Resumo

Neste estudo, considerei o esporte moderno como um fenômeno social que traz consigo uma predominância masculina, através dos séculos, acompanhando a tendência social que tem privilegiado o patriarco, demandando um modelo esportivo de cunho machista (Simões, 1996) impregnado de símbolos, mitos, crenças e valores. Adotei a perspectiva de Elias e Dunning (1992), segundo a qual "o jogo de futebol é a representação de um confronto que se baseia... na expressão da masculinidade (...)" e visto como um espaço predominantemente masculino; a reduzida presença da mulher no futebol brasileiro reflete a hierarquia e o sexismo impostos pela ordem social, já que o futebol é um esporte que. segundo as crenças sociais, exige resistência viril, músculos fortes e  esenvolvidos, que demonstra um estereótipo atribuído ao jogados de futebol. Constatei que na sociedade brasileira, culturalmente, a mulher se destina à procriação e aos afazeres domésticos. A exibição da bravura física é considerada de domínio exclusivo do homem. Os padrões da sociedade e da cultura, a ética e a moral decretam que a mulher não é capaz fisicamente de realizar atividades extenuantes, bem como atividades que provoquem o contato físico e sim, as práticas mais passivas e que acentuam a beleza física. Optei por investigar - através de seis entrevistas semi-estruturadas - o discurso das jogadoras, para compreender os sentidos que cias dão à prática do futebol. Analisei também o discurso a respeito das reações - face ao ato de jogar - de alguns atores sociais da rede mais próxima a elas (pais, mães, irmãs, irmãos, amigas, amigos, vizinhas, vizinhos, colegas e até, espectadoras e espectadores), bem como alguns desses atores sociais. Analisei ainda as informações veiculadas na mídia (escrita e televisiva), com a intenção de identificar em que medida a representação que as jogadoras têm de si próprias se relaciona com representações veiculadas na mídia esportiva. Através das evidências demonstradas nas falas das informantes e na mídia, verifiquei que a sociedade brasileira, com base em suas crenças, mitos e valores, ainda discrimina a mulher que joga futebol