Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar de que modo a cultura lúdica das crianças, manifestada em espaços não formais, é praticada em aulas de Educação Física escolar. O termo Cultura Lúdica concerne à ideia de que o brincar e o jogar constitui espaços de criação cultural por excelência. Ademais, o brincar, o jogar e o construir brinquedos ou manusear objetos em brincadeiras, não se reporta a uma dinâmica interna do indivíduo (inatismo), mas sim, a uma atividade dotada de uma significação social que necessita, assim como outras, de uma aprendizagem. Nesse sentido, tomando a cultura como algo dinâmico, a Cultura Lúdica seria um conjunto de jogos, brinquedos construídos e brincadeiras que são aprendidos (pela transmissão oral dos mais velhos ou não), reproduzidos e, mormente, ressignificados (jogos que são transformados devido à necessidade de um determinado grupo de crianças). Destarte, entendemos que ao assumir o jogo e a brincadeira na Educação Física escolar, como conteúdo e objeto pedagógico, estes precisam ser preservados na sua intencionalidade. Com isso, a cultura lúdica infantil que as crianças trazem de suas vivências em espaços não formais (rua, parque, clube etc.), precisa ser considerada no âmbito escolar. Portanto, defendemos que os jogos e as brincadeiras no âmbito da Educação Física escolar precisam ultrapassar as perspectivas recreacionista ("jogo pelo jogo"), utilitarista (o jogo e a brincadeira concebidos unicamente como ferramenta pedagógica) e do jogo como treinamento, às quais, comumente, descaracterizam os jogos, brinquedos e brincadeiras atinentes à Cultura Lúdica infantil. A presente pesquisa foi desenvolvida na cidade de São Sebastião do Paraíso/MG, tendo como sujeitos da pesquisa oito professores de Educação Física e vinte alunos de 4º e 5º ano do Ensino Fundamental da rede pública de ensino. Os dados foram produzidos por intermédio dos seguintes instrumentos: audiogravação das entrevistas semi-estruturadas e diário de campo dos pesquisadores. Os dados foram analisados de modo inferencial, por meio de uma interpretação dos mesmos, considerando, sobretudo, duas etapas: entrevista com professores; entrevista com alunos. De resto, os resultados indicam que o jogo, brinquedo e brincadeira, pertencentes à cultura lúdica infantil, são pouco praticados e explorados pedagogicamente em aulas de Educação Física escolar.

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