A Baía de Guanabara: Entre a calmaria e o tumulto
Integra
A Baía de Guanabara é dessas paisagens que parecem ter sido desenhadas por capricho dos deuses. Poucos duvidariam de sua beleza: montanhas que abraçam o mar, recortes de luz e sombra que se renovam a cada hora do dia, um Rio de Janeiro que parece ter sido construído para se exibir de todos os ângulos.
Mas não basta dizer que é linda. Há nela um magnetismo curioso, quase contraditório, que divide o coração de quem a contempla. De um lado, o Rio, com sua pulsação ininterrupta, seu barulho constante, sua vida que nunca dorme. Do outro, Niterói, que parece respirar num compasso mais lento, oferecendo uma calma que só quem atravessa a ponte ou a barca percebe.
É como se a baía fosse um espelho: de um lado, reflete a inquietude carioca; do outro, a serenidade niteroiense. Uma mesma moldura, dois retratos distintos.
Há quem diga que a melhor vista de Niterói é justamente a cidade do Rio — e talvez estejam certos. Afinal, que outra cidade do mundo tem como cenário a cidade mais bonita do Brasil?
No entanto, só os mais atentos percebem que não é apenas a vista que faz a diferença. É a energia. O Rio exibe, Niterói contempla. O Rio chama, Niterói responde. Um ergue, o outro acalma. E a Baía de Guanabara segue ali, imensa, testemunha silenciosa desse diálogo entre agitação e serenidade.
Professor Alexandre Machado Rosa