Resumo

Bibvirt, Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro, é uma atividade em andamento da Escola do Futuro, Laboratório de Pesquisa Interdisciplinar da Universidade de São Paulo, Brasil. O presente estudo pretende determinar se esta biblioteca virtual, iniciada em 1997 e disponível gratuitamente através da Internet (www.bibvirt.futuro.usp.br), atingiu seus objetivos originais, suas necessidades e desejos. O número reduzido de bibliotecas escolares, públicas e de livrarias em todo o território brasileiro, claramente incompatível com as necessidades de uma economia baseada no conhecimento, e os limitados fundos públicos disponíveis no passado e aparentemente no futuro, para corrigir esta situação, obriga aqueles preocupados com a futura produtividade do Brasil e sua habilidade para competir globalmente, a experimentar soluções para problemas sociais baseados nas novas tecnologias de comunicação. Apoiada inicialmente pela Fundação AT&T e pela Secretaria do Estado e da Cultura de São Paulo, a Escola do Futuro lançou em 1997 um servidor baseado na web, contendo grande quantidade de textos, cópias recentemente digitadas de obras da Literatura Brasileira em domínio público, imagens da fauna e da flora brasileira, sons de animais nativos, de instrumentos musicais e de vozes de personagens políticos do passado, permitindo assim que os usuários utilizem e reutilizem ambos materiais áudio visual e de texto para suas necessidades acadêmicas ou de lazer. Em 2001, a média diária de usuários distintos excedia 5.000, e ao longo dos últimos três anos, a Bibvirt foi premiada nas categorias de Educação e Treinamento e Arte e Cultura. De 1º de setembro de 2000 a 25 de fevereiro de 2001, um questionário contendo 37 itens, pretendendo definir o perfil dos usuários e a natureza das satisfações e insatisfações dos mesmos, foi disponibilizado no site da Bibvirt, chegando a um total de 528 questionários respondidos, dos quais 479 foram utilizados para o estudo. A metodologia da pesquisa foi orientada pelo. Modelo “ACTION” desenvolvido por Anthony W. Bates (1995) e pela Abordagem “Sense-Making” desenvolvida por Brenda Derwin (1983, 1986 and 1999). 6 Os resultados do questionário revelaram alguns dados inesperados: para um site planejado para estudantes de Ensino Fundamental e Médio, os atuais usuários eram, de certa forma, mais velhos: 10 -13 anos de idade: 7 %; 14 -17 anos: 20,9 %; 18 -21 anos: 17 %; 22 -25 anos: 15,1 %; 26 -29 anos: 8,4 %; 30 -39 anos: 18,7%; 40 para cima: 11,7%. Os usuários habitantes das capitais brasileiras eram 50,8% e os habitantes do “interior” eram 49,2%. Usuários habitantes de cidades com população acima de 1 milhão de habitantes eram 43% do total, enquanto aqueles pertencentes a cidades com mais de 500 mil habitantes e menos de 1 milhão eram 14%, os de cidades com população entre 500mil e 100mil habitantes eram 22%, e os usuários em cidades com menos de 100 mil habitantes eram 14% e aqueles em cidades com menos de 10 mil habitantes eram 7%. Estudantes de Ensino Fundamental e Médio compunham 37,8% dos usuários, enquanto que estudantes universitários representavam 23,8% do total. Estudantes masculinos eram 50,7% e estudantes femininas eram 49,3%. Estudantes de escolas públicas representavam 50,7% do total e estudantes de escolas particulares representavam 49,3%. Estudantes do Estado de São Paulo constituíram 43% dos usuários, do estado de Minas Gerais 10%, do Rio de Janeiro 8% e do Paraná 7%. A renda mensal familiar reportada foi muito mais alta do que a esperada: até R$ 300,00: 8,8%; R$ 301 - 600,00: 8,8%; R$ 601-1200,00:16,7%; R$1201-3000,00:17,6%; mais de R$ 20.000,00: 10,6%. Quando questionado o local do qual os usuários acessavam à Internet, responderam: de casa: 72,1%; do trabalho 17,6%; da escola: 5,6%; da casa de amigo ou parente: 3,1%; de bibliotecas: 1,7%. 84,4% responderam que o uso da Bibvirt era por razões de pesquisa e estudo, enquanto que 8,4% indicaram lazer e 7,2% relacionaram a trabalho. Talvez vale preocupar-se e dar futura atenção ao fato de que 57,3% responderam que seus professores solicitaram pesquisa na web, mas não deram nenhuma orientação; 25,4% disseram que professores deram um mínimo de orientação; e somente 17,3% apresentaram que seus professores os acompanharam nas pesquisas. Quando questionado se seus professores os encorajavam a utilizar a Internet para pesquisa, houve diferentes respostas de escolas públicas e privadas: “Estavam todos os professores incentivando?”: 10% dos alunos de escolas públicas confirmaram, enquanto que 8% dos alunos de escolas privadas confirmaram esta questão; “alguns professores?’: 50% dos estudantes de escolas públicas e 44% de estudantes de escola privadas confirmaram; “nenhum 7 professor”?: 40% de alunos de escolas públicas e 48% de alunos de escolas privadas confirmaram. Em relação à questão sobre se eram capazes de encontrar com facilidade o material desejado na Bibivirt: 24,4% responderam “sempre”; 44,1% responderam “quase sempre”; 15,7% responderam “às vezes”; 8,4% responderam “raramente”; e 7,4% responderam ”nunca”. Se o material encontrado em bibliotecas correspondia as suas necessidades de pesquisas: 57% responderam que acharam exatamente o que procuravam; 12,1% acharam o material “muito sofisticado” e 30,9% acharam o material “muito simples”. Se eles acharam que o material que procuravam na Bibvirt poderia ser achado também em outras fontes: 36,9% disseram ser possível; 33,8% disseram que “às vezes” isto acontecia; 13,6% disseram ser difícil e 3,5% disseram nunca ser o caso. Em ordem de importância para os usuários, o material contido na biblioteca seguia tal ordem: literatura, material didático, material para-didático, sons e imagens. Com relação à navegação na biblioteca, 90,6% disseram não ter dificuldade, 9,4% tiveram dificuldade; 48,5% disseram usar o Internet Explorer 5x, enquanto que 19,2% disseram usar o Internet Explorer 4x. Em relação a maneira pela qual eles liam o material encontrado na biblioteca, 28% liam diretamente na tela; 13,4% imprimiam o material enquanto conectados a Internet; 34,3% baixavam para posterior consulta no computador; e 23,2% carregavam para posterior impressão e leitura.

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