A autoavaliação como instrumento de aprendizagem dos alunos: uma experiência pedagógica na formação para a docência
Por Mariana Carvalho Correia de Melo (Autor), Mariana Carvalho Correia de Melo (Autor), Elsa Ribeiro-Silva (Autor).
Em XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Avaliar é um processo pedagógico que está relacionado com a aprendizagem e com o ensino e deve contribuir para ajudar tanto os professores como os alunos (Fernandes 2011). Calatayud (2008) argumenta que a avaliação deve estar ao serviço da aprendizagem, e, por isso, os alunos devem participar ativamente no processo de avaliação e na construção das suas aprendizagens, onde a autoavaliação se assume como uma estratégia formativa fundamental. Este estudo, inspirado num trabalho de López-Pastor e Cobo (1995) sobre a insatisfação (já à data) existente relativamente ao modelo tradicional de avaliação, foca-se na autoavaliação em Educação Física e com ele pretendemos perceber a competência de autoavaliação de alunos do ensino básico. Os dados foram recolhidos através da escrita de uma carta pelos alunos, endereçada à professora ou a algum dos seus colegas, onde, como estratégia de indução à reflexão, deveriam refletir sobre o seu interesse, desempenho, comportamento e aprendizagens conseguidas e por conseguir nas aulas de Educação Física. Procedeuse a uma análise temática do conteúdo das 14 cartas resultantes, que contou com três etapas (Minayo, 2007): pré-análise, onde foi feita uma primeira leitura exploratória; exploração do material/codificação, correspondente à identificação das unidades de análise; e tratamento dos resultados obtidos, onde foram estabilizados e analisados os respetivos temas. Deste processo resultaram três grandes temas: i) “O que gostaria que fosse melhor”; ii) “Das aprendizagens conseguidas às por conseguir”; iii) “A Educação Física enquanto unidade curricular”. Apesar de revelarem diferentes níveis de aprofundamento de autoavaliação e diferentes capacidades de autorreflexão e autocrítica, os alunos mostraram ter consciência sobre o próprio desempenho, assim como competências de reflexão sobre ele, indo frequentemente para lá da simples descrição, mas sendo críticos e avançando com propostas concretas e realistas. Estes resultados vão ao encontro de Brown et al. (2015), quando afirmam que os alunos podem não saber autoclassificar-se, mas demonstraram capacidades notórias em autoavaliar-se, levando-nos a defender a importância de os professores confiarem e estimularem aquelas capacidades de autoavaliação, como forma de envolverem e responsabilizarem os alunos pelo respetivo processo de aprendizagem.