Resumo

Há poucos anos, as atividades de aventura não estavam inseridas na grade curricular dos cursos de Educação Física ou eram oferecidas apenas em forma de disciplina optativa. No entanto, conforme sua ascensão no país, é crescente o número de universidades que passaram a inserir este conteúdo em seus currículos. Neste sentido, torna-se importante investigar a compreensão dos estudantes acerca deste campo de atuação. Nesta perspectiva, este trabalho teve por objetivo analisar as concepções de "aventura" de estudantes matriculados na disciplina "Tópicos Especiais em Esportes de Aventura e na Natureza", do curso de Bacharelado em Educação Física de uma Universidade pública de Santa Catarina. Participaram da coleta de dados 17 estudantes no início e ao final do primeiro semestre de 2014, no primeiro e no último dia e aula. Os estudantes descreveram suas concepções de aventura por meio de um diagnóstico conceitual. Os dados foram organizados no software NVivo 9.2 e analisados por intermédio da Técnica de Análise de Conteúdo. No início do semestre, a aventura foi associada, principalmente, às sensações e emoções (12 respostas) e à quebra de rotina (11). Outras concepções apontadas foram relacionadas ao contato com a natureza/meio ambiente (6); ao inesperado (4); ao desafio (4); às vivências do risco (4); às novas experiências (4); à liberdade (2); à ultrapassagem de limites (2); e à influência de fatores externos (2). Por fim, com uma incidência cada, foram citadas a perspectiva de ocorrer em ambientes indoor e outdoor; tomada de decisão; ambientes e situações desafiadoras; possibilidades de lazer; aventurar-se dentro dos limites; viver; e envolvimento de capacidades físicas, psicológicas, emocionais e sociais. Ao final do semestre, algumas concepções de aventura se mantiveram, porém se tornaram mais abrangentes e sistematizadas. As sensações e emoções continuaram sendo as mais enfatizadas (10); bem como a ideia de quebra de rotina (4). Diferentemente das respostas iniciais, três estudantes ressaltaram que as atividades de aventura podem ser realizadas tanto em ambientes abertos, quanto fechados, ou ainda, naturais ou urbanos. Diferentes nomenclaturas foram associadas à aventura: esportes na natureza (3), esportes ao ar livre (2); esportes radicais (1) e esportes de ação (1). Houve, ainda, um aumento na referência à aventura como possibilidade de diversão e lazer (2) e à ênfase em seu caráter lúdico (1). Algumas características foram evidenciadas, a saber: risco (3); desafios (2); liberdade (2); perigo (1); livre de regras (1). Tornase importante destacar a ampliação da visão dos estudantes no que tange à aventura como campo para sensibilização ambiental (2), bem como, possibilidade de atuação para os profissionais de Educação Física. Diante dessas interfaces, pode-se concluir que a vivência na disciplina permitiu o aprofundamento da concepção de aventura, favorecendo a formação profissional e ampliando a possibilidade de atuação nesta área.

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