Integra
15-1-2013
Vicente Moura corre o risco de se transformar numa espécie de Cassandra do desporto nacional se continuar a presentear os portugueses com as suas funestas previsões acerca da nossa participação nos futuros Jogos Olímpicos. Não é que ele, tal como Cassandra, não tenha razão. Até porque, Portugal jamais ganhará seis medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016) e se, por favor de todos os deuses do Olimpo, o conseguir, essas medalhas, à imagem e semelhança da Coreia do Norte que ganhou seis medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres (2012), representarão tão só o nível do nosso subdesenvolvimento enquanto País.
O grande problema do desporto nacional nos últimos três Ciclos Olímpicos foi a obsessão pelas medalhas que levou o insigne dirigente olímpico a esquecer tudo o resto. As medalhas, para além da questão pessoal de quem as conquista, só por si, nada significam. A menos que, no domínio das políticas públicas, se saiba o que é que se há de fazer com elas. Até pelo respeito que se deve ter para com quem as conquistou. Desde logo os atletas, mas também os técnicos e os dirigentes.
Vicente Moura nunca soube o que fazer com as parcas medalhas que, esquecendo tudo o resto, a começar pela própria data da fundação do COP, à custa dos atletas, técnicos e dirigentes, lá foi ganhando ao longo de três Olimpíadas. Agora, quer dizer ao futuro presidente do COP o que é que ele há de fazer com as medalhas que não vai ser capaz de ganhar "se nada mudar" no País.
Ganhar medalhas olímpicas é fácil. Até a Coreia do Norte, um país desgraçado, as consegue ganhar. O que é difícil é desenvolver uma política desportiva em que as medalhas surjam como uma consequência natural do desenvolvimento do desporto no País e, simultaneamente, sirvam de estímulo ao processo de desenvolvimento do desporto no País.
Mas isso, a nossa Cassandra de serviço, nunca foi capaz de fazer.