Sobre
Não é possível ao negro sentir-se confortável e em casa no Brasil, a não ser que se submeta e aceite reproduzir os estereótipos e estigmas que lhe trazem a subalternidade e/ou a marginalidade como seu inevitável destino social.
Esse é o gosto final que nos deixa a leitura deste livro que nos brinda com um primoroso estudo ao iluminar dimensões da questão racial no Brasil. Neste caso, o Renascença Clube do Rio de Janeiro referência cultural e de lazer da comunidade negra daquela cidade constitui o microcosmo da análise da autora, no interior do qual se revelam os obstáculos, ambigüidades e desafios que são interpostos aos esforços de integração do negro na sociedade brasileira, em especial, para aqueles que encontram-se em processo de ascensão social.
Numa atitude acadêmica pouco comum entre os cientistas sociais brasileiros, Sonia Giacomini incorpora em sua análise a intercessão de gênero e raça, revelando os modos específicos de subjetivação a que homens e mulheres negros estão condicionados, conformando gêneros subalternizados, que travam, na sociedade abrangente, uma disputa desigual na qual a exclusão social, a folclorização e a negação da identidade racial comparecem como operadores da peremptória interdição à igualdade de status e cidadania para a população negra.
Sueli Carneiro Diretora do Geledés Instituto da Mulher Negra e Vice presidente do Fundo Brasil de Direitos Humanos