Resumo

O exercício físico é amplamente reconhecido por promover benefícios à saúde física e mental de seus praticantes, cita-se, por exemplo, a melhora do desempenho físico-funcional, especialmente da população idosa. Entretanto, as alterações na distribuição da gordura corporal correlatas ao avanço da idade, aparentam ser um fator limitante ou de restrição para a autonomia nas atividades da vida diária (AVDs) e redução do desempenho funcional (DF) da pessoa idosa (PI) (WANDERLEY et al., 2023). Objetivo: Analisar a associação entre o DF e a composição corporal (CC) nas AVDs de indivíduos idosos praticantes de exercício físico. Referencial Teórico: O processo natural do envelhecimento, é acompanhado de perda, relativamente significativa, da capacidade funcional da PI (WANDERLEY et al., 2023). Contudo, manter-se fisicamente ativo pode representar uma diminuição no declínio do DF durante o avanço da idade. Apesar disso, é possível que a alteração da CC na velhice seja um fator limitante para o DF, visto que maiores níveis de gordura corporal estão associados negativamente com a capacidade funcional, comprometendo a realização das AVDs de anciãos (WANDERLEY et al., 2023), embora essa hipótese ainda apresente controvérsias na literatura (RODRIGUES et al., 2016; PARDO et al., 2019). Materiais e métodos: Trata-se de um estudo descritivo com delineamento de corte transversal realizado com 108 pessoas idosas de ambos os sexos (n=98 feminino; n=10 masculino), idade média 68,9 anos (DP=5,58), participantes de um programa de treinamento composto por exercícios de força, flexibilidade e resistência. A CC foi mensurada pelo DEXA e o DF pela Escala de Lawton. Para análise inferencial, após o teste de normalidade de ShapiroWilk, foi utilizada a correlação de Sperman para analisar a relação entre as variáveis e o teste U de Mann-Whitney para verificar a diferença entre os sexos (software Jamovi, versão 2.3, nível de significância α=0,05). Resultados e discussão: Não foram observadas associações significativas entre a CC (média=41,3;DP=6,78) e o DF nos participantes deste estudo (p>0,05), reforçando os resultados encontrados nas pesquisas de Rodrigues et al. (2016) e Pardo et al. (2019), sugerindo que a participação em programas de treinamento estruturados, independentemente da CC, é capaz de manter e/ou melhorar o DF relacionado as AVDs da PI. Adicionalmente, ao comparar as amostras por sexo verificou-se uma relação estatisticamente significativa no percentual de gordura (p<0,01), no qual, as mulheres apresentaram maiores níveis de CC (média=42,5; DP=5,90) quando comparados aos idosos do sexo masculino (média=30,1; DP=4,10). Conclusão: Programas multicomponentes de treinamento são capazes de manter e/ou melhorar o DF na realização das AVDs da PI, independentemente da CC. Todavia, urge a necessidade de mais evidências para apoiar os achados da presente pesquisa, promovendo ações voltadas para o envelhecimento saudável.

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