Resumo
O objetivo desta dissertação é verificar e analisar quantitativamente e qualitativamente a cobertura acerca da seleção brasileira de futebol feminino realizada pelo caderno de esporte da Folha de S.Paulo, entre 1991 e 2011, intentando desvendar se subjacente as publicações efetivadas nesta temporalidade existiu a intencionalidade de criticar o futebol feminino e as suas jogadoras. Para tanto, optou-se pela adoção dos procedimentos da metodologia denominada Análise de Conteúdo, pois ela instrumentaliza os pesquisadores nas análises dos diversos tipos de discursos, dentre eles o jornalístico. Por meio das delimitações supracitadas, constatou-se que ao longo dos vinte (20) anos pesquisados, a Folha de S.Paulo publicou seiscentas e vinte e duas (622) matérias, abordando ou mencionando de alguma forma a seleção feminina. A partir da análise deste número, constatou-se que a periodicidade de matérias relacionadas à equipe brasileira nas páginas esportivas do jornal foi baixa, média de 31,1 publicações por ano. Entretanto, ao analisar o conteúdo discursivo das matérias, verificou-se que mesmo não proporcionando uma grande visibilidade, a Folha de S.Paulo não tratou a seleção feminina e as suas jogadoras de maneira preconceituosa, inferiorizando-as em relação à seleção masculina e os seus jogadores. Ao contrário, a sua cobertura caracterizou-se pela exaltação explícita e implícita das equipes nacionais e das futebolistas, influindo positivamente na estruturação de um habitus individual e social ausente de preconceitos relacionados às possibilidades das mulheres no futebol. Este aspecto refuta a quarta hipótese (4a H) desta pesquisa, a qual externou a ideia de que subjacente ao conteúdo discursivo das publicações havia a intencionalidade da Folha de S.Paulo em criticar o futebol feminino e as suas jogadoras, na medida em que esta modalidade foi socialmente estruturada enquanto um campo masculino e masculinizante.