Resumo
A ‘Corrida de Revezamento do Fogo Simbólico da Pátria’ – CFS – é uma prática cultural que marca o início das comemorações da ‘Semana da Pátria’ em Porto Alegre no final da década de 1930. A partir de 1938, a CFS foi editada anualmente pela Liga de Defesa Nacional (LDN) com o apoio de dirigentes esportivos porto-alegrenses. Foram esses dirigentes que idealizaram a CFS em Porto Alegre, após assistirem a “Corrida de Revezamento da Chama Olímpica” na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936. Este estudo busca compreender a participação dos clubes esportivos porto-alegrenses na construção de representações da identidade nacional brasileira através da invenção da ‘Corrida de Revezamento do Fogo Simbólico da Pátria’ no período de 1938 a 1947. Para tanto, utilizaram-se fontes impressas e orais. As fontes impressas primárias se restringem aos documentos e obras da LDN; entre as principais fontes impressas secundárias estão a Revista do Globo e o jornal Correio do Povo. Foram realizadas duas entrevistas que constituem as fontes orais. A Corrida de Revezamento do Fogo Simbólico da Pátria (1938-1947) foi uma tradição inventada em Porto Alegre, institucionalizada pela LDN com o apoio social feito pelos clubes esportivos. A justificativa de sua realização se deu através de ligações históricosagradas e sua fixação através da repetição anual nas cidades. A CFS buscava engendrar ‘valores’, associados à construção da identidade nacional brasileira. Dessa forma produziu no imaginário porto-alegrense a representação de coesão e unidade nacional em razão do formato de percorrer a nação e ter como ponto de culminância sempre a cidade de Porto Alegre. No contexto esportivo, produziu a representação de que os clubes esportivos identificados como ‘estrangeiros’ foram ‘abrasileirados’ devido à participação de dirigentes esportivos e atletas na CFS.