Resumo

As transformações ocorridas nos últimos anos nos conceitos de dança e de educação em virtude da crise mundial de valores, princípios e ideologias, nos obrigam a repensar as relações hoje existentes entre a dança e a escola básica, relações estas que têm sido caracterizadas por um diálogo precário e acrítico. A enorme distância entre estes dois mundos faz com que se perpetuem e ressurjam discursos restauradores tanto para o ensino como para a dança que se distanciam cada vez mais das vivências corporais, temporais e espaciais do homem contemporâneo. Este trabalho reflete sobre a possibilidade de um processo educativo baseado no contexto em que ele é produzido, dando ênfase à diversidade e às múltiplas perspectivas para uma ação educacional na contemporaneidade. Nele discuto teorias para o ensino de dança que advogam uma maior proximidade entre as aulas de dança e a sociedade com o objetivo de compreender, transformar e desconstruir suas suposições e verdades universais para que possam ser construídas pontes entre o mundo da dança contemporânea e o universo da escola básica. Para tanto, foi feita uma discussão a partir de análise, crítica e desconstrução de um projeto artístico-educativo que concebi, coordenei e realizei no ano de 1993 na rede estadual de ensino de São Paulo. Este projeto estabeleceu um diálogo mais próximo entre a dança contemporânea, a escola e seus alunos(as) jovens, tendo assim proposto alternativas para que a educação possa acrescentar mais uma possibilidade de existir, escolher e vivenciar o corpo, o tempo e o espaço contemporâneos através da dança no ambiente escolar.

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