Resumo

A epilepsia é uma condição neurológica crônica, caracterizada por crises recorrentes e espontâneas no cérebro, que afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo todo. A imprevisibilidade das crises e o desejo de fazer parte de um grupo e o preconceito existente na sociedade faz com que a autoestima e a resiliência dos pacientes sejam abaladas. Os pacientes começam a se achar diferentes das outras pessoas, limitando assim as oportunidades de crescimento acadêmico, profissional e pessoal. Pesquisas sobre resiliência têm sido utilizadas cada vez mais para entender como os indivíduos se adaptam a doenças crônicas. Na epilepsia, os pacientes constantemente precisam superar as adversidades, e bons índices de resiliência são fundamentais. Atualmente, estudos mostram que a prática de atividades físicas pode proporcionar diversos benefícios na aptidão física e na saúde de pessoas saudáveis. Porém na epilepsia, os pacientes frequentemente são desencorajados e excluídos da participação em programas de atividade física. Assim, esta pesquisa teve como objetivo avaliar a relação entre a atividade física e autoestima e resiliência em pacientes com epilepsia. Foram entrevistados 80 pacientes, do Ambulatório de Neurologia HC/Unicamp, com idade entre 18 a 60 anos (média±DP: 42,5±10,0 anos), 49 mulheres. Para a triagem de atividade física aplicamos o questionário International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) e os sujeitos foram divididos em dois grupos: Grupo Ativo e Grupo Não Ativo. A Escala de Autoestima de Rosenberg foi utilizada para avaliar a atitude e o sentimento positivo ou negativo por si mesmo. A Escala de Resiliência foi utilizada para medir níveis de adaptação psicossocial positiva em face aos eventos de vida importantes. Para a análise estatística foi utilizado o software SYSTAT 9™ para comparar as diferenças de variáveis contínuas entre grupos, com p<0,05. Os pacientes do Grupo Ativo, composto por 61 pacientes (76,2%), apresentaram escores menores na escala de autoestima (média=6,68) indicando melhor percepção de autoestima, ou seja, de orientação positiva quando comparados ao Grupo Não Ativo (média=11,68) composto por 19 pacientes (23,7%) (p=0,001). Os índices de resiliência em pacientes Ativos (média=141,95) também foi melhor em comparação com o Grupo Não Ativo (média=129,00) (p= 0,003). Com isso, podemos dizer que a prática de atividades físicas pode ser um importante método terapêutico para a melhora da autoestima e resiliência dos pacientes com epilepsia.

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