Resumo

A preocupação atual com a questão da saúde surgiu a partir da década de 70, e
tem conduzido a uma reflexão no contexto do indivíduo autista interferindo
nas estratégias de convivência e bem-estar. Esta investigação identificou
elementos que apontaram a uma melhor qualidade de vida desses atores
compartilhando nesta busca a natação enquanto atividade física. A abordagem
foi a descritiva qualitativa observacional. Os sujeitos foram 7 indivíduos do
Projeto de Atendimento ao Portador de Deficiência da ESEF- UPE; e os pais.
A coleta dos dados ocorreu em três momentos. O 1º através da observação
das aulas de natação, o 2º foi aplicado um questionário com os pais, e o relato
sobre a história de vida; o 3º o acompanhamento das aulas individuais. O
material foi analisado à luz dos conteúdos das variáveis, seguidas de uma
interpretação das semelhanças. As categorias analíticas foram trabalhadas em
grelhas de leitura. Foi possível inferir que o perfil social dos autistas situou na
faixa etária entre 08 e 24 anos. O tempo de prática da natação 57,0% praticam
no período entre 24 e 35 meses, destes 25,0% das mães identificaram uma
melhoria no aspecto funcional e 75,5% uma melhoria no aspecto relacional.
Enquanto 43,0% praticam a mais de 36 meses, destes 66,6% das mães
identificaram uma melhoria no aspecto funcional, enquanto 33,4% no aspecto
relacional. Tratando-se da estimulação da relação interpessoal, 86,0% das mães
procuravam trazer o filho, ao convívio familiar, destas 83,4% freqüentam lugares
públicos, 16,6% evitam freqüentar. Enquanto 14,0% das mães não costumam
conversar, pois o filho-problema dá trabalho e ocupa o tempo, daí não
freqüentam lugar público. Os resultados advindos da história de vida apontaram
fragmentação da estrutura familiar devido à ausência das relações sociais do
estar-próximo no cotidiano. Essa atitude é reflexo de um momento árduo,
devido a não concretude do filho sonhado e do gerado. Conclui-se que a natação
influencia positivamente no desenvolvimento da psicomotricidade, tanto no
aspecto funcional quanto no relacional. Pois com a sua prática os atores passaram
a perceber o seu ambiente, e a se relacionar com pessoas. A metodologia adotada
nas aulas permitiu aos pais observarem e avaliarem as múltiplas possibilidades
corporais do filho, permitindo retroalimentar na família uma maior valorização
do filho-problema, proporcionando uma melhor convivência consigo mesmo,
com os outros e com o meio que o cerca.

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