Resumo

O final do século XIX foi um período de grandes transformações sociais e culturais na cidade Rio de Janeiro. Os saberes médicos foram dos mais importantes nessas transformações. O objetivo desse trabalho é compreender as representações médicas sobre a educação física em um impresso do período, os Annaes Brasilienses de Medicina. Segundo os autores que publicaram nesse impresso, o Rio de Janeiro apresentava uma realidade insalubre, contaminado com diversas formas de miasmas e com um clima quente e úmido que seriam as causas para que algumas doenças estivessem presentes no cotidiano das pessoas que ali viviam. Porém, parte dos médicos que escreviam no impresso pesquisado, defendiam que o clima do Rio de Janeiro não era o principal causador das enfermidades acometidas pela população, e sim os hábitos europeus que passaram a ser usados pelas pessoas que viviam no Rio de Janeiro. Para solucionar essas questões as normas de higiene deveriam ser seguidas e a educação física seria uma ferramenta de implantação dos conceitos higienistas. Uma parte da educação física recomendada era a ginástica racional. Ela deveria ser aplicada em todos os indivíduos, mas com diferentes aplicações, pois as pessoas apresentavam funções sociais distintas. Enquanto os homens precisavam que a ginástica lhe desenvolvesse força para realizarem as diversas tarefas diárias enfrentadas por eles, as mulheres precisavam da ginástica para desenvolver principalmente as funções maternas e a capacidade de educar fisicamente as crianças. A ginástica também era encarada como importante elemento na formação integral do indivíduo dando suporte para a formação de um corpo forte capaz de suportar uma mente forte. Mesmo sabendo que o saber médico não era o único que podia agir na educação física, nesse trabalho, percebemos que as representações contidas no impresso pesquisado viam a ginástica racional como importante elemento da educação física e ferramenta higiênica.