A Copa do Mundo Chega à Escola: Perspectiva Das/os Alunas/os Sobre o Megaevento Sediado no Brasil (e na Escola)
Por R. S. Miguel (Autor), Elaine Prodócimo (Autor).
Resumo
Em 2014 o Brasil foi sede da Copa do Mundo de futebol masculino, megaevento esportivo dos mais famosos do mundo. Sediá-lo no Brasil trazia vários significados. Desde alimentar o orgulho da nação, cultivando o nacionalismo, até promover mudanças sócio-políticas e econômicas no país. Durante grande tempo (no Brasil, mais do que no mês do evento) as atenções se voltaram ao megaevento de várias formas. E as escolas não ficaram de fora das transformações e influências. Alterações no calendário escolar e projetos sobre a Copa do Mundo foram fatos que movimentaram a escola pública brasileira em 2014. Mas não é somente por esses meios que a Copa do Mundo "entrou" na escola. Ela se fez presente por se compreender enquanto evento de futebol, fenômeno sociocultural de enorme repercussão social e significância para os indivíduos que compõem o contexto escolar. Também por meio de produtos, marcas, notícias, mídia, importantes influências. As/os alunas/os assumem protagonismo na escola e contribuem decisivamente com o que lá se encontra. O que elas/es carregam e suas opiniões em relação ao que acontece na sociedade são fundamentais para o trabalho pedagógico preocupado em formar cidadãos. Portanto, o estudo desenvolvido teve a intenção de discutir as perspectivas das/os alunas/os do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Campinas-SP em relação à Copa do Mundo no Brasil, e de certa forma, à presença dela na escola. A produção dos dados ocorreu por meio de questões respondidas por escrito pelas/os alunas/os com realização em seguida de um grupo focal que visou debate-las coletivamente. Além disso, durante o estudo do conteúdo Copa do Mundo nas aulas de Educação Física e ao final dele, foram registradas em diário de campo pela professora, informações referentes às opiniões e perspectivas das/os alunas/os sobre o tema e o evento. Elas/ es se mostraram conscientes e sabedoras/es das mais atuais notícias sobre o evento, mas preponderantemente daquelas vinculadas pela mídia de grande alcance nacional. Demonstraram também contrariedade à realização do evento, utilizando-se de justificativas plausíveis (conferentes com a realidade do que aconteceu no Brasil nesse momento), mas trazendo pouco aprofundamento em relação ao que lhes conferia contrariedade ao evento. Também criticaram as ações políticas e oficiais que pretendiam "trazer" a Copa do Mundo para a escola - pelos projetos - sentindo-se desrespeitadas/os em diversos momentos. Isso nos leva a refletir sobre o papel da escola na vida dessas/es jovens, que possuem conhecimentos construídos fora desse ambiente, mas que muitas vezes, não são conhecidos ou são ignorados pela escola. O trato com o conhecimento na escola não pode ignorar os saberes das/os alunas/os e seria ingênuo achar que elas/es não trariam perspectivas interessantes em relação a um evento como a Copa do Mundo. Além disso, conhecer suas opiniões e perspectivas pode possibilitar o trabalho mais interessante em relação ao tema.