A educação física nas escolas da cidade: dos documentos de memória à expografia
Por Giovana Camila da Silva (Autor), Meily Assbú Linhales (Autor).
Em XIII Seminário oo CEMEF / III Encontro do gtt Memórias Da Educação Física E Esportes
Resumo
No âmbito do Centro de Memória da Educação Física, do Esporte e do Lazer (Cemef), realizamos na última década, ações de pesquisa e de organização de acervos que nos permitiram avançar em temas relativos à historiografia da Educação Física e da formação de seus professores, ao longo do século XX. Foram mapeados o que denominamos de modelos pedagógicos atinentes ao campo como possibilidades para a identificação dos aspectos pedagógicos, culturais e políticos que atuaram nos processos de escolha e nas sistematizações relativas às maneiras de ensinar a Educação Física nas escolas (LINHALES, SILVA, SANTOS, 2021). Em continuidade, e com o intuito de fazer avançar as investigações, um novo projeto tem como propósito ampliar as ações de pesquisa, direcionando esforços para a construção de uma história da Educação Física ensinada e aprendida em escolas na grande Belo Horizonte, desde as décadas iniciais do século XX até os dias atuais. 1 O trabalho encontra-se em desenvolvimento e, em sua primeira fase, foram priorizadas quatro escolas: Escola Municipal Professor Pedro Guerra, Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais, a Escola Estadual Barão do Rio Branco e o Complexo Educacional Fazenda do Rosário. Nessas instituições expandimos o trabalho de produção de fontes orais, ao mesmo tempo em que identificamos, nos arquivos escolares ou nos acervos pessoais de professores, novos documentos textuais e imagéticos produzidos pelos sujeitos. Tal caminho metodológico amplia o entendimento histórico sobre a presença da Educação Física nas escolas e sobre as peculiaridades da escolarização de tal componente curricular em cada tempo e lugar. O referencial teórico está fundamentado nos estudos sobre memórias e narrativas e tais reflexões contribuem na afirmação da Coleção História Oral do Cemef, com um potente exercício de produção de fontes para a Educação Física. Elegendo os testemunhos de professores como ancoragem na produção e levantamento de fontes, a pesquisa orienta-se pelos pressupostos da História Oral como forma de reaver experiências vividas, conforme concebido por quem as viveu (ALBERTI, 2004). Já foram realizadas 10 (dez) entrevistas com professores e professoras e tais documentos de memória apresentam-se como importantes narrativas de si, de ideias, escolhas e ações cotidianas nas escolas.Também nos aproximamos dos estudos sobre a história das instituições, das disciplinas escolares e dos processos de escolarização e, no diálogo com tal produção historiográfica, a pesquisa busca compreender como professores e professoras de Educação Física organizaram tempos, espaços, conteúdos e objetivos de ensino, afirmando e legitimando a disciplina escolar em diálogo com os estudantes e demais sujeitos. Assim, ao mesmo tempo em que as experiências são rememoradas, outros eixos de análise são construídos como a relação das escolas com a cidade, as mudanças culturais que afetam a dimensão corporal das infâncias e juventudes, os embates travados com as políticas educacionais, a permanente negociação sobre a ocupação dos espaços, entre outros temas que têm sido fundamentais em nossas sistematizações. Narrar o vivido, conhecer o passado e se reconhecer nele, constatar mudanças e perdas nos diálogos com o presente, são alguns dos elementos que compõem a dimensão educativa da pesquisa, que também se desdobrou na produção de uma exposição temática.