Resumo

O desporto paralímpico encontra-se em processo de afirmação como fenómeno de espetacularização, tendo nos média uma ferramenta de divulgação dos seus ideais e produtos, além de via para potenciais transformações sociais relativas a pessoas com deficiência. O objetivo deste trabalho foi identificar as características e tendências da abordagem mediática ao movimento paralímpico, com base em percepções pessoais de nove atletas paralímpicos portugueses, oito homens e uma mulher, com deficiência visual ou física, todos com experiência internacional nas modalidades desportivas de boccia, natação ou atletismo. A partir de entrevistas semiestruturadas, a análise de resultados pelo método do Discurso do Sujeito Coletivo e a discussão dos dados com base em categorias sociológicas de Pierre Bourdieu, em particular a teoria dos campos, tem-se como principais resultados: i) a divulgação paralímpica ainda é reduzida, tanto em Portugal como em outros países, porém encontra-se em crescimento; ii) os atletas, na sua maioria, preferem a divulgação dos seus feitos desportivos em detrimento do discurso sensacionalista sobre a superação de dificuldades oriundas da condição de deficiência; iii) o desporto paralímpico é desprestigiado em relação ao olímpico. Como principais conclusões encontra-se o descontentamento dos atletas com a reduzida cobertura mediática, com o estigma supercrip e com a supremacia do futebol, tornando-se evidente a manifestação de uma vontade de ocuparem um espaço de maior relevo no campo desportivo, o que lhes conferiria maior legitimidade e possibilidade de desenvolvimento atlético-competitivo, além de ganhos financeiros e sociais.

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