era conhecido - nasceu em 11 de fevereiro de 1903, em Barro Vermelho, município de Viana; ainda pequeno veio para São Luís, vindo a residir na Rua da Manga, 46. Além de ter sido campeão várias vezes como futebolista, alcançou outros títulos sugestivos como campeão regional de Atletismo, Voleibol, Basquetebol, etc.: era um atleta completo. Em toda a sua carreira esportiva, ganhou 48 medalhas, sendo 35 de ouro: em futebol; corrida rústica; provas de velocidade; salto com vara; arremesso do peso; lançamento de dardo; lançamento de disco; vôlei; basquete; e boxe. Encerrou a carreira como árbitro de futebol.
O voleibol, em São Luís, já era bastante praticado na década de 30, como lembra o Sr. GLACYMAR RIBEIRO MARQUES. Chegando na cidade em 1937, passou a jogar voleibol no Colégio de São Luiz, participando das Olimpíadas Intercolegiais, ao lado de Rubem Goulart; Alexandre Costa (senador, já falecido); José Carlos Coutinho (coronel do exército); coronel José Paiva, e Raimundinho Vieira da Silva (ex-deputado, suplente de Senador, presidente do grupo de comunicações Vieira da Silva).
Em 1937, já existia o Grêmio 8 de Maio, e sua equipe era formada por Zé Rosa,  Manolo, Zé Heitor Martins, Reinaldo Nova Costa, Raposo, Rubem Goulart, Paulo Meireles, Zé Carvalho, Zé Meireles.
O GREMIO “8 DE MAIO” é fundado em 1931, por estudantes do Liceu Maranhense, liderados por Tarcísio Tupinambá Gomes. Como entidade representativa dos estudantes junto à direção do Liceu, foi um fracasso, por falta de interesse da rapaziada, que só queria se divertir. Mas os outros fundadores, dentre eles Paulino Rodrigues de Carvalho Neto e Dílio Carvalho Lima resolveram levar o Grêmio para o esporte, com o intuito de jogar Voleibol, pois as opções de esportes para os jovens da época eram, além do futebol, o voleibol.  O pessoal do “8 de Maio” também se envolvia com o Basquetebol.
O grupo representou o Maranhão em um Campeonato Brasileiro de Basquete disputado em Belém do Pará em 1938; viajaram de navio. Paulino largou tudo em 1942, deixando o Grêmio “8 de Maio” para a nova geração, liderada por Rubem Goulart e Zé Rosa...
Para a prática da natação, a primeira piscina foi a construída – provavelmente – nos meados dos anos de 1920, no Genipapeiro e servia de local de recreação para os jovens esportistas da época, como Simão Félix, um dos construtores. Depois, só na década de 50, em algumas casas particulares.
SOBRE O SAMPAIO CORRÊA FUTEBOL CLUBE
VITAL FREITAS nasceu em São Luís e começou a bater bola no campo da Igreja São Pantaleão, contra os times do catecismo do Desterro, Conceição, Carmo, Sé e outras igrejas. Depois, Vital passou a atuar no quintal de Chico Rocha, no Apicum e num terreno de Manduca, à rua do Outeiro, onde nasceu o Sampaio Corrêa. Nos campos da Camboa, Madre Deus, Quinta do Barão, Praça da Alegria, Largo de Santiago, Praça Clodomir Cardoso, ele aperfeiçoou a sua "chuteira" !... e tinha como parceiros naqueles tempos, os cracks Manoel Beleza, Nhá Bá, Virador, Inácio Coxo, Pedro Gojoba, Daniel Rocha, Nemézio, Zé Novais, Valdemar Sá, Coelho, Paulo Lobo, Antônio Benfica e outros.
Esses elementos, sob a orientação de Vital e Natalino Cruz, fundaram o Sampaio Corrêa em 1923 (SIC), inspirados pelo grande feito do aviador patrício Pinto Martins que, com Valter Hilton, fez o "raid" das duas Américas num hidroavião que tinha o nome de "Sampaio Corrêa II". Vital Freitas sentiu-se bem em ter oferecido a primeira camisa em que o esquadrão "boliviano" envergou no retângulo de grama e que tinha a gola verde, todo o corpo amarelo e uma bola vermelha no peito esquerdo.
O Sampaio Corrêa estreou em uma partida contra o Luso Brasileiro, à época o líder invicto do futebol maranhense. Foi árbitro o veterano Antero Novais e o Sampaio venceu por 1 x 0.
Além de diretor do Sampaio, Vital foi árbitro da AMEA, da qual foi fundador juntamente com Guilhonzinho Coelho e Antônio Carneiro Maia, tendo trabalhado para a fundação do Moto Clube, ao lado de Vítor Santos.
Outro que participou da fundação do Sampaio Correa foi Jaime Damião da Costa – MASSARIQUINHO -nascido em São Luís no dia 12 de fevereiro de 1906. Começou a jogar bola no 18 de Novembro, de Alfredo da Bateria, equipe do Gazômetro, e contava com o concurso de Paulo Melado e João Canhoteiro; depois, Jaime ingressa no Leãozinho F.C. No dia em que fundaram o Sampaio Corrêa, na casa de Inácio Coxo, na Praça da Alegria, Jaime estava presente, sendo sócio-fundador do tricolor de São Pantaleão. No dia da estréia do Sampaio, compareceu ao campo, mas com a camisa do Leãozinho para jogar contra o Iole, na preliminar - não era bom o suficiente para jogar no clube que ajudara a fundar -; Inácio Coxo, Rochinha, Vítor, João Catá, Nhá Bá e Teodorico também jogaram pelo Leãozinho e venceram por 1 x 0, gol de Jaime. O Sampaio, jogando contra o Luso, também venceu por 1 x 0 e formou com Rato; Zénovais e João Ferreira; Rui Bride, Chico Bola e Raiol; Tunilinga, Mundiquinho, Zezico, Lobo e João Macaco. Jaime só estreou no Sampaio em 1928, contra o Tupan - 7 x 4 para o Sampaio. Prosseguiu com sua jornada no Sampaio até 1937, sendo campeão em 28 e 29; vice em 30 e 31; campeão em 32, 33 e 34; vice em 35. Em 36, não houve campeonato na cidade, devido a uma dissidência. Em 1937, está no MAC, sagrando-se campeão; 38, vice-campeão - o título foi do Tupan -; em 1939, volta para o Sampaio, sagrando-se campeão nesse ano e em 1940; vice em 41; campeão em 41 e vice em 43, ano em que o Moto Clube alcançou o ponto máximo pela primeira vez. Jaime formou na seleção maranhense de 1930 a 1941, sempre com boa atuação, não sendo "barrado" uma vez sequer.
Outro atleta de destaque, que nos dá uma idéia de como surgiam os grandes valores do esporte no passado, especialmente do que podemos chamar de "Liga dos Pés Descalços" - as pequenas agremiações que surgiam da vontade de um grupo de garotos em praticar algum esporte - foi PAULO MELADO, como era conhecido Paulo Silva. Nasceu em São Luís em 10 de janeiro de 1912, na rua do Machado, próximo à Praia do Caju. Começou a jogar futebol no corredor da "Pacotilha", ao lado de Badico e outros veteranos. O corredor da "Pacotilha" não era um campo de futebol, pois era muito estreito e servia apenas para as clássicas partidas de bola de meia. O Leãozinho F. C. da rua Afonso Pena foi o primeiro clube de Paulo Melado; era dirigido por Carlos Moreira e eram seus companheiros: Tunico (irmão de Mourãozinho), Lúcio, Eusébio e outros. Depois do Leãozinho, foi para o Tupi, disputar a primeira divisão da antiga AMEA. Sentiu os efeitos da mudança, pois quando jogava no Leãozinho, as traves tinham apenas 4 metros de largura e uns 2 metros de altura. Entretanto, aos poucos foi se acostumando aos 7 metros - era goleiro - e se tornou ídolo da família 'indígena'. Nessa época, jogavam pelo Tupy: Driblador, Pé de Remo, Café, Cação, João Pretinho e outros. Foram vice-campeões da cidade. Em 1928, transferiu-se para o Vasco da Gama, jogando ao lado de Cecílio, Neófito, Massaricão, João Pretinho, até 1931, quando recebeu convite de Carneiro Maia e foi para o América. Por três anos seguidos foram vice-campeões da cidade: Paulo Melado (gol); Raiol e Grajaú; João Franco, Neófito e Vicente Rego; Santana, Papacina, Veríssimo, Cristóvão e Corea. Em 1934, estava convocado para a seleção maranhense e em 1935, passa para o Sírio Brasileiro, jogando até a sua extinção. Em 1938, após uma passagem pelo Itapecurú - tem uma desilusão amorosa e volta para São Luís, vindo a integrar o quadro do Sampaio Corrêa. Após algumas partidas, transfere-se para Teresina. Em 1941, estava de volta, desta vez para jogar no Moto Clube, formando ao lado de Zezico, Juba, 91, Clímaco, Mojoba, Barata, Mourão, Brandão, Aderson, Valter e outros; o técnico, era o tenente José Ribamar Raposo.
Francisco Tavares - o CHICO BOLA - nasceu em São Luís, à rua do Passeio, no dia 3 de dezembro de 1903. Fã do Sampaio Corrêa, daqueles que gritam em campo quando seu time é prejudicado, começou a bater bola em 1918, no Largo de São Pantaleão, no terreno onde hoje se ergue a Maternidade, ao lado de Zizico e Tutrubinga. O primeiro clube organizado de que participou foi o Cruz Vermelha, do dr. Hamelete Godois, onde jogava no ataque. Depois, ingressou no Oriente, um clube da 2ª Divisão, de Almir Vasconcelos; seu bairro passou a ser, então, o Santiago. Afastou-se por algum tempo do futebol, quando o Oriente foi extinto, retornando para jogar no Sampaio, levado por Almir Vasconcelos, em 1925. Os colegas de bola eram, nessa época, Zé Ferreira, Munduquinha. Lobo, Raiol, Novais, e outros. Em 1926, deixou a Bolívia transferindo-se para o Luso, onde foi campeão em 1926 e 27.

DÉCADA DE 1930
Consolidou-se o futebol no Maranhão, com o surgimento de vários clubes, como o Moto Clube de São Luís. Esta associação foi fundada em 1937, por César Abboud, industrial que adquirira a fábrica da família de Nhozinho Santos, utilizando-se das instalações do FAC. Anteriormente foram fundados o Maranhão Atlético Clube (1932) e a Sociedade Esportiva Tupã, clubes de notoriedade local. O basquetebol surgiu com suas próprias equipes e campeonatos; o voleibol expandiu-se na mesma década a partir das praias da cidade; e o motociclismo teve com ponto de partida a fundação do Ciclo Moto Clube de São Luís; finalmente, Durval Paraíso, praticante do Jiu-Jitsu, introduz o Judô.

A FUNDAÇÃO DO MARANHÃO ATLÉTICO CLUBE - MAC
FILESMON GUTERRES é natural de Santo Antônio, município de Pinheiro, onde nasceu em 22 de novembro de 1909. Seu primeiro clube foi o Red and White, da cidade de Pinheiro. Quando tinha 17 anos de idade, veio para São Luís procurar trabalho e estudar. Passou a morar no Beco da Lapa, 55, na casa de Josimo Carvalho. Após dois meses em São Luís, foi levado por João Baueres para o Sírio Brasileiro. Sua primeira partida foi contra o Luso Brasileiro, de Newton Belo, Chico Bola, Guilhon, Amintas Guterres, Balduíno; enquanto o Sírio contou com Augusto, Fuá (Fuad ?) e Simão Félix; César Aboud, Filemon e Nariz; Sílvio Tavares, Jaime, Pires de Castro e Eupídio. Em 1932, abandonou o Sírio, devido a um aborrecimento e juntamente com outros colegas, fundaram o Maranhão Atlético Clube. O caso é que o sr, Jurandir Sousa Ramos queria mudar o nome do Sírio e muitos associados não concordaram. Em conseqüência, 86 sócios do grêmio da colônia síria abandonaram o citado esquadrão e fundaram o MAC.

MOTO CLUBE DE SÃO LUÍS
Fundado em 13 de setembro de 1937, por um grupo de amigos, amantes do motociclismo. Dentre estes, estava JOÃO ELIAS MOUCHREK, que além do motociclismo, praticava ainda futebol, atletismo, basquetebol, voleibol, e boxe. João Elias viu nascer o Sampaio Corrêa Futebol Clube, em 1922 (sic). Naquela época, os times eram o Luso-Brasileiro, Fênix, Fabril, Sírio-Brasileiro, Tupan, Tupi e Santa Cruz. Admirava o Sírio-Brasileiro, desfeito em 1919. Um grupo do Sírio fundou o Maranhão Atlético Clube – MAC -, em 1932. Comprou uma moto importada – pois não havia nacionais – e passou a fazer parte do grupo de privilegiados que se exibiam pelas ruas de São Luís, no trajeto da Praça Gonçalves Dias rumo à Beira-Mar e outras ruas do centro. Esses motociclistas – Simão Félix, Jaime Pires Neves, os irmãos Nagib, Emilio e João Mouchrek, Vitor, José e Raimundo Serejo, os professores Ambrósio e Newton Pavão, Alberto Aboud, Zé Mamá, João Lélis dos Santos (João Águia) – fundaram o Moto Clube de São Luís. Um ano depois (1938) fundaram o Departamento de Futebol. Desse ano, até 1943, o Moto não conquistou nenhum título no futebol; em 1938, o campeão foi o Tupan; em 39, o MAC, em 40, Sampaio Corrêa; 41, Mac; 42, Sampaio, 43, MAC. Em 1944, César Aboud resolver investir no clube, contratando o Uruguaio Comitante para dirigir a equipe. Foram sete títulos seguidos – 44 a 50 – e mais o título de Papão do Norte, quando derrotou todos os adversários da região, em 1947.  
Outro astro foi JAIME PIRES NEVES, natural de Pindaré-Mirim (antigo Engenho Central). Viveu dos três aos 17 anos na Europa - Espanha, depois Portugal, onde estudou e aprendeu a jogar futebol. Aos 18 anos, vamos encontrá-lo em São Luís passando a jogar pelo Materwel, grêmio interno do MAC. No dia 13 de setembro de 1937, Jaime participou da fundação do Moto Clube de São Luís, passando a ser sócio e atleta do clube das motocicletas. Estreou o Moto em campos oficiais, jogando contra o MAC, com o placar de 2 x 2. Ainda jogou até 1941, quando César Aboud começou a contratar jogadores para o seu onze ...

DÉCADA DE 1940 – A DÉCADA DOS “ERRES”
Fase da culminância do futebol já popularizado no Maranhão, com seus clubes destacando-se nacionalmente e revelando jogadores para as principais equipes do sul, inclusive para a seleção nacional. Deste período em diante, o esporte maranhense passa a ser compreendido pela cultura regional e nacional em suas essencialidades.
Em 1942, tem início a implantação efetiva da Educação Física escolar em São Luís.Nesse ano, o Governo Federal distribui bolsas para a recém criada Escola Nacional de Educação Física e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana, convidou o jovem médico ALFREDO DUAILIBE para cursar especialização em Medicina Desportiva Ao regressar de seu curso de especialização (1943), o Interventor Paulo Ramos nomeou o Dr. Alfredo Duailibe para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública, propondo ao Prof. LUIZ RÊGO, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física". Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas... 
Juntamente com o dr. Alfredo, foram Rubem Goulart, MARY SANTOS, Maria Dourado e Lenir Ferreira para cursar Educação Física. Um ano antes, o hoje Coronel PM reformado, EURÍPEDES BERNARDINO BEZERRA fora para a Escola de Educação Física do Exército fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física.
O Prof. DIMAS, como é conhecido Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo, chega a São Luís em 1944, para estudar. Vem a se tornar, anos mais tarde, um dos maiores nomes da Educação Física Maranhense. Vai se juntar, na década de 50, àqueles jovens da “geração de 53”, e a partir da década de 70, passa a trabalhar com Cláudio Vaz na implantação dos Jogos Escolares Maranhenses...
O ano de 1946 foi considerado o de maior destaque para os esportes maranhenses, em especial, para o Futebol, com os clubes locais ganhando inúmeras partidas por esse Brasil todo - Ceará, Belém, Recife, assim como de clubes de outras partes, quando vinham para São Luís, se apresentar, sofriam derrotas sem explicação, como aconteceu com o Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo ...
Também no Basquetebol o Maranhão teve destaque em toda a região norte-nordeste, assim como no Voleibol e alguns atletas apareceram no Atletismo... dentre os principais atletas temos os do “Clube dos Erres”: Rinaldi, Ronald, Rubem, Raul:
RINALDI LASSALVIA LAULETA MAIA, nascido São Luís do Maranhão no dia 05 de fevereiro de 1914, filho de Vicente de Deus Saraiva Maia e de Júlia Lauleta Maia; iniciou sua carreira esportiva como crack de futebol, no América - clube formado por garotos do 2º ano do ginásio, e que praticava o "futebol com os pés descalços". Em 1939, o jovem atleta já era jogador do Liceu Maranhense, sagrando-se bi-campeão estudantil invicto, nos anos de 1941 e 1942. Apesar de jogar no Liceu, Rinaldi figurava em quadros da 1ª divisão da Federação Maranhense de Desportos - FMD -, primeiramente no Vera Cruz (o clube que nunca perdeu no primeiro tempo...), onde fez "misérias" ao lado de Sarapó, Jenipapo, Cícero, Sales, etc. Depois, figurou na equipe do Sampaio Corrêa. No "Bolívia", Rinaldi foi elemento destacado, muito embora jogasse ao lado de um Domingão. Foi considerado "O Menino de Ouro" da "Bolívia". Em 1941, Rinaldi começa a praticar o Basquetebol, tendo ao lado Gontran Brenha e Eurípedes Chaves e outros, defendendo as cores do Vera Cruz. Nessa época, não havia campeonatos de bola-ao-cesto, contudo, era público e notório que o Vera Cruz era o campeão da cidade. O grêmio do saudoso Gontran apenas tinha como adversário perigoso o quadro do "Oito de Maio". Nas disputas de Vôlei levava sempre a pior, porém, vencia todos os encontros de bola-ao-cesto. O Vera Cruz era um campeão autêntico...
O melhor ano do esporte para Rinaldi foi 1942. Nessa temporada o jovem atleta conquistou nada menos de três títulos sugestivos: campeão invicto de futebol pelo Sampaio Corrêa; campeão invicto de futebol, pelo Liceu Maranhense; e campeão de basquetebol, pelo Vera Cruz. Em 1943, coberto de louros, Rinaldi embarcou para o Rio de Janeiro, a fim de cursar a Escola Nacional de Educação Física. Na Cidade Maravilhosa, o filho de Vicente de Deus Saraiva Maia conseguiu seu objetivo, formando-se como Professor de Educação Física. Voltou a São Luís em 1945. Muita gente julgou que Rinaldi ainda fosse um crack da esfera. Contudo, mero engano! O jovem atleta apenas apareceu em campo, no dia de seu desembarque, para satisfazer o pedido de amigos, mas fez ver que havia abandonado o futebol em definitivo. Seu esporte predileto passa a ser a bola-ao-cesto. Em 1946, Rinaldi figurava na equipe de basquetebol do Moto, sagrando-se campeão do "Torneio Moto Clube". Quando da visita do "five" rubro-negro a Belém, Rinaldi teve oportunidade de brilhar na capital guajarina e colaborou naquela magnífica campanha dos motenses. Em 1947, Rinaldi tomou outra decisão. Deixou o Moto Clube e tratou de reorganizar o Vera Cruz, seu antigo clube. O seu sonho foi realizado, uma vez que o Vera reapareceu e hoje figura na liderança do campeonato de basquetebol da cidade. E Rinaldi é figura destacada no grêmio cruzmaltense. Atua na guarda, onde se vem destacando, juntamente com o professor Luiz Braga, outra grande figura do basquete maranhense. Cabe ressaltar que o Vera Cruz foi campeão naquele ano.
RONALD DA SILVA CARVALHO nasceu em 15 de dezembro de 1915. Advogado, educador, dirigiu a então Escola Técnica Federal do Maranhão (hoje, CEFET-MA), por mais de 20 anos, tendo trabalhado na mesma por mais de 44 anos. Um dos grandes nomes da Educação Física e do Esporte maranhenses foi um exímio jogador de Basquete - esporte que praticava desde 1939, quando abandonou o futebol, por - em uma partida, no Liceu - chocar-se com seu amigo Dejard Martins e lhe quebrar um braço; alguns anos depois, ainda traumatizado, iniciou-se no Basquete; dirigente esportivo, sempre teve seu nome ligado ao Sampaio Corrêa Futebol Clube; fundou a Associação Atlética do curso de Direito (1951), base para a Federação Atlética Maranhense de Esportes - FAME -; foi membro do CRD e do TJD-FMF; em 1958, foi um dos fundadores da Federação Maranhense de Basquetebol.
RUBEM TEIXEIRA GOULART - nasceu em Guimarães, no ano de 1920. Foi considerado um dos melhores jogadores de Basquetebol do Maranhão; praticava também o Voleibol, o Atletismo, o Pugilismo. Um dos pioneiros da Educação Física, ingressou na Escola Nacional de Educação Física no início dos anos '40, junto com José Rosa, Rinaldi Maia e Valdir Alves. Ao regressar ao Maranhão, foi contratado como professor da Escola Técnica Federal do Maranhão, hoje, CEFET-MA. Em 1953, submeteu-se ao vestibular para o curso de Direito, participando do esporte universitário nas modalidades de Basquetebol, Voleibol e Atletismo, representando o Maranhão nos Jogos Universitários Brasileiros - JUB's. Iniciou-se no esporte no Colégio de São Luiz, do professor Luís Rego. Em 1935, quando veio de sua cidade natal, Guimarães, principiou jogando futebol no "scratch" do seu educandário, permanecendo no time até 1938. Encerrando como invulgar brilhantismo o seu curso de ciências e letras, locomoveu-se para a Capital do país [então, no Rio de Janeiro], a fim de cursar a Escola Nacional de Educação Física, isto em 1942. Durante dois anos Rubem permaneceu na Cidade Maravilhosa. Seus dias naquele centro esportivo proporcionaram-lhe o ensejo necessário demonstrar ao público "guanabarino" o valor de um atleta nortista.
Na Escola Nacional de Educação Física conquistou títulos retumbantes. No seio da escola, era um atleta de escola, participando de todos os esportes ali praticados, tendo o seu lugar efetivo nas equipes de volley-ball, basket-ball e atletismo. Foi campeão interno de volley nas competições efetuadas na ENEF; vice-campeão de Halterofilismo, peso médio, além de ter participado das Olimpíadas Universitárias de 1942, nas representações de volley, basket, futebol e atletismo. Alcançou os seguintes lugares nas provas de Atletismo:
2º lugar nos 100 metros rasos, com a marca de 11,2s;
2º em salto em distância num espaço de 6,25 metros;
2º no salto em altura com 1,70 m (igualou também o record);
obteve lugar em arremesso do peso com 12 metros;
sagrando-se ainda campeão por equipe no revezamento 4 x 100 metros.
Depois da brilhante temporada em São Paulo, participou, no ano de 1943, de diversas competições atléticas no Rio, defendendo as cores do Fluminense, saindo-se vice-campeão do decatlo, com 5.007 pontos:
100 metros rasos 11,0s 827 pts.
Salto em distância 6,19m 620 pts.
Arremesso do peso 10,23m 463 pts.
Salto em altura 1,70m 661 pts.
400 metros rasos 54,1s 665 pts.
110 m. s/ barreiras 19,5s 422 pts.
Lançamento do disco 30,16 m 404 pts.
Salto com vara 2,70 m 397 pts.
Lançamento do dardo 29,25 m 278 pts.
1.500 metros rasos 5m29,0s 270 pts.
Total  5.007 pts
Regressando a São Luís, ocupou o cargo de Inspetor de Educação Física do S.E.F.E., permanecendo nesse emprego de março de 1944 a março de 1945, quando foi transferido para a Escola Técnica de São Luís. Além de inspetor do S.E.F.E. foi instrutor de educação física do Colégio Estadual (Liceu ?) e do Colégio de São Luís.
Pertencente ao grupo dos “Erres”, temos RAUL GUTERRES, nascido em 1927, iniciou-se no esporte com 15 anos de idade, jogando futebol. Além do futebol, jogava basquete, vôlei, futsal e praticava o atletismo. Em 1942, foi campeão estudantil, pelo Ateneu, jogando no gol. Em 1943, ingressou no FAC e com a extinção deste, passou para o MAC (1943), quando foi campeão. paralelamente ao futebol, jogou Basquetebol no “8 de Maio”, time de Rubem Goulart, campeão nos anos de 47/48/49. Era o mesmo time que jogava voleibol. Como estava na casa de João Rosa para fundar o futsal, terminou sendo goleiro da bola pesada, saindo-se campeão pelo Santelmo, nos anos de 48/49/50. Aluno do Curso de Direito (formou-se em 1955), participou dos Jogos Universitários Brasileiros, pela FAME, dos anos de 1950 (Recife); 1952 (Belo Horizonte); e 1954 (São Paulo). No atletismo, fazia salto em altura e salto em distância, arremesso do peso e lançamento do dardo.
No relatório da diretoria do Moto Club de São Luís, seu presidente - César Aboud - prestava contas de sua gestão iniciada em 14 de setembro de 1944, e falava que as exigências técnicas, cada vez mais prementes, fizeram com que o clube abraçasse o profissionalismo, investindo soma apreciável na aquisição de atletas, mas os resultados foram compensadores - foram conquistados três campeonatos de futebol - 44, 45 e 46. No basquetebol, também fora campeão em 46 e vice no Voleibol. No Atletismo, o Moto participou de algumas provas, destacando-se a Corrida de São Silvestre, tendo conseguido o primeiro lugar, por equipes.
Naquela época - 1943/44, dava-se o início do profissionalismo no futebol maranhense, com a importação de atletas de nível, especialmente do Ceará e Pernambuco. Na verdade, reinicio, pois já em 1910 o FAC começa a contratação de jogadores de outros estados e foi Nhozinho Santos - e não César Aboud -, quem começou essa prática, muito embora antes do Moto Club se profissionalizar, o Sampaio Corrêa já iniciara as importações e, o Moto - segundo se depreende do relatório de atividades de seu décimo aniversário -, fez apenas se ajustar naquilo que vinha acontecendo, para não ficar atrás, tecnicamente. Já naqueles anos reclamava-se dessa importação desenfreada, em detrimento da "prata da casa".
O jornalismo esportivo conhece o seu fundador: DEJARD RAMOS MARTINS Nasceu em 14 de julho de 1923, na cidade de Manaus; filho de Joaquim de Souza Martins e de Analide Ramos Martins (esta, maranhense). Em 1935, a família está de volta ao Maranhão, estabelecendo-se na cidade de Tutóia; o jovem Dejard já estava ligado ao esporte, por influência do pai. Em 1940, foi diretor de futebol do Sampaio Corrêa; em 1944, devido aos seus conhecimentos sobre esportes, inicia a carreira como locutor esportivo, na rádio Timbira, de onde foi diretor; fundador da Associação dos Cronistas Esportivos e Locutores do Maranhão - ACLEM -. No período de 1951 a 1960, promoveu as eliminatórias da Corrida Internacional de São Silvestre, como correspondente do jornal "A Gazeta Esportiva". Foi prefeito de São Luís. É autor de "Esporte - um mergulho no tempo".
ARY FAÇANHA DE SÁ nasceu em 1º de abril de 1928, no município de Guimarães, Em São Luís, cursou o ginasial no Colégio de São Luiz, do prof. Luiz Rego - criador dos Jogos Inter-colegias -, por onde disputava as provas de 100 e 200 metros, além do salto em distância; consegue a espantosa marca de 5,00 metros. Jogou futebol, pelo Moto Clube de São Luís - o Papão do Norte - campeão nos anos de 47/48. Em 1949, foi para o Rio de Janeiro estudar - levado pelo irmão, ingressa no Fluminense Futebol Clube, como atleta. Em 1950, ingressou na Escola Nacional de Educação Física. Em 1952, foi recordista sul-americano de salto em distância, com 7,57 m, o que lhe valeu a convocação para a Olimpíada de Helsinque, tendo conquistado o 4º lugar no salto em distância. Em 1955, bateu o recorde pan-americano, com a marca de 7,84 metros, a quarta marca do mundo. Foi atleta da Seleção Brasileira de Atletismo - e do Fluminense, do Rio de Janeiro -; recordista sul-americano do salto em distância participou de duas Olimpíadas, de 1952 e 1956. Professor de Educação Física, formado pela Escola Nacional, foi o introdutor do Interval-training no Brasil, assim como um dos idealizadores dos Jogos Escolares Brasileiros.
O Basquetebol não era praticado só em São Luís. Em algumas cidades do interior é introduzido por Eurípedes Bezerra. Em sua passagem como delegado de Brejo (1948), é objeto de notícia pelo jornal "O Esporte", que anuncia que ele, Eurípedes, pretendia continuar seu trabalho com os esportes: "Além de bons quadros de futebol e de basquete pretende desenvolver outras modalidades de esporte, porém não participará do torneio intermunicipal".

OS ANOS DOURADOS – 50 E 60 E A “GERAÇÃO DE 53”
Surge uma geração de esportistas, tendo como espelho aquela anterior, dos anos 30 e 40; autoridades municipal, estadual e federal criam jogos escolares, em que se destaca toda uma geração de esportistas, que praticavam o Basquetebol, o Voleibol, a Natação, o Boxe, e, principalmente, o Futebol. Essa fase se estende pelos anos 60. Essa geração – a Geração de 53 – cujas atividades se estendem até a atualidade, vem a influenciar as seguintes, quando chegam ao serviço público como jovens dirigentes, criando os Festivais de Juventude, que vem dar origem aos Jogos Escolares Maranhenses, nos anos 1970.
Tenho chamado de “A Geração de 53” a um grupo de jovens que, no início dos anos 50 destaca-se no esporte – e depois na vida pública maranhense. O ano de 1953 foi o da fundação da equipe de Basquete d´Os Milionários.
Sem dúvida que o grande nome do esporte maranhense é CLÁUDIO VAZ DOS SANTOS – o Cláudio Alemão. Nasceu em São Luís, no dia 24 de dezembro de 1935. Foi atleta de Basquetebol, Voleibol, Futebol de Campo e de Salão, Atletismo e Natação. Pertenceu àquela famosa "Geração de 53", do esporte maranhense, atuante nas décadas de 50 e 60. Em 1971, formado em Economia, foi nomeado coordenador do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação, da então Secretaria de Educação e Cultura - DEFER/SEC; reestruturou o esporte e a educação física maranhenses, implantando as escolinhas de esportes, no Ginásio Costa Rodrigues, que passou a funcionar das 5 da manhã, às 11 horas da noite, com futebol de campo, de salão, voleibol, basquetebol, judô, boxe (que também praticou), Karatê, capoeira, xadrez, ginástica olímpica, folclore ... Nesse mesmo ano, criou o Festival Esportivo da Juventude - FEJ -, embrião dos Jogos Estudantis Maranhenses - JEM's . Após os JEB's de 1973, dá início, em 1974, à contratação de técnicos e professores, para reforçar as equipes representativas do Estado nos diversos jogos e campeonatos regionais e brasileiros. Nessa época, trouxe os professores Laércio Elias Pereira, Domingos Salgado e o atleta Edivaldo Pereira (Biguá), de Handebol.  Realizou os primeiros JEM's. Foi coordenador do DEFER até 1978; em 1979, transfere-se para Brasília, indo coordenar a Unidade Esportiva do DF; em 1980, está de volta à São Luís, passando a dirigir a então Fundação Municipal de Esportes - FUMESP -; foi, também, Coordenador de Desportos, da então Secretaria de Desportos e Lazer - SEDEL -, nas administrações de Phil Camarão, Marly Abdala e já na época da GEDEL. Atuou, também, na Prefeitura Municipal de Caxias, na administração Paulo Marinho, onde permaneceu por dois anos.  Aposentado como fiscal de rendas, trabalhou como assessor parlamentar do Deputado Manoel Ribeiro..

OS MILIONÁRIOS
Foi outro desses grupos formados para as disputas esportivas, especialmente o Basquetebol. Apesar do nome, era formado por “duros” – Janjão, Cláudio Alemão, Zé Costa, Mauro e Miguel Fecury, e Alcir Zeni; a exceção, era Eliéser Moreira. Naquela época, a grande diversão dos jovens era o futebol jogado nas peladas de rua, com bola de meia, que continuava nos pátios dos colégios, onde estudavam. Esses jovens formavam seus grupos – que mais tarde se transformavam em equipes, e disputavam os mais variados esportes – vôlei, basquete, mais tarde o futsal, boxe, atletismo...  Jogavam tanto por essas equipes de amigos, quanto nas equipes das escolas, disputando os Jogos Interescolares – tanto os organizados por Luiz Rego, os de Mary Santos, quanto os pelo Dr. Carlos Vasconcelos e, depois, os Festival Esportivo da Juventude, precursores dos Jogos Escolares Maranhenses ... – torneios e campeonatos, como dos organizados por Jaffé Nunes, pela Liga de Futebol de Salão ...
Janjão – Antônio Carlos Vaz dos Santos – nasceu em São Luís a 23 de novembro de 1934. Irmão mais velho de um dos monstros sagrados do esporte maranhense, Cláudio “Alemão” Vaz dos Santos. No Basquete, tinha como companheiros Fabiano Vieira da Silva, Geografia (Carlos Alberto de Moares Rêgo), Ney Bello, Aziz Tajra, e Nega Fulô. No Voleibol, será “suspendedor” (hoje, seria levantador) de Fabiano, jogando, ainda, Henrique Moreira Lima e Marco Antonio Vieira da Silva, irmão de Fabiano e filhos de Raimundinho Vieira da Silva. No futebol de campo ou de praia, formava ao lado de Chico Mota (goleiro), Poé, Cleon Furtado, Márcio Viana Pereira, Silvinho Tavares, Zé Reinaldo Tavares, Nélio Tavares, Pereira, Acrísio, e Alim Maluf. Quando foi servir ao Exército – NPOR -, aos 18 anos, foi convidado pelo Cel. Bebeto (Carlos Alberto Barateiro da Costa) a integrar o time do “General Sampaio”. Ao dar baixa, foi procurado por Jurandir Brito para jogar pelo Vera Cruz (equipe de Rinaldi Maia) – um dos rivais do “8 de Maio” e do Moto, os melhores do Basquete das décadas de 50/60.
O primeiro professor de natação – dava suas aulas naquelas casas - foi Dimas, como era mais conhecido Antonio Maria Zacarias Bezerra de Araújo, e trabalhava em duas piscinas que existiam à época (1953/54); uma, na Rua Grande, em casa de Domingos Mendes; e a outra, do Sr. Almir Moraes Corrêa, no Apeadouro. Em 1953 o Clube Recreativo Jaguarema é fundado e construída sua piscina. Os jovens da “geração de 53” deixaram de praticar a natação na casa de Domingos Mendes e passaram a nadar na do Jaguarema.
O Jaguarema foi primeiro clube de São Luís a possuir uma quadra oficial de Voleibol Fundado em 03 de fevereiro de 1953, pelo médico pediatra Orlando Araújo, com o objetivo de lazer, esporte, divertimento e um local para congregar pessoas da sociedade maranhense. Orlando, e os amigos, estavam cansados de praticar o voleibol na praia.
Muito embora se diga que o Futebol de Salão seja praticado desde o final dos anos 40, é nos anos 50 que ele foi, efetivamente, introduzido em São Luís, com regras e materiais oficiais. O responsável foi um professor de Física do Liceu Maranhense: PEDRO LOPES DOS SANTOS. O Prof. Pedro, em uma de suas viagens ao sul do país, acabou se apaixonando pela modalidade e trouxe para São Luís uma bola e um livro de regras. Em 1955, selecionou uma equipe dentre os peladeiros da escola e fundou o Próton – havia, também, o Elétron. Daquele grupo que jogava futebol, o único selecionado foi Nonato Cassas. Desse primeiro grupo, a primeira formação do Próton, além de Cassas, figurava Rogério Bayma (goleiro), Chico Tetê, Ruy Coxo, Ernani Catinga. Depois, a formação do Próton contou com Januário Goulart, como atacante, Rogério Baima, Chico Tetê, Rui, Nonato Cassas, Ernani Cantanhede. No primeiro jogo interestadual - disputado na quadra do Liceu -, contra o América, de Fortaleza (CE), houve empate de 2 x 2.
Outro destaque no Futsal, naquele início do esporte, é NILSON FERREIRA SANTIAGO; nascido em 1940, era filho de Nerval Lebre Santiago, secretário do Liceu por 42 anos. Pertencia àquele grupo, estudantes do Liceu, que viu nascer o futsal, confirmando que foi trazido pelo professor Pedro (1955). Foi um dos fundadores do Próton, formado inicialmente por Chico Tetê, Ernani Coutinho, Nonato Cassas, e Rogério Baima. Nessa época, aqueles que se descobriam que não podiam jogar futebol de campo, iam para a quadra, jogar salão. Logo, surgiram outras equipes. Os irmãos Ferdinand (Ferdic) Carvalho e Constâncio Carvalho Neto fundaram a Sociedade Esportiva Sparta; além dos dois, jogavam ainda Nilson, os irmãos Bira e Juca Abreu, Airton, Paulinho, Nervalzinho, Paru (Miguel Arcanjo Vale dos Santos), Milson Cordeiro, Ruibasco (Ribasco), Inésio e Roberto Babão. Mais grupos foram surgindo, como o Saturno (de Samuel Gobel, Zequinha Goulart, e Heitor Heluy), e Nilson passou a jogar nele, ao lado de César Bragança, Januário Almeida, Márcio Viana Pereira, Hamilton, tendo como técnico o Capitão Medeiros.
Os clubes de futsal que se destacam eram: Spartakus (Nilson Santiago, Ribarco e Paru); Graça Aranha (Albino Travincas, Canhoteiro, Wallace e Jafer); Santelmo (Cleon Furtado, Poé, Mozart, Biné, Murilo Gago); Rio Negro; Vitex (Enemêr, Luís Portela, Walber, e Vavá); Drible (dos irmãos Saldanha, Zé Augusto Lamar, Manteiga, Mota); SAELTIPA (a companhia de água); e América; depois, vieram Cometas, Flamengo do Monte Castelo. Os jogos eram disputados nas quadras do Lítero e do Casino. Havia uma rivalidade muito grande entre as equipes de Futebol de Salão do Liceu (Marinaldo, Guilherme Saldanha, Josenil Souza, e Jacy) e Atheneu (Mota e companheiros); havia o grupo do Colégio São Luís (Biné, Chedão, Jaime Tavares) e dos Maristas (Garrincha, e os irmãos Nonato e Cury Baldez).
Segundo Poé - (Palmério César Maciel de Campos, nascido em Guimarães no ano de 1938) - o futsal viveu duas fases; a  primeira, foi da espontaneidade, onde tudo era nativo, não existindo tática, só técnica; a segunda, iniciou depois que o técnico cearense Francisco Lerda passou por aqui e ensinou tática. Juntaram técnica e tática.
Aldemir Carvalho de Mesquita, um dos grandes goleiros de futsal do passado - chegou a jogar como profissional do Maranhão Atlético Clube, aos 16 anos de idade -, lembra dessa fase do futebol de salão maranhense: "O futebol de salão, daqui de São Luís, na época que eu cheguei (1959, aos 10 anos de idade), era um sucesso. Talvez no Nordeste fosse o segundo esporte, a segunda força do Nordeste em esporte; tínhamos muitos craques como Silvinho, Luisinho, Pula-Pula ... Se hoje o Maranhão teve craques no futebol de salão, fosse hoje como era divulgado o esporte do Maranhão era primeiro em esporte. Como eu vejo, assisto craques como esse da seleção brasileira, Manoel Tobias que é o melhor craque do Brasil. Conheci Djalma, conheci o Jaiminho, o próprio Biné Carcaço que trabalha na parte de esporte lá do Ipem, craque de bola; quero dizer, o Manoel Tobias - vamos usar a expressão de futebol -, não amarrava chuteira, talvez não fosse banco, se tivesse que escolher os três, ele não seria nem a 4º opção do treinador dentro dessa escala." (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas).
Efetivamente, a melhor fase do Basquetebol no Maranhão ocorreu nos anos 50 até meados dos anos 60. Era admirável como jogavam Rubem Goulart; Raimundinho Vieira da Silva; Ronald da Silva Carvalho; Raul Guterrez; os irmãos Mauro e Miguel Fecury; Fabiano Vieira da Silva (filho de Raimundinho); Canhotinho (João Carlos de Sousa Martins); Zé Reinado Tavares, Candido Augusto Medeiros.
A partir de 1958, o futebol de salão começou a tomar conta dos adolescentes de São Luís e o Basquete começou a entrar em declínio, apesar dos seis times inscritos no Campeonato Maranhense, nas categorias Juvenis e Adultas: Grêmio “8 de Maio” (Rubem Goulart); Vera Cruz (Rinaldi Maia), General Sampaio (do 24º BC, Major Goulart); Tiradentes (da PMM), Cisne Branco, Milionários (Cláudio Vaz) e Moto Clube. Esse campeonato foi organizado por Bruno Tolentino e Noskê do Rêgo Castelo Branco, com arbitragem de Joaquim Itapary e Coronel Vieira (Vieirão). O “8 de Maio” era formado por Januário, César Bragança, Lázaro, Bandeira (Reinaldo), Rubem Goulart, João Bragança, Miron e Silvino Goulart.
É no meado da década de 1950 que o Dr. Carlos Vasconcelos, então delegado do MEC no Maranhão, especializado em Educação Física, começa a promover os “Jogos Intercolegiais”. Carlos Vasconcelos era medico especializado em educação física, e unia os grandes colégios da capital, mais Escola Técnica, e fazia uma competição com esses colégios. Nessa época não havia limite de idade, então todos os alunos poderiam participar. Carlos Vasconcelos era um grande batalhador, era um guerreiro, lutava para conseguir dinheiro, lutava para conseguir os espaços para realização dos jogos.
Esses jogos escolares eram uma vitrine do esporte maranhense, onde os times de futebol selecionavam atletas estudantes para o profissional. A grande maioria desses atletas saia da Escola Técnica, Liceu Maranhense, dos Maristas, de onde saíram: Canhotinho, Adalpe, Pula-Pula; da Escola Técnica saiu Gojoba, Alípio, Alencar, Chamorro, Milson ...
O Liceu reunia uma equipe de Basquete de talento, bi-campeã em 57/58: Januário e Silvino Goulart, Mauro e Miguel Fecury, José Reinaldo Tavares, Jaime Santana, Nego Fulô, César Bragança, Aziz Tajra; o técnico era o Sargento Geraldo – da Marinha -, que introduziu alguns esquemas táticos e revolucionou com suas jogadas ensaiadas, novidade para o basquete no Maranhão.
A Federação Maranhense de Basquetebol foi fundada em 1958, tendo RONALD DA SILVA CARVALHO como um de seus fundadores. No final da década de 60, o Basquetebol era praticado apenas em algumas escolas... Para se ter uma idéia, a final dos Jogos Inter-colegiais terminou com o placar de 1 x 0 ...
No final dos anos 60, o setor de educação física está organizado; a profa. Mary Santos dirigia o Departamento de Educação Física no Estado, e havia um outro no Município, dirigido pela Profa. Dinorá. Já se cumpria a obrigatoriedade da lei, com as três horas semanais, mínimo de 45 minutos, dentro da legislação vigente.
Ainda nos anos 60 o Handebol foi introduzido no Maranhão pelo Prof. Luiz Gonzaga Braga e o professor José Rosa, ambos da ETFM, hoje CEFET. Após participarem dos JEBEM, e como a modalidade seria introduzida nos Jogos seguintes, fizeram um curso no Rio de Janeiro e, ao retornarem, preparam um grupo de alunos. No aniversário da Escola, em 23 de setembro, os alunos fizeram uma apresentação oficial da nova modalidade. Dentre outros, estavam os alunos Aldir Carvalho, José Geraldo de Mendonça, França, Aldemir Mesquita. 
Nas décadas de 1960/70 as aulas de natação continuavam a ser ministradas em piscinas de casas particulares. Denise Martins Araújo - filha de Dimas - começou a acompanhar o pai, aos 12 anos, em suas aulas naquelas piscinas particulares, cuidando dos alunos de menor idade. Com o pai assumindo outras atividades, passou a se responsabilizar por aquelas aulas, alugando uma piscina para a “sua” escola de natação.

O RENASCIMENTO DO ESPORTE MARANHENSE – OS ANOS 70
No ano de 1971, o Maranhão já tinha um Basquetebol de nível, na classe juvenil masculina; naquele ano, foi disputado o Campeonato Brasileiro de Juvenil, em Brasília; os jogadores, eram aqueles meninos que jogavam tudo: Voleibol, Futebol, Basquetebol : Gafanhoto, Paulão, Carlos, Phil, os Ninas...
Nessa mesma época, estavam acontecendo os III Jogos Escolares Brasileiros - JEB's - em Belo Horizonte. O Prof. Dimas, que fora como técnico daquela seleção de Basquete, após a competição, dirige-se a Belo Horizonte para ver o que eram aqueles “JEB’s”, que tanto Mary Santos falava e cobrava a participação do Maranhão. Lá, encontra o maranhense Ari Façanha de Sá, coordenador geral dos Jogos, que lhe dá todo o apoio. Dimas volta entusiasmado com o que vira. O Maranhão precisava participar dos JEB’s !
Cláudio Vaz dos Santos, por essa época, já assumira o cargo de chefe do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER -, no lugar de Mary Santos. É a ele que Dimas apresenta seu relatório, sobre os JEB's. Cláudio Alemão já tinha idéia de fazer uma espécie de jogos estudantis, então com o relatório de Dimas, cria o Festival Esportivo da Juventude - FEJ. Quando Cláudio assumiu o DEFER, não encontrou nenhuma estrutura montada. O Maranhão não tinha participado ainda dos JEB's, e já se estava realizando os III Jogos. Naquele mesmo ano aconteceu o I FEJ - Festival Esportivo da Juventude.
O prof. ANTONIO MARIA ZACHARIAS BEZERRA DE ARAÚJO – o PROFESSOR DIMAS – foi o introdutor da Ginástica Olímpica, hoje Artística, em São Luís do Maranhão.A Ginástica Olímpica tinha um núcleo pequeno, sem divulgação em escolas funcionando apenas com as escolinhas do Ginásio Costa Rodrigues, mantida pelo antigo DEFER, com alunos pertencentes às diversas escolas de São Luís: Liceu Maranhense, Humberto Ferreira, La Roque, Centro Caixeiral, CEMA, o antigo Pituxinha, o Rosa Castro, o Santa Teresa, e o colégio Batista.
A estratégia daqueles primeiros tempos, por falta de professores, era pegar os melhores alunos e transformá-los em instrutores e distribuí-los pelas diversas escolas, especialmente as públicas. O primeiro dos alunos de Dimas a trabalhar como instrutor de Ginástica Olímpica foi Juvenal Castro, ainda em 1975, depois veio Raimundão (1977), José de Arimatéia, que hoje é também professor de educação física; Josué, que é também formado em educação física, e o próprio filho do Dimas, Maurício
Em 1979 chega às escolas, sendo a primeira o Colégio Batista, por influência do Dimas, que era professor de Educação Física do Colégio; as demais escolas foram no Santa Teresa, Japonês - Inácio Bispo dos Santos; no La Roque, Raimundo Aprígio - Raimundão;  no Pituxinha, Juvenal Castro; no CEFET, antiga Escola Técnica, Vanilde Maria Carvalho Leão; no SESC, tinha uma escolinha, com alunos de varias escolas, nessa época, grátis, como técnico, Raimundão; CEMA; Rosa Castro. Participação de alguns atletas nos Jogos Escolares Brasileiros.
Só em 1981 se dá a chegada da primeira aparelhagem oficial da modalidade. Até então eram construídas por Dimas e por Raimundão. O pai deste era marceneiro e construía os aparelhos segundo orientação de Dimas. Nesse ano é fundada a Federação Maranhense de Ginástica Olímpica. O primeiro presidente foi o professor Dimas.
Outra modalidade introduzida nessa época foi o Handebol. Foi Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo, o Prof. Dimas, o responsável pela divulgação desse esporte quando a introduz nos FEJ/JEMs, idealizados por ele e Cláudio Vaz dos Santos, o Cláudio Alemão. A segunda escola a praticar o Handebol foi o Colégio Batista “Daniel De LaTouche”, do qual era professor, muito embora o Prof. Rubem Goulart (também professor da ETFM, nessa época) já houve feito uma apresentação da modalidade naquela escola. Logo a seguir, o Colégio Maranhense, dos irmãos Maristas, e foi organizada uma Escolinha no Ginásio Costa Rodrigues.
No ano de 1973 foi ministrado um curso pelo MEC - antigo curso de suficiência, para formação de professores - em que Ary Façanha de Sá foi o coordenador. Diversos professores e técnicos participaram desses cursos e foram dadas aulas das mais variadas modalidades esportivas. No ano seguinte, em setembro, chega ao Maranhão o Prof. Laércio Elias Pereira, para trabalhar com o handebol e, a seguir, traz outros professores e alguns atletas, como Edivaldo Pereira – Biguá -, Vicente Calderoni Filho – Viché. Com a chegada dos "paulistas" - Laércio, Biguá, Viché -, Dimas, compreendendo suas limitações técnicas, afasta-se do Handebol - já dando sua missão cumprida, nessa modalidade. É dessa época a grande rivalidade do Handebol Maranhense, era entre o Batista e a Escola Técnica (CEFET), nascida de um jogo entre o Batista - base da seleção maranhense que foi aos JEB's - e a Escola Técnica - no final dos JEM's. O primeiro técnico da ETFM foi Aldemir Carvalho de Mesquita, posto assumido depois pelo Prof. Juarez Alves de Sousa e a seguir, pelo Laércio Elias Pereira, assumindo a equipe, até hoje, o Prof. José Maranhão Penha.
Em 1979, o Governo do Estado cria a Secretaria de Esportes e Lazer, a primeira do Brasil, dirigida em seus primeiros anos pelo industrial ELIR DE JESUS GOMES (outro jovem da geração de 53). O órgão foi transformado na Gerência de Estado de Esportes e Lazer (GEEL), dirigida por outro jovem da geração de 53 – ALIM MALUF FILHO. Hoje, voltando a ser Secretaria, é dirigida por um “estranho no ninho”...        

DÉCADA DE 1980
A década de 80 do século passado viu surgir as federações especializadas. Desmembradas da eclética, Federação Maranhense de Desportos – FMD - que passou a dirigir apenas o futebol e mudar de nome para Federação Maranhense de Futebol – FMF.
Com a fundação das federações especializadas, e o incentivo do Governo do Estado via SEDEL, os clubes que mantém futebol, profissionais são pressionados a apresentar equipes de esportes olímpicos. A solução foi juntar equipes escolares aos clubes de futebol e inscrever essas equipes nos diversos campeonatos. Funcionou, pois as equipes de esportes amadores, antes restritos as competições escolares, passam a ter competições o ano todo, aprofundando o preparo técnico, formando uma elite esportiva que começa a despontar no cenário regional do Norte/Nordeste e alguns atletas, tendo reconhecida suas performances, a competir em eventos nacionais, alcançando resultados expressivos, principalmente no Atletismo e no Judô. Nos esportes coletivos, o Handebol revela alguns bons atletas. Tudo resultado do trabalho desenvolvido a partir dos anos 70, com os JEM´s. A criação da SEDEL vem apenas dar suporte técnico-financeiro necessário para participação nos eventos nacionais...   
Os Jogos Escolares passam a ser uma das maiores competições esportivas do Brasil, embora reúnam apenas escolas da Capital. No final da década, Imperatriz passa a disputá-lo.
Em 1983 se dá a fundação da primeira escola de natação de São Luís, com piscina própria – a “Viva Água” – pelos professores Denise Martins de Araújo e Oswaldo Telles de Sousa Neto. Ao contrário dos demais esportes, a Natação começa a se destacar no cenário regional e nacional devido ao surgimento e participação de escolas de natação nos campeonatos da modalidade. Alguns clubes, como o MAC, aliam-se a técnicos e criam sua escola, aliando a necessidade de atletas em modalidades olímpicas a interesses financeiros, de funcionamento do parque aquático – que foi reativado - e a participação em eventos. Convênio entre instituições de ensino e escolas, possibilitando aos daquelas a pratica de natação, mediante o pagamento da mensalidade a estas, e a formação de equipes de competições visando os Jogos Escolares possibilitaram o nível atual de nossa natação.

A DÉCADA PERDIDA – OS ANOS 90
O futebol vive sua pior crise. A importação de jogadores em detrimento da valorização dos valores locais e a cultura de que “perdeu, dançou” para com os profissionais de futebol, reflete em todo o esporte maranhense. Ainda, muitos dirigentes passam a fazer da venda de “craques” meio de vida. Em detrimento do patrimônio dos Clubes...
Os esportes amadores – olímpicos – perdem sua maior fonte de atletas: as escolas públicas. Mudanças no regulamento dos Jogos, ocorridas a partir do fim dos anos 80, passam a privilegiar as escolas particulares, em detrimento da participação das públicas.
Uns poucos resultados, isolados, mantém viva a tradição esportiva maranhense, porém sem o mesmo entusiasmo de antes. Os Jogos Escolares continuam crescendo em número de participantes, inclusive de municípios do interior, mas a qualidade técnica vem caindo cada ano mais ...
A Capital passa a perder a hegemonia em algumas modalidades, como o Voleibol, o Handebol, no Atletismo, no Futebol de Campo. As escolas particulares começam a vender o resultado nos JEM´s como espelho da excelência de seu ensino. Com a ajuda do Regulamento ...  
   
O INÍCIO DO (TRISTE) NOVO SÉCULO PARA O ESPORTE MARANHENSE
Mesmo com as mudanças ocorridas na estrutura do esporte maranhense, nos regulamentos, no apoio aos municípios do interior para integrar o Sistema Esportivo Estadual, o Regulamento dos jogos continua penalizando as escolas públicas e os pequenos municípios interioranos, em detrimento das escolas particulares, especialmente as da capital e algumas poucas de Imperatriz.
No nível nacional, as mudanças no sistema esportivo escolar possibilitam uma maior participação de escolas; mas apenas as grandes – e particulares – podem usufruir dessas novas regras.
Mas apenas as mudanças de regulamento não explicam a ausência das grandes escolas publicas no Sistema Esportivo Estadual: a falta de recursos para a prática esportiva, a deterioração do Complexo Esportivo – falta de planejamento, de previsão de recursos para manutenção, atualização de técnicos – e, em minha opinião, nas recentes administrações, um corpo técnico (sic) oriundo do futebol profissional, foram os responsáveis pela crescente desvalorização da prática esportiva nas escolas. Os vícios dos dirigentes que levaram o futebol maranhense à bancarrota se refletem, também, no esporte amador e, especialmente, naquele que tínhamos de melhor – o escolar.
Triste esporte maranhense ...  


Fontes:
MARTINS, Dejard Ramos. ESPORTE – UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís : SIOGE, 1989
Jornal “O ESPORTE, São Luís”, 1948/1950
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) no Maranhão. In VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, Ponta Grossa – Paraná (Brasil), 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa-Pr : UEPG, 2002. ( Publicado em  CD-ROM).
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A história do Atletismo maranhense. In O IMPARCIAL, São Luís, 27 de maio de 1991, segunda feira,p. 9 – Caderno Esporte Amador;
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Tênis no Maranhão. In O IMPARCIAL, São Luís, segunda-feira, 17 de janeiro de 2000, p. 15 – Caderno de Esportes;
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio O fim da natação maranhense. In O IMPARCIAL, São Luís, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2000;
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio O nascimento de uma paixão.  In O IMPARCIAL, São Luís, domingo, 29 de outubro de 2000, Caderno Esporte;
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio O Sportman Aluísio Azevedo. In O IMPARCIAL, São Luís, domingo, 16 de julho de 2000.Caderno Impar;
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Recordar é viver. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 7, no. 38, julho de 2001, disponível em www.efdeportes.com./efd38/ver.htm
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAUJO, Denise Martins de. QUERIDO PROFESSOR DIMAS (Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo e a educação física maranhense: uma biografia (autorizada)). São Luís : (s.e.), 2001.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio 100 anos de “football” no Maranhão. In O IMPARCIAL, São Luís, domingo, 11 de setembro de 2005, p. 14/15, Caderno Esporte.
VAZ, Leopoldo Gil Dulcio O 1º. Campeonato de futebol no Maranhão. In O IMPARCIAL, São Luís,domingo, 25 de setembro de 2005, p. 9.