Resumo

A presente dissertação teve como objetivo investigar se o ser criança que vai à escola vivencia a sua corporeidade existencial. Para tanto, o escrito fundamentou-se na abordagem qualitativa, com enfoque fenomenológico, procurando a interpretação do fenômeno estudado. A pesquisa foi realizada em três escolas públicas pertencentes à rede estadual, todas localizadas na cidade de Uberaba/MG, no período de 20/08/2018 a 30/10/2018, escolhidas de forma intencional e os sujeitos protagonistas foram as crianças regulamente matriculadas no 1° ano do Ensino Fundamental. As turmas foram escolhidas através dos: 1. Ter turmas de primeiro ano do Ensino Fundamental I com crianças de 6 a 7 anos; 2. Ter professores (Regente e de Educação Física) com um mínimo de três anos de magistério; 3. Escolas com horários adequados para a realização da pesquisa; 4. Ter o aceite das instituições em participar da pesquisa, assim como dos professores e pais das crianças. Em cada escola foi escolhida uma turma para as observações. Como instrumento da pesquisa foi empregada a observação não participante e, para as anotações, foram utilizados dois diários de campo. No total, tivemos quantidade de 22 observações, sendo oito na Escola 1 (quatro em sala de aula e quatro nas aulas Educação Física), seis na Escola 2 (Três em sala de aula e três nas aulas de EFE) e oito na Escola 3 (quatro em sala de aula e quatro nas aulas EFE). Em cada aula observada anotamos nos diários as ações, falas e as intenções das crianças tanto na sala de aula quanto nas aulas EFE. Posteriormente, as informações foram transcritas, reduzidas e interpretadas conforme é sugerida pela Análise do Fenômeno Situado (GIORGI, 1978; MARTINS; BICUDO, 2005). A construção dos resultados gerou 22 quadros para análise ideográfica, e, para as reflexões dos resultados, foram gerados dois quadros de matrizes nomotéticas, uma para cada tipo de aula observada (sala de aula e aulas de EFE), que nos permitiu refletir sobre três pontos centrais: 1. A corporeidade criança em evidência na sala de aula; 2. Ser criança de corpo inteiro: as aulas de educação física; 3. Crianças inspiradoras: corporeidade na escola sim! O primeiro ponto de reflexão nos permitiu perceber que as crianças das Escolas 1 e 3 vivenciam sua liberdade, criação, invenção dentro da sala de aula, por outro lado, na Escola 2 as crianças são mais limitadas e já estão condicionadas às regras. O segundo mostrou que as crianças das Escolas 1 e 3 usam e abusam do ato de brincar, inventar e criar mundos imaginários, ao contrário das crianças da Escola 2. Já o terceiro ponto nos mostrou que embora haja tentativas de silenciar os corpos das crianças, elas conseguem se desvencilhar das amarras para ser serem quem são: crianças. Por fim, pudemos chegar às palavras de que as crianças vivenciam sim a corporeidade existencial nas Escolas 1 e 3, porém, as crianças na Escola 2 ainda são limitadas.

Citação: SANTOS, José Carlos dos. A corporeidade criança vai à escola?. 2019.185f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2019.

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