A bike na escola e o olhar da coordenação pedagógica

Parte de Escrevivências da educação física cultural - Vol.3 . páginas 157 - 177

Resumo

Era uma quinta feira, uma semana antes do início das aulas, o dia estava ensolarado e resolvi sair com a minha família para passear e, no caminho, passamos no bairro onde se situa a escola. Ao virar a rua ob-servei muitas crianças andando de bicicleta. Aquele encontro me lançou na condição de estrangeiro e me fez pensar em questões de currículo. Na curva, o Luís (estudante da escola) passou a mil, o garoto estava an-dando de bike entre amigos, era possível ouvir suas risadas desfrutando das diversas possibilidades que o objeto permitia. Na descida, os garotos empinavam a roda da frente puxando a bike no grau e, no movimento, seguravam o guidão com uma das mãos. Foi lindo observar como sorriam e gritavam. Fiquei de boca aberta contemplando aquela alegria.No instante que o carro se distanciava, a imagem virava vertigem atra-vés do espelho retrovisor, me levando a pensar no currículo novamente. O que mais me incomodava era saber que na escola o Luiz era narrado de uma maneira que me incomodava.Outros fatores interferiram na escolha do tema, um deles tem rela-ção com os encontros iniciais dos professores e professoras com a equipe gestora que definiriam o projeto da escola. Nessas reuniões tomamos algumas decisões, frisando que a unidade educacional e seu projeto pe-dagógico está sensível às diferenças. Também pesou o fato de que a insti-tuição faz parte de um projeto chamado “territorialidade” e esse projeto permite e apoia ações que extrapolam os muros da escola. Além disso, no entorno da unidade há bicicletarias e várias pessoas que vivem e fazem outros usos do artefato.