A Cultura Corporal de Movimento Dialogada com o Mundo Vivido do Educando
Por Silvia Pavesi Sborquia (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
É fato, na nossa sociedade, que a escola não consegue responder à lógica das relações
que estão sendo vividas. Também, não responde à identidade, pois não reconhece
as diferenças dos sujeitos portadores de identidade. Entendemos a escola como
uma instituição com condições de proporcionar ao educando a compreensão da
diversidade cultural e das diferenças existentes nos sujeitos portadores de identidade.
É nesse contexto que este estudo teve como objetivo geral: a construção de formas
de intervenções da cultura corporal de movimento, que proporcionasse o resgate da
experiência vivida do educando. Desse modo, a pesquisa foi desenvolvida durante o
ano letivo de 2005, em uma escola municipal da cidade de Londrina-PR.A delimitação
do universo da pesquisa compreendeu as aulas de Educação Física de uma turma de
quarta série do ensino fundamental. Os procedimentos adotados seguiram os
princípios da ação-reflexão-ação. Os dados foram coletados por meio de observação
participante. Para tal, recorremos às filmagens das aulas, assim como o contato
direto com os autores envolvidos nesse processo. O tratamento dos dados coletados
seguiu os princípios da análise de conteúdo e a técnica da análise temática. Os
resultados obtidos apresentaram formas de intervenção da cultura corporal de
movimento por meio do resgate da experiência vivida do educando. Durante todo
o processo de aprendizagem os alunos estudaram as manifestações da cultura corporal
de movimento presentes na sociedade local, trouxeram para a escola e re-interpretaram
os significados, reconstruíram novas formas de praticar essas manifestações, assim
como, reconheceram a sua própria história e se reconheceram como sujeitos
portadores de identidade cultural. As considerações finais deste trabalho nos
mostraram que a construção do conhecimento deve ser compreendida como
"mediação simbólica", nas interações de todos os envolvidos. Também, devem ser
respeitados os conhecimentos do "mundo vivido" de todos os participantes. Diante
disso, concluímos que não existem valores neutros nas formas de ver o mundo. Isso
posto, é fundamental que o professor tome consciência de que a realidade humana
é fruto do contato físico e, isso é o que permite compreender a pluralidade, gerando
tensões e conflitos e, também, atitudes de rejeição. Por outro lado, educação significa
diálogo, envolve o imaginário social e individual na aprendizagem. É um processo
de conflito e é o conflito que potencializa a aprendizagem.