Resumo

A cultura afro brasileira no currículo da Educação Física é um estudo acadêmico
que investiga a consideração da cultura afro nos currículos desta disciplina em
escolas regulares e as implicações da lei 10.639 que determina a inclusão da
temática da história e cultura afro-brasileira no currículo oficial das escolas de
ensino básico da rede pública e privada. Na educação brasileira, a ausência de
reflexões aprofundadas sobre as relações raciais tem impedido a promoção de
relações respeitáveis e igualitárias entre os agentes sociais que integram o
cotidiano da escola. Ressaltar o tratamento dispensado à cultura-afro nos
currículos escolares é contribuir para a construção de uma escola plural, em
que as diferenças sejam problematizadas e reconhecidas em seu processo
histórico-social complexo, e muitas vezes violento de subordinação à outra
cultura. A pesquisa inclui uma revisão de literatura tratando de problematizar
a cultura afro no contexto sócio-histórico e uma discussão sobre a seleção e
marginalização de conteúdos no currículo constatando este como configuração
de um processo de seleção de culturas e saberes. Além de uma pesquisa de
campo com professores do ensino fundamental da área escolar da rede
municipal da cidade de Vitória ES, utilizando questões semi-estruturadas que
buscaram explorar as considerações dos professores sobre o assunto.
Constatamos que o discurso da Educação Física é de valorização da cultura
afro-brasileira, mas na prática, outros conhecimentos são contemplados. Os
sujeitos escolares parecem reconhecer a importância da cultura Afro na
constituição da cultura brasileira, na superação do preconceito racial e, de forma
geral, na valorização das diversidades. No entanto, relutam em incluir este
conteúdo, confirmando um histórico de marginalização das questões afetas à
cultura afro no currículo escolar. A lei 10.639 tem influenciado pouco nas
mudanças no currículo escolar: operam-se alguns projetos esparsos e tímidas
discussões em que os professores consideram as questões raciais resolvidas.
Neste caso, a alegação é de que, não há, na escola, problemas de discriminação,
já que, a maioria dos alunos é moreno ou mestiço, deixando transparecer a
falta de vontade de problematizar o assunto e a reprodução de idéias enraizadas
consoantes com o mito da democracia racial.

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