Editora Rocco. None 2006. 209 páginas.

Sobre

Roberto DaMatta é um caso único no meio acadêmico brasileiro, pois conseguiu conciliar o respeito de seus pares com a estima do grande público. É o pensador mais citado em teses e ensaios no campo das ciências sociais, colunista do jornal O Globo e personalidade muito requisitada pelos meios de comunicação para fazer o que ele sabe fazer como ninguém: explicar o Brasil para os próprios brasileiros.

Dono de um estilo fluente e bem-humorado, ele tem a habilidade de ensinar como "quem não quer nada", como quem bate papo e divide com os amigos descobertas e assombros. "Sempre brilhante e original", como reconhece a professora Lívia Barbosa, na orelha deste seu livro sobre futebol que pode ser lido com prazer e proveito mesmo por quem não gosta do esporte, DaMatta faz inferências que surpreendem favoravelmente até mesmo os especialistas do gênero, como Armando Nogueira — um dos maiores cronistas esportivos de todos os tempos — responsável pelo prefácio desse A bola corre mais que os homens. Título que, por sinal, faz referência ao inimitável Didi, inventor da "folha seca".

A presente coletânea conjuga uma série de textos produzidos para a imprensa, em especial para os jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, por ocasião da cobertura das Copas de 94 e 98, com ensaios produzidos para publicações acadêmicas. Essa inesperada fusão do popular com o erudito é efetuada com maestria por Roberto DaMatta, produzindo um livro capaz de agradar tanto os fanáticos por futebol, quanto os interessados em antropologia e outras ciências sociais. É um livro que pode ser lido por divertimento, ou em busca de subsídios para pesquisas acadêmicas ou jornalísticas. É também o depoimento de um torcedor, igual a todo e qualquer brasileiro que, neste momento de Copa do Mundo, veste uma camisa amarela e saí por aí, reaprendendo a amar esse Brasil contraditório e difícil, porém sempre fascinante.