Resumo

Este estudo descreve a configuração de sete atletas e ex-atletas do Sistema Paraolímpico da Cidade de Curitiba em 2007, a pessoa com deficiência (“nós entre eles”), como se constituiu e como se constitui, identificando-as sob as características de estabelecidos e outsiders de Norbert Elias em sua obra homônima com Scotson. Para isso, fez-se um resgate histórico das Paraolimpíadas explicando não somente a formalização da estrutura internacional e nacional, mas também evidenciando as reformulações necessárias pelas particularidades e diversidades do grupo que dela fazem parte. A teoria que dá suporte a esta interpretação é a Sociologia Figuracional de Elias, segundo a qual compreende-se o processo civilizador numa interlocução da trajetória das pessoas com deficiência até sua inclusão social. A abordagem elisiana, por meio de seus principais conceitos – interdependência e configuração –, permite compreender a construção histórica da identidade do deficiente para descrever a configuração inacabada em que este grupo se encontra contemporaneamente, observando suas relações de poder e estatus. Enquanto o conceito de interdependência tem como fundamento a idéia de que os indivíduos fazem parte uns dos outros, configuração é a rede dessas interdependências, em constante transformação. Assim, o que se analisou nesta dissertação são as características dos processos pelos quais as atletas e ex-atletas paraolímpiucas passam à medida que se conhecem e se reconhecem incluídas e excluídas socialmente. Reconhecem-se incluídas quando atletas participando de competições mas excluídas quando se aposentam e quando percebem a condição de atleta independentemente da deficiência diante da falta de patrocínio, ou valorização profissional do esporte. Foram nos excertos dos relatos transcritos que as mulheres entrevistadas evidenciaram seus sentimentos de orgulho, por participarem desta pesquisa, entendendo-a como registro da história do desporto adaptado. Através das entrevistas pode-se ver que o esporte foi para muitas delas uma forma de se sentirem incluídas novamente, distanciando-as das demais deficientes e da exclusão. 

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