Resumo

A presente dissertação analisou a dança “No Panojé” tomada como uma prática corporal e marcada pela relação sagrado-profano. Tal prática envolve e evidencia a tradição, memória e o conhecimento dos povos originários Ngômejti da etnia Kayapó/Mẽbêngôkre. Especificamente, foram descritas as técnicas corporais que caracterizam a dança “No Panojé, em conjunção à relação sagrado-profano que lhe é subjacente, com o intuito de identificar os elementos formadores do sagrado tal qual concebido por aquela comunidade. Para tanto, fez-se uso da abordagem etnográfica aplicada à comunidade Ngômejti, ao passo que, de modo complementar, foram recorridas a observação participante e a realização de entrevistas com um roteiro semiestruturado. Relativamente ao referencial teórico que legitimou a posterior análise dos dados decorrentes da abordagem etnográfica, destaque para Victor Turner, Marcel Mauss, Viveiros de Castro, Beleni Salete Grando, Arthur Almeida, Juliana Guimarães Saneto etc. Dito isto, houve por bem interrelacionar autores da Socioantropologia e da Educação Física. Com efeito, foi possível realizar duas entrevistas, uma com Tutuu Kayapó e outra com Yara Kayapó, dois sujeitos imprescindíveis à execução da pesquisa. As entrevistas duraram 42 min e 28 min, cujo foco foi o de compreender a dança “No Panojé” e a comunidade Ngômejti. Após essa etapa, algunsresultados não tardaram em aparecer, a saber: evidenciou-se sobremaneira a dança enquanto meio que remonta ao domínio do sagrado/profano; tal relação será retratada diretamente na formação e nos movimentos/gestualidades conformadas na dança. Identificamos ainda algumas técnicas corporais oriundas da dança com uma sequência constante de movimentos nomeadamente batidas fortes com o pé direito e fracas com o pé esquerdo, os corpos são unidos sem deixar espaço entre eles, os movimentos sempre são realizados em sequência para frente acompanhada da cantoria intitulada ô ha No Panojé, ou como os Kayapós chamam (Kukrádja). Além de tudo foi possível perceber o corpo das Nyras como principal instrumento que remonta à memória, tradição e saberes partilhados. Em última análise, vale destacar que ao fim de todo o processo ritualístico ganho de experiências, transmissão de conhecimentos, em particular, a educação corporal que se dá através da interação dos mais novos com os mais velhos da comunidade.

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