Resumo
Pesquisas a respeito dos mais diversos significados e representações que o corpo assume nas práticas corporais, em especial, no futebol, têm conquistado um espaço cada vez maior no campo dos estudos sobre o movimento humano, cultura e educação. Este estudo teve como objetivo compreender certos aspectos inerentes ao futebol que contribuem na construção do corpo no futebol de mulheres e suas relações com a saúde. Fundamentados na fenomenologia existencial do filósofo Maurice Merleau-Ponty buscamos considerar as experiências vividas de quinze jogadoras da equipe do Cruzeiro Futebol Clube da cidade de Macaíba/RN. Realizamos entrevistas com vistas a conhecer a trajetória atlética das jogadoras. Identificamos as principais motivações para início e continuidade da prática, bem como as sensações vivenciadas na prática esportiva, além de compreender como as jogadoras percebem a construção de seu corpo no futebol e suas relações com a saúde e conhecer os principais elementos que a prática futebolística envolve, no que diz respeito às significações que elas atribuem ao corpo e ao treinamento das atletas, além de suas alimentações As compreensões apresentadas apontam relações entre corpo, saúde e esporte, a partir das quais identificamos a multiplicidade das maneiras como as atletas constroem seus corpos no futebol. Para as jogadoras do Cruzeiro de Macaíba, o corpo se constrói tendo como ideia o corpo ferramenta que é aquele treinado para desempenhar o esporte, que é cuidado com vistas ao rendimento; o corpo físico, aquele visto pela aparência, padronizado, modelado; e o corpo atlético, aquele que é musculoso, produto do esporte em que está inserido, e que, por vezes, é saudável (mas nem tanto). Apresentamos a necessidade de se considerar o ser em sua totalidade, oportunizando o entendimento do ser humano em seu modo de estar no mundo, seja nas questões socioculturais, físicas, espirituais, afetivas ou psicológicas. Este estudo permitiu tecer contribuições para a área da Educação Física no sentido de aflorar um modo de ver e enxergar a saúde na Educação Física numa perspectiva existencial. Nesse sentido, poderá possibilitar ao profissional a liberdade para conduzir suas práticas sem se deter aos modismos impostos pela cultura física de saúde, além de poder direcionar os sujeitos envolvidos ao reconhecimento dos limites e possibilidades do próprio corpo e de sua saúde, colaborando para uma percepção que valoriza o ser enquanto uno, as suas relações, suas experiências e, sobretudo, seus quereres.