Resumo

Desde a revolução industrial à crise do fordismo, os conteúdos e as práticas relacionadas ao futebol têm se reconfigurado, saindo de uma esfera amadora para uma dimensão profissionalizada, que, assim, se faz cada vez mais alinhada à lógica do mercado. Notadamente, a partir da década de 1970/80, a agenda futebolística se volta à comercialização da modalidade, gravitando em torno dela um mercado amplo de produtos, serviços, espetáculos, eventos e megaeventos. Assim sendo, o desenvolvimento das relações de produção do jogo amplia seus horizontes, bem como seus agentes nacionais e/ou internacionais em disputa, culminando com o tensionamento do próprio interesse na “produção” e/ou aquisição de um atleta na modalidade (MATIAS, 2018; REIS, 2022). Nesse sentido, concordamos com Soriano (2013), quando o autor diz que o talento é o fator mais determinante em qualquer atividade econômica e a indústria do futebol está estruturada em sua localização. No entanto, a fórmula para atrair o melhor futebolista se alicerça em dois cenários bem delineados ainda que não excludentes. Por um lado, a escolha passa por mapear, com critério claro, o mercado de transferências, acertar o pagamento do atleta escolhido a preço justo e no oferecimento de salários correspondentes ao perfil desejado. Todavia, existe outra maneira de contar com os jogadores de altas habilidades e isso consiste em desenvolvê-lo, ou seja, tal entendimento considera os clubes como unidades básicas de formação, produção e/ou aperfeiçoamento da cadeia esportiva (BROHM, 1982; MATIAS, 2018; REIS, 2022). Isso posto, não resta dúvidas que para o entendimento deste complexo fenômeno se faz necessário articular diversos conceitos relacionados com o momento da formação, produção e aperfeiçoamento de um jogador de futebol. Nessa perspectiva, o objetivo geral do texto é compreender a conceituação do “ativo” intangível jogador de futebol. À vista disso, a pergunta norteadora se imbrica na tentativa de esclarecer: o que de fato significa tal “ativo”, bem como qual a repercussão dele dentro da indústria futebolística?Para o desenvolvimento da investigação, optamos por uma pesquisa de nível exploratória e bibliográfica, uma vez que apesar de se reconhecer a importância da tomada pela categoria “ativo” intangível em tempos atuais; seja para o desenvolvimento de novos estudos científicos, seja na intenção sistematizar o conhecimento da realidade para nela intervir ou ainda para fundamentar o processo decisório de formação e de implantação de agendas governamentais; no campo das ciências do esporte, isso ainda é incipiente. Em outras palavras, não localizamos pela escolha metodológica adotada, trabalhos por dentro da Educação Física brasileira que adotem o suporte categorial destacado como paradigma.

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