Resumo

INTRODUÇÃO: Além dos impactos negativos do consumo de álcool, é necessário aprofundar como múltiplas formas de desigualdades sociais combinadas se relacionam a esse fenômeno. Além disso, o papel moderador da atividade física nessa associação permanece pouco explorado. OBJETIVO: Identificar a associação entre interseccionalidade e consumo de álcool, moderada pela Atividade Física no Lazer (AFL) em adolescentes. MÉTODOS: Estudo transversal com 1.036 adolescentes de 14 a 17 anos, matriculados em escolas públicas estaduais da Região Metropolitana do Recife. Os dados foram coletados por meio da versão adaptada do Global School-Based Student Health Survey. A variável independente foi a interseccionalidade, analisada através do Índice de Jeopardy que considerou interseccionalidades de raça, escolaridade materna e sexo. Classificou-se os grupos em uma escala de 0 (mais privilegiado) a 3 (mais oprimido). A variável dependente foi o consumo de álcool (uso, não uso), e a moderadora foi a prática de AFL (sim, não). As associações foram analisadas por regressões logísticas binárias. RESULTADOS: Em comparação ao grupo 0 (mais privilegiado), a chance de não consumo de álcool foi menor nos grupos 1, 2 e 3: Grupo 1: OR = 1,96 IC95% = 1,18 - 3,25; Grupo 2: OR = 2,35 IC95% = 1,36 - 4,07 ; Grupo 3: OR = 1,87 IC95% = 0,77 -4,55. Após a análise de moderação pela prática de AFL, todos os grupos apresentaram maiores chances de não consumir álcool, especialmente o grupo 3 (OR = 3,63 IC95% = 1,10 - 11,92). CONCLUSÃO: Adolescentes mais vulneráveis apresentaram menor chance de não consumir álcool do que os mais privilegiados. A prática de AFL moderou essa associação, ampliando o menor consumo de álcool nos grupos vulneráveis. Os achados reforçam a importância de reduzir desigualdades, conforme o ODS 10.2