Resumo
A difusão do setor de Esporte para o Desenvolvimento e a Paz a nível mundial é visto como um fator de ampliação da oferta de projetos sociais esportivos em diferentes países. Todavia, enquanto o uso do esporte no processo de inclusão social e desenvolvimento humano é intensamente promovido por órgãos de governo, agências de desenvolvimento e organizações não governamentais, a maior parte das alegações sobre os impactos dessas iniciativas permanece pouco explorada empiricamente. Este estudo investiga os elementos didáticos e gerenciais do Instituto Compartilhar (Curitiba, Brasil), por meio dos pressupostos teórico metodológicos da avaliação baseada na teoria. A partir da teoria de implementação e dos fatores contextuais do programa, o modelo lógico do programa socioesportivo é discutido, apontando para os avanços e limites dessa iniciativa e suas interrelações com a profissionalização das organizações do terceiro setor no Brasil. A fundamentação, a padronização e o gerenciamento integrado da Metodologia Compartilhar de Iniciação ao Voleibol denotam alto grau de elaboração dos processos didáticos desenvolvidos no programa socioesportivo. No tocante aos aspectos gerenciais, a formação continuada dos professores e a personalização dos processos de monitoramento, avaliação e marketing das ações do programa recebem destaque. Em contrapartida, são apontadas limitações na proposta de ensino de valores por meio do esporte e barreiras no âmbito das condições necessárias ao acesso e retenção do público alvo das ações do projeto. A inserção do Instituto Compartilhar em redes interorganizacionais é descrita como uma estratégia importante para o fortalecimento e sustentabilidade da iniciativa no contexto do esporte social no país. Por fim, discute-se os fatores críticos à replicabilidade dessa iniciativa no contexto de desenvolvimento dos projetos sociais esportivos no Brasil, indicando possibilidades para o fortalecimento das iniciativas autogestionárias de base comunitária que ofertam atividades de esporte e lazer.