Resumo
Com o passar dos anos a relação entre o idoso e a atividade física se tornou extremamente comum na nossa sociedade. A mídia, o saber médico e o Estado propalam a importância de um estilo de vida ativo que potencializa as chances do alcance da longevidade. Esta tese buscou compreender como o campo das práticas de atividades físicas para os idosos se configurou na sociedade brasileira, já que em um passado recente essa relação era de afastamento. O referencial teórico que possibilitou a elucidação do problema do estudo foi a Teoria dos Campos proposta por Pierre Bourdieu (1983), que permitiu analogias e prováveis influências entre diversos campos sociais, primordialmente com o campo do idoso na perspectiva internacional, que por ser precursor serviu de exemplo para a construção do campo do idoso e o da atividade física brasileira. Acredita-se que o período compreendido entre os anos de 1960 e 1980 tenha sido fundamental dentro dessa dinâmica, configurando-se como o recorte temporal utilizado por este estudo. Para o alcance dos objetivos metodologicamente dividimos o campo das práticas de atividades físicas para idosos em dois subcampos: sendo o primeiro o da intervenção que representa as práticas físicas propriamente ditas e o segundo o da teorização/pesquisa que compreende a análise das publicações tais como artigos, livros, periódicos além do conhecimento produzido nos programas de pós-graduação scricto-sensu em Educação Física. Também utilizamos a história oral como fonte primária que associada à fundamentação teórica do estudo, possibilitou articular e confrontar as informações obtidas. Através de seis entrevistas não estruturadas, do tipo guiada, com protagonistas elencados a partir da sua relevância na produção do conhecimento na área do idoso e/ou atividade física, construímos uma versão para o processo de gênese das práticas de atividades físicas para idosos no Brasil. As influências dos campos médico, econômico, político e educacional em maior ou menor escala acabaram por forjar o campo do idoso disseminando seus diretos e deveres. Somente a partir dessa construção o campo das atividades físicas para os idosos se constituiu como um apêndice, principalmente para a classe média, deflagrando novas atitudes, condutas, percepções enfim, uma mudança de habitus, um novo olhar que transformou o medo em confiança, a dúvida em certeza, o sedentarismo em dinamismo, a eminência da morte em ampliação de vida, enfim o arquétipo do homem moderno dos “novos velhos” brasileiros.