Integra

Num país em que pulsam o samba, o bumba-meu-boi, o maracatu, o frevo, o afoxé, a catira, o baião, o xote, o xaxado o funk, o rap, o hip-hop, as danças de salão, as danças eruditas como a clássica, a contemporânea, a moderna e o jazz entre muitas outras manifestações, é surpreendente o fato de a Educação Física ter promovido apenas a prática de técnicas de ginástica e (eventualmente) danças européias e americanas. A diversidade cultural que caracteriza o país tem na dança uma de suas expressões mais significativas, constituindo um amplo leque de possibilidades de aprendizagem. (PCNs, 1997).

A importância da Dança / Educação em seu aspecto interdisciplinar é possibilitar o processo criativo a autonomia e liberdade do indivíduo, possibilitando ao educando articular uma relação mais próxima entre o homem e a natureza, através da observação, sensibilização e experiências que estabelecem uma íntima relação entre os mesmos. Assim, o educando ao vivenciar corporalmente através do movimento, o tamanho, o ritmo, os movimentos dos objetos pelos fatores físicos como o espaço-temporal, peso e fluência, desenvolverá seus potenciais físico, mental, emocional e ficando mais sensível ao mundo que o cerca.

A Dança / Educação possibilita criar no educando uma consciência crítica exigente e ativa em relação ao ambiente que a cerca e estabelecer parâmetros de qualidade de vida do seu cotidiano. Por meio do domínio do seu corpo e de seus movimentos, o educando poderá entender melhor o sistema de objetos naturais e artificiais, o conjunto de estímulos sensoriais, perceber as formas e cores, os cheiros, os sabores, as formas de ruídos e movimentos. Desta maneira,
os conteúdos deste bloco são amplos, diversificados e podem variar muito de acordo com o local em que a escola estiver inserida. Sem dúvida alguma, resgatar as manifestações culturais tradicionais da coletividade, por intermédio principalmente das pessoas mais velhas é de fundamental importância. A pesquisa sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes, com características diferentes das danças e brincadeiras locais, pode tornar o trabalho mais completo. (PCNs, 1997)

A dança como conteúdo da Educação Física escolar tem como objetivo levar a conhecer as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado forte/fraco, rápidos/lentos, fluidos/interrompidos, intensidade, duração, direção, sendo capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capazes de improvisar, de construir coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas manifestações expressivas, contribuindo diretamente para a formação do cidadão, pois, aprender a dançar envolve, além do desenvolvimento das atividades artísticas e estéticas, apreciar arte e situar a produção social da arte de todas as épocas nas diversas culturas.

Os Temas Transversais no que diz respeito aos aspectos que abordem diretamente a dança, podemos retratá-los através de: improvisações; composições coreográficas contextualizadas a partir da história, das ciências sociais e da estética.

Já a dança como Pluralidade Cultural o corpo em si já é uma expressão da pluralidade. No Brasil, encontramos diferentes biótipos e sua imensa variedade de movimentação, tornando-se evidente os aspectos sócio-político-culturais nos processos de criação em dança. Conforme as idéias de Marques (2003): Dançar, compreender, apreciar e contextualizar danças de diversas origens culturais pode ser a maneira de trabalharmos e discutirmos preconceitos e de incentivarmos nossos alunos a criarem danças que não ignorem ou reforcem negativamente diferenças de gênero.

A Dança e Ética devem ser no contexto de cada aula, através de reflexões. Como devo agir com o outro? (PCN,1997). Todavia, a Dança e Orientação Sexual conforme a proposta do documento supracitado pode incluir dentro de seus processos artísticos discussões, problematizações e questionamentos sobre corpo, dança e convívio social que incluam as transformações corporais na adolescência, relações de gênero, padrões de beleza e a mídia.

A Dança enquanto Educação para a saúde promove oportunidade para que os alunos identifiquem problemas, levantem hipóteses, reúnam dados e reflitam sobre situações relacionadas ao fazer e ao pensar essa arte na escola associada a ma vida saudável. Centrada no corpo, as aulas de dança podem traçar relações diretas com situações de dor e prazer, alimentação, uso de drogas e prevenção e cura de lesões, sem que se afaste de seus conteúdos específicos.

Portanto, a Dança e o Meio Ambiente devem intervir e transformar as relações humanas e/com o meio ambiente. No âmbito do ensino de dança, esta cooperação pode se dar simultaneamente em diversos níveis: Como um processo corporal interno. Ouvir, sentir, perceber e experimentar conscientemente as relações entre a respiração, musculatura, cadeias ósseas e as qualidades de movimento, a ocupação do espaço e a escolha das ações.

Por meio da Dança, o aluno experimenta outro meio de expressão diferente da palavra. Ao falar com o corpo, ele abre a possibilidade de conhecer a si mesmo de outra maneira e melhorar sua auto-estima. O simples prazer de movimentar o corpo alivia o stresse diário e as tensões escolares.

Nosso objetivo é valorizar diversas escolhas de interpretação e de criação, na escola e na sociedade. Situar e compreender as relações entre corpo dança e sociedade. E para atendermos aos objetivos propostos iremos trabalhar com temas que busquem desenvolver e contribuir para: a consciência corporal; expansão do vocabulário de movimento; a socialização e cooperação em grupos; a valorização da cultura.

A sociedade contemporânea, é importante levar os alunos à reflexões sobre o que é corpo, sobre sedentarismo que vivemos, sobre os movimentos mecânicos próprios da segunda metade do século XX até os tempos atuais, para que percebam o quanto é fundamental desenvolver o movimento consciente..

A dança como conteúdo da Educação Física escolar, também busca contribuir para implementar novas oportunidades de lazer e de ampliação da cidadania, colaborando para a construção de uma base menos distante de relacionamento entre os distintos grupos sociais que compõem a sociedade brasileira. Trata-se, portanto, de pensar a cultura como meio de criação para a liberdade e para um desenvolvimento integral de nossa comunidade.

Considerações finais

Existem coisas que não podem ser medidas pelos padrões convencionais. É o caso dos sonhos da imaginação, da fantasia. O sonho pode ser pequeno, mas pode transformar-se em algo muito maior. Na verdade, não é o sonho em si que importa, mas o que fazemos com ele.

Vimos o quanto a Dança pode contribuir para a formação psicossocial do indivíduo e como esta poderá ser aproveitada dentro do contexto escolar. Entendo que a partir destes esclarecimentos à dança poderá ser vista como mais um elemento capaz de possibilitar ao educando autonomia e consciência crítica.

Consideramos que a Dança na Escola poderá abrir novos caminhos que vise uma maior qualidade de ensino.

As autoras, Penha de Souza Paulo e Rosângela Maria da Silva são graduandas em Educação Física na UNIAB, e a professora Ana Patrícia da Silva, é licenciada em Educação Física e mestranda em Educação/UFRJ, UNIABEU.

Bibliografia

  • Brasil. Lei n. 9.394, 20 dez. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Ministério da Educação, 1996. 24 p.
  • Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Brasília: MEC/SEF, 1998.
  • Coletivo de autores. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
  • Radespiel Maria. Alfabetização sem segredos: novos tempos: educação física. Contagem: Iemar, 2000.