Resumo

Este estudo visa compreender como ocorreu a implantação dos clubes esportivos náuticos em cidades do interior do estado do Rio Grande do Sul na década de 1910. Os primeiros clubes foram fundados no fim do século XIX: na cidade de Pelotas, o Club de Regatas Pelotense em 1875; em Porto Alegre, o Ruder Club Porto Alegre, em 1888; e, na cidade de Rio Grande, o Club Fluvial de Regatas em 1897. Na transição do século XIX para o XX, evidenciou-se a organização de novos clubes náuticos no estado, os quais se multiplicaram nas primeiras décadas do século XX. Justifica-se a realização desta pesquisa pelo fato de que poucos estudos foram realizados sobre os clubes náuticos do interior do Brasil, visto que a maior parte foi desenvolvida nas capitais portuárias. Para a metodologia da pesquisa, o corpus documental foi construído principalmente por jornais do Rio Grande do Sul, publicados no período definido para o estudo, como o jornal A Federação e O Independente, entre outros. Após a etapa de levantamento de fontes, estas foram digitalizadas e inseridas em um software para a análise qualitativa dos dados. A extração de informações das fontes históricas foi guiada por dois conceitos, a saber: Esportivização, entendida como o processo de incorporação de elementos característicos do esporte pelas práticas náuticas (MARTÍNKOVA; PARRY, 2012) e Contatos Culturais, definido como trocas culturais que ocorrem por meio de uma variedade de conjunturas, provocando diferentes reações e distintos resultados (BURKE, 2003). As fontes demonstraram que, a partir da década de 1910, clubes náuticos foram organizados nas cidades de São Leopoldo, Jaguarão, Alegrete e Uruguaiana, pela iniciativa de imigrantes e seus descendentes. As práticas náuticas esportivizadas chegaram a grande parte das cidades do interior do estado pela iniciativa de membros dos clubes porto-alegrenses, que através de excursões ou contatos com habitantes interioranos, pretendiam disseminar estes esportes. É plausível que os clubes náuticos desempenharam papel relevante na reinvenção da cultura sul-rio-grandense.