A Criação de Uma Associação Brasileira de Lazer: To Be Or Not To Be
Integra
Ao término do meu doutorado em 1988 nos Estados Unidos fui trabalhar na Faculdade de Educação Física da UNICAMP com o objetivo principal de ajudar a estruturar aquilo que viria ser mais tarde o hoje já extinto Departamento dos Estudos do Lazer. Na ocasião, de imediato, com outros colaboradores, escrevemos o “Plano de Cinco Anos/1989-93”. Entre as diversas iniciativas propostas, esse documento continha duas muito importantes: (a) a criação de eventos científicos na área (o ENAREL foi criado a partir desse documento em 1989) e (b) a organização da Sociedade Brasileira de Recreação e Lazer (SOBREL). Essa duas iniciativas justificavam-se pela necessidade de ampliar a criação de um corpo de conhecimento nessa então recém área de estudos, assim como difundir e orientar boas práticas, dentro de uma concepção de espiral virtuosa, na qual uma poderia retroalimentar outra.
Historicamente a recreação, quase que invariavelmente, esteve associada à Educação Física em muitos países e no Brasil não foi diferente, haja vista a criação da primeira Associação Brasileira de Recreação em 1957 como uma extensão da Associação dos Professores de Educação Física do Rio de Janeiro. Cinco anos antes já era criada a Associação Mundial de Recreação e Lazer (WLRA), hoje World Leisure. No entanto, em 1906 nascia a Associação Nacional de Recreação nos Estados Unidos que, ao longo do tempo, foi agregando quatro novos grupos de interesses distintos nessa mesma área de estudos e intervenção, fazendo com que em 1965 todas se juntassem para criar a Associação Americana de Recreação e Parques (NRPA). Após quase meio século, hoje são dez as organizações específicas que compõe essa associação que anualmente realiza seu congresso com a afluência de mais de oito mil pessoas e, em paralelo, uma feira de produtos e serviços com aproximadamente 400 empresas, cuja sede já está escolhida até 2021.
Enquanto isso, no Brasil, nos últimos 25 anos, a Associação Brasileira de Recreação no Rio de Janeiro foi extinta; a Associação Brasileira de Recreadores (ABRE) foi criada (2003) e, durante anos, a já mencionada Sociedade Brasileira de Recreação e Lazer, por inúmeras vezes, quase foi instituída. Surge neste ano a Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Estudos do Lazer (ANPEL), já anunciando o 1º Congresso Brasileiro de Estudos do Lazer (CBEL) para agosto de 2014, juntamente com a 15ª edição do Seminário “Lazer e Debates”.
Quem sabe um dia a chamada inexistência da dicotomia “teoria / prática” venha, de fato, a ser superada nessa complexa área de estudos e intervenção, através da união de esforços dos distintos grupos de interesse, sem descaracterizar as peculiaridades específicas de seus profissionais.
Abraços.
Bramante
Por Bramante
em 8-09-2013, às 0:20
2 comentários. Deixe o seu.
Comentários
Caro professor Bramante,
Está virando rotina ler seus posts e me identificar, nesse caso, por ser membro fundador da ABRE.
As escolhas e prioridades profissionais e pessoais me deixaram um pouco longe de todo esse movimento, mas a paixão e carinho que tenho pela entidade nunca me deixarão.
Parabéns pela reflexão (e aula de história).
Abs
A
Por ALAN Q COSTA
em 9-09-2013, às 18:26.
Continue participando por aqui que, como diz nosso mestre Laércio, temos muito a “tricotar”…:-)
Por Bramante
em 12-09-2013, às 9:52.