A Aproximação do Movimento Olímpico com os Novos Tempos: o Caso dos Fluxos Migratórios e a Equipe Olímpica de Refugiados
Por Guilherme Silva Pires de Freitas (Autor).
Em Olimpianos - Journal of Olympic Studies v. 6, n 1, 2022. Da página 129 a 143
Resumo
Buscando mais uma vez se aproximar de demandas da sociedade, o Comitê Olímpico Internacional utiliza a Agenda 20+20 como recurso para conversar com a comunidade internacional e encarar os desafios dos próximos anos. Ambiciosa iniciativa aprovada pelo Comitê Executivo do COI em 2014, a Agenda 20+20 visa fortalecer o papel do esporte na sociedade e aproximá-lo de pautas que vem sendo debatidas neste século 21. Um destes temas é a questão do refúgio e dos fluxos migratórios. Com 82,4 milhões de refugiados espalhados pelo mundo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, o COI, através do programa Solidariedade Olímpica e da Equipe Olímpica de Refugiados, visa apoiar atletas nestas condições garantindo a essas pessoas o direito à prática esportiva, como visto nas edições olímpicas do Rio-2016 e Tóquio-2020. Este breve artigo busca analisar como o COI, mesmo ainda sendo uma entidade de perfil aristocrático e eurocêntrico consegue manter seu prestígio internacional através sua histórica habilidade diplomática e da importância que os Jogos Olímpicos representam.
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