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Mulheres e homens precisam de dietas diferentes para emagrecer. Essa tendência ganha força nas clínicas - e muitos especialistas assinam embaixo

Cilene Pereira, Eliane Lobato e Lena Castellón

Na velha luta contra a balança, a mais nova mania é seguir a dieta de Marte e de Vênus. Estranho? Nem tanto. Este é o nome do regime e do livro lançados neste mês no Brasil por John Gray, o famoso autor do best seller Homens são de marte e mulheres são de vênus, no qual pontua diferenças de comportamento entre eles e elas. Embalado pelo sucesso do gênero, Gray enveredou pelo estudo das diferenças biológicas entre os sexos e, ancorado nelas, formulou uma dieta feita sob medida para cada um. O resultado é outro best seller.

Na obra, Gray afirma basicamente que as mulheres são governadas pela serotonina, um dos hormônios que fazem a comunicação entre os neurônios e que está associado à sensação de bem-estar. E os homens são dependentes da dopamina, outra substância cerebral, relacionada ao vigor. Segundo ele, isso faz toda a diferença em relação aos alimentos que devem ser ingeridos por um e por outro para manter a saúde e emagrecer. Gray não está sozinho nessa defesa. Muitos médicos e nutricionistas começam a levar em consideração as diferenças hormonais e físicas entre homem e mulher na hora de prescrever um regime ou plano de reeducação alimentar, como preferem chamar.

Segundo esses especialistas, faz diferença, sim, a variação de hormônios. Primeiro vamos a elas: a falta de serotonina deixa as mulheres, entre outras coisas, mais vulneráveis a doenças como depressão. O que isso tem a ver com a alimentação? Tudo. Os carboidratos – pães e massas entre eles – e doces como chocolate ajudam na produção da serotonina. O desejo por esses alimentos aumenta no final da tarde, quando a redução do hormônio é mais expressiva. No período pré-menstrual, o quadro se agrava. Por isso, nessa fase é melhor manter uma proporção de até 60% de carboidrato no cardápio. “Não adianta recomendar à mulher para evitá-lo totalmente”, confirma o endocrinologista Filippo Pedrinolla, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade.

Por outro lado, não se pode liberar tudo. “É preciso incluir maior concentração de carboidratos obtidos das frutas e dos legumes, por exemplo, e dos cereais integrais”, explica o endocrinologista Tércio Rocha, da Academia Internacional Anti-envelhecimento. A preferência por alimentos integrais tem justificativa. “Eles são metabolizados mais lentamente, o que ajuda a manter a produção contínua de serotonina”, afirma a nutricionista Roseli Rossi, da Clínica Equilíbrio Nutricional, de São Paulo. Além disso, essa categoria de alimentação fornece um aporte maior de fibras, fundamental para as mulheres, mais vulneráveis ao problema do intestino preso do que os homens. Aliás, antes da menstruação, esse problema se acentua. Para combatê-lo, a nutricionista Alessandra Rodrigues, de São Paulo, adiciona ao cardápio sementes de linhaça, ricas em fibras.

Além da serotonina, pesa para o metabolismo da mulher a ação do estrógeno e da progesterona, hormônios responsáveis pelas características femininas. Os dois interferem diretamente na maneira como a gordura corporal se distribui, facilitando o acúmulo no quadril e no culote. Eles também influenciam na retenção de líquidos, gerando inchaço. Por isso, o regime deve contemplar porções generosas de alimentos diuréticos. Frutas como melancia e melão são ótimas opções. Para piorar, a mulher possui maior número de células de gordura e apresenta a chamada taxa de metabolismo basal mais baixa. Este índice representa quanto o organismo queima de energia para se manter funcionando em repouso. “Parados, os homens gastam até 1,6 caloria por minuto e as mulheres, 1,1”, informa o médico especialista em nutrição Alexandre Merheb, do Rio de Janeiro. Isso quer dizer que elas têm muito mais dificuldade para perder peso, já que queimam menos calorias.

Agora, a eles. A dopamina está para os homens como a serotonina está para as mulheres. “Ela dá energia. E se cair demais, pode haver perda de concentração, por exemplo”, defende o escritor John Gray. Em vez de correr para os doces e carboidratos, como as mulheres, eles disparam em busca de proteína, nutriente que contribui para a síntese de dopamina, embora de maneira indireta. Na verdade, as proteínas auxiliam na fabricação da testosterona, o hormônio das características masculinas. Ocorre que o próprio hormônio ajuda na produção da tal dopamina. Então, quanto mais proteínas, mais testosterona e mais dopamina.

Na opinião de especialistas, esse é um ponto a ser considerado. Não podem faltar no prato dos homens alimentos como carnes (sem gordura) e ovos, ricas fontes de proteínas. É o que acontece com o empresário André Castro, de São Paulo, que de manhã ingere uma omelete de claras e queijo branco light. Já sua mulher, Alessandra, começa o dia com torrada e cream cheese light. “Ele come pouco carboidrato. Para perder peso chegou a seguir um regime hiperprotéico durante 20 dias”, lembra Alessandra.

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