A Configuração do Financiamento do Governo Brasileiro Ao Esporte de Rendimento.
Por Natasha Santos (Autor), Marcelo Moraes e Silva (Autor), Amanda Jorge Corrêa (Autor).
Parte de Políticas Públicas e Esporte no Brasil . páginas 93 - 113
Resumo
O presente artigo visa mostrar quais foram as configurações[1] que constituíram o financiamento ao esporte de rendimento no Brasil. Guimarães (2009) aponta que, desde as Olimpíadas de Sydney no ano 2000, existe um amplo debate no país sobre a necessidade da ampliação do financiamento governamental aos atletas. Tais reivindicações se intensificaram após a eleição da cidade do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A esfera federal passou a ser cobrada a fornecer bases para o desenvolvimento do esporte nacional, visando tornar o país uma verdadeira potência olímpica.
Mesmo antes da escolha do Rio de Janeiro, já se podia observar de vários “jogadores” um movimento nesse sentido. A entrevista dada pelo então secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, o ex-nadador e medalhista olímpico Djan Madruga, poucos dias antes do início dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, mostrou essa intencionalidade:
Por todo o dinheiro que foi repassado para a preparação olímpica, queremos que, no mínimo, o Brasil tenha desempenho igual ao de 2004. […] Nosso plano é seguir essa evolução e ficar entre os dez primeiros do mundo em 2016, mesmo que a Olimpíada não seja no Rio (HOFMAN; LEAL, 2008, p.10).
Tal discurso foi intensificado na preparação para os Jogos de Londres 2012 e a questão do financiamento, visando colocar o Brasil entre os 10 primeiros colocados no quadro geral de medalhas, foi um assunto corrente nos meios de comunicação de massa. Conforme se percebe na fala do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman:
Temos o desafio de colocar o Brasil entre os ‘top ten’ e já estamos trabalhando para isso. O COB tem detalhado um planejamento para cada modalidade, de acordo com o nível que cada uma se encontra e onde pode chegar. Em conjunto com as Confederações Brasileiras Olímpicas e com o apoio do Ministério do Esporte, do governo federal, dos estados, das prefeituras e dos patrocinadores, vamos aperfeiçoar a estrutura de treinamento e oferecer todas as condições para que nossos atletas tenham excelente participação diante da torcida brasileira em 2016 (RECORD, 2012, s.p)
[1] O conceito de configuração utilizado neste texto é inspirado nos ensinamentos teóricos do sociólogo alemão Norbert Elias (1999). O autor argumenta que as configurações são oriundas, primeiramente, de outro conceito: o de jogo. A configuração é entendida como um “padrão” criado pelos diversos jogadores – padrão este mutável, que compreende o conjunto criado pelos jogadores através de suas mentes e suas ações nas relações.