A Aplicação das Neurociências no Futebol
Por Caio Margarido Moreira (Autor).
Resumo
Loris Karius recupera a posse de bola para o Liverpool. Em um gesto desatento e impulsivo, o goleiro tenta um passe com as mãos para o zagueiro que é facilmente interceptado por Karim Benzema. Foi dessa forma que o Real Madrid abriu o placar da final da Champions League. As falhas do goleiro não pararam por aí. Aos 38 minutos do segundo tempo, Bale, que já havia marcado um golaço de bicicleta, deu um chute de fora da área. Karius, mais uma vez desconcentrado, deixa a bola passar entre suas mãos e cair dentro do gol.
“Desculpas para todos, para o time, para todo o clube… Sinto por meus erros terem custado tão caro”, disse Karius após a partida.
Após os erros, a incredulidade tomou conta de todas as pessoas que acompanharam o jogo e seus resultados. Desde os maiores conhecedores de futebol, até as pessoas que não acompanham o esporte, mas viram os lances. Como um goleiro que participa da final de Champions League comete erros tão simples?
Após alguns dias da final tivemos mais informações sobre Karius e suas falhas. Elas indicaram que, antes dos gols, o goleiro sofreu uma concussão em um choque contra o zagueiro Sérgio Ramos.
Segundo o médico da CBF, Jorge Pagura, a concussão pode ”diminuir o tempo de reação, visão periférica, entendimento e orientação espacial, atenção para tomada de escolhas”.
Concussões são casos extremos de mal funcionamento cerebral, que mostram a importância do processamento cognitivo correto para a prática esportiva. Entretanto, erros causados por componentes cognitivos ocorrem rotineiramente no esporte. Por exemplo, no final da Copa do Mundo de 2002 outro goleiro alemão, Oliver Kahn, errou ao tomar a decisão de encaixar a bola chutada por Rivaldo e a soltou nos pés de Ronaldo para que o Brasil abrisse o placar.