Resumo

Este trabalho relata uma vivência profissional com pessoas da terceira idade em aulas de Dança e a percepção dos participantes neste tipo de atividade. Buscou-se fundamentação para uma dimensão da Dança como atividade que promovesse uma melhor qualidade de vida na fase do envelhecimento. A revisão bibliográfica indicou autores que apontam a atividade física como um dos fatores que favorece a melhoria da qualidade de vida na velhice, mas pouco se tem discutido sobre os aspectos sócio-afetivos nesta etapa da vida. A proposta foi implantada num trabalho voluntário de oito meses, com um grupo de 60 idosos, na faixa etária de 60 a 85 anos. Questionados sobre a profissão que exerciam, que deveria ser um referencial de vida, 90% respondeu "aposentado(a)", evidenciando uma crença na sua falta de utilidade social. Os motivos da procura pela atividade "fazer amizade" e "lazer" confirmam a questão da solidão e do abandono social. Sobre as mudanças percebidas após as atividades, os homens citam a "alegria" e mudanças na qualidade de vida (dormir melhor, melhora a respiração, não tomam mais remédios). Para as mulheres, "ampliou horizontes" e a idade é encarada de forma mais positiva. Este estudo não teve a intenção de solucionar problemas, nem colocar a Dança como fim, mas apresenta uma sugestão para minorar e transformar o sentido de perda que nos remete a palavra envelhecer. Talvez as respostas obtidas percam um pouco o brilho que envolve as questões científicas por não serem mensuráveis, mas como avaliar um sorriso? Quem pode dizer que alegria é umestado efêmero e que, portanto, não serve para análise ou qualquer conclusão?