Resumo

Diante de uma história contada pela literatura especializada, que concebe a Educação Física (EF) em diferentes momentos históricos como preponderante nos planos do Estado e da classe dominante na concepção de sociedade vislumbrada, nos propusemos a investigar as nuances dessa história que comumente desconsidera os professores de EF como agentes do processo de construção desta área do conhecimento. A forma determinista como tal literatura aborda o período em questão, como se o modo de produção fosse capaz de determinar todas as ações daqueles indivíduos, enquadrando-os num sistema causa-efeito em que o sujeito pouco pode controlar os rumos de seus atos, nos levou a erigir uma hipótese alicerçada na vivencia pedagógica dos professores, ou seja, a EF, como área profissional, composta por diversos atores sociais, aproximava-se, e ao mesmo tempo, afastava-se da visão estatal. Suas posições eram determinadas não por forças exclusivas de um governo autoritário, mas também pela perspectiva individual dos professores pela mudança de cenário da Educação Física escolar (EFE). Diante disso, para alcançarmos o objetivo do estudo nos valemos da metodologia proposta pelo historiador Paul Thompson, a história oral, ancorando nossas análises no conceito de experiência de Edward P. Thompson. Concluímos que, apesar de o conteúdo esportivo ter sido relatado como hegemônico no período, não atribuímos isso exclusivamente ao governo e a classe dominante, a fim de incutir os valores que os interessavam. Apesar de admitirmos as ações ideológicas no período, compreendemos que houve um consórcio entre diversos atores sociais, entre eles, os professores como sujeitos de suas ações, e que contribuíram ativamente no processo de consolidação da EFE no Brasil.


 

Acessar