A Educação Física nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio: Possíveis Contribuições dos Estudos Lingüísticos Para a Linguagem Corporal
Por José Ricardo da Silva Ramos (Autor).
Em X EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
Integra
A Educação Física nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) está contida na área intitulada Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Esta é a mesma área da Disciplina Língua Portuguesa. Evidentemente que o fato de pertencerem, Educação Física e Língua Portuguesa a uma mesma área não se dá por acaso. O presente trabalho pretende pensar as convergências entre as disciplinas mencionadas apresentando possíveis interlocuções entre elas. O fio condutor, para tanto, será a linguagem, atentando para enunciados como os de Martin Heidegger: "O homem é um ser vivo dotado de linguagem" e a exposição dos PCN assinaladoras de que "é como o corpo que somos capazes de ver, ouvir, falar, perceber e sentir as coisas. O relacionamento com a vida e com outros corpos dá-se pela comunicação e pela linguagem que o corpo é e possui" (PCN, p. 160). Discutiremos, então, alguns aspectos da linguagem, mais precisamente os aspectos que tangem ao conhecimento da linguagem corporal e aos termos, e expressões, que pertencem ao mesmo campo semântico. Para tanto, far-se-á necessário evidenciar algumas contribuições dos estudos lingüísticos para a Educação Física.
Esta disciplina cuida das práticas corporais no interior da escola e desde a década de 1970 esteve incluída no bloco curricular de Comunicação e Expressão e passou a compor, a partir dos PCN, a área Linguagens, Códigos e suas Tecnologias . Tal fato transmite uma visão diferente da Educação Física formadora de atletas que se apresenta hoje por concepções baseadas em teorias educacionais conservadoras e propagadoras de que o movimento e o esporte de rendimento deveriam seu suporte pedagógico. A partir da lei 5692/71, houve, no cenário educacional brasileiro, uma clara direção para expressividade corporal do aluno. Nessa vertente, a Educação Física foi considerada como uma disciplina específica das linguagens e, assim, não deveria ser compreendida como uma atividade de iniciativas isoladas em algumas escolas brasileiras, não cumprido sua parte de preparação integral dos nossos alunos, pois se apresenta desintegrada do processo educacional. Os Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam-na como uma disciplina expressiva, plural, que tem o discurso motor de expressão e comunicação corporal, como também própria do campo da linguagem. Nesse sentido, a Educação Física passou a ter valor para os estudos da linguagem humana. (PCN, 1998). Mas o que é linguagem? Podemos, de fato, falar na existência de uma linguagem corporal?
Vejamos algumas considerações profícuas a respeito da linguagem, ou melhor, das linguagens. A primeira acepção do vocábulo linguagem encontrada no dicionário eletrônico Houaiss nos diz que é "qualquer meio sistemático de comunicar idéias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc.". Esse mesmo vocábulo é recebedor de muitas acepções, mas por hora nos ateremos à locução linguagem corporal, que, no mesmo dicionário, corresponde ao "modo de se mover e de gesticular próprio de cada pessoa ou animal, usado para intercomunicação com outras pessoas ou animais". Importa para nós, nesse momento, compreender algumas noções básicas concernentes ao estudo da ciência que tem por objeto a linguagem humana em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico, social e psicológico. Esta ciência insere-se como uma parte da Semiologia (ou Semiótica) e denomina-se Lingüística. A distinção entre ambas se dá porque enquanto a Lingüística é o estudo científico da linguagem humana, a Semiologia preocupa-se não somente com a linguagem humana, mas também com a linguagem dos animais e de todo e qualquer sistema de comunicação, seja ele natural ou convencional, como nos mostra Castelar de Carvalho, em seu livro Para Compreender Saussure.
Os estudos de Ferdinand de Saussure (1857-1913), lingüista suíço considerado fundador da lingüística moderna e cujas lições foram publicadas postumamente (1915) por seus discípulos no livro Cours de Linguistique Générale (Curso de Lingüística Geral), são um marco na história da Lingüística. Não há dúvida de que os estudos saussurianos alicerçarão nosso trabalho, mesmo que de forma não direta, na medida em que muitos pensadores da linguagem humana ocuparam-se com as idéias e conceitos transmitidos pelo lingüista em questão. Dito de outra forma, muitos dos conceitos considerados pelo lingüista suíço possibilitaram um alargamento não somente no ramo da Lingüística, mas também em outras ciências que se interessam pelo comportamento humano e suas relações sociais.
Pertence a Saussure o enfoque do signo lingüístico como sendo uma entidade psíquica de duas faces: de um lado, o significado (ou conceito) e de outro, o significante (ou imagem acústica). Isso significa que dentro de nossa mente há uma combinação indissolúvel de um conceito (ou significado) e de uma imagem acústica (ou significante). Nesse contexto, a língua é, pois, um sistema de signos vocais formados pela união do sentido e da imagem acústica que serve de instrumento de comunicação aos membros de uma comunidade, como aponta João Teodoro e Gláucia D’Olim Marote, no livro Didática da Língua Portuguesa. A língua faz parte da linguagem. Ela, segundo Saussure, "é ao mesmo tempo um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotados pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos". Linguagem é, por conseguinte, a faculdade ou capacidade que o homem tem de se comunicar por meio de um sistema de signos vocais (língua).
Até o momento, referimo-nos à linguagem verbal. E o que tem ela a ver com a locução linguagem corporal citada no início do texto? Existe de fato uma linguagem corporal? Como os PCN lidam com tal questão, ou seja, como se dá o emprego do termo (linguagem corporal) no documento supracitado? Indubitavelmente o objeto de estudo da Educação Física é o movimento humano. Sob esse aspecto, Vitor Marinho de Oliveira diria que "enquanto ciência, seria pois, a que estuda o homem em movimento". Mas o que diríamos da cinesiologia? E da praxiologia? Bem, em princípio nos resta simplificar a questão. Deixemos então as coisas postas:
A cinesiologia, no dicionário, encontra-se como a "parte da semiótica que estuda os movimentos e processos corporais que formam um código de comunicação extralingüística, entre os quais o enrubescimento facial, o menear de ombros, os movimentos de olhos etc.". E a expressão praxiologia refere-se à "ciência ou teoria epistemológica que estuda as ações humanas, o comportamento e suas leis, induzindo conclusões operacionais". Desde já, concluímos que o estudo pormenorizado dessas ciências faz-se necessário para o profissional de Educação Física e que, devido a relevância das questões abarcadas tanto da cinesiologia quanto da praxiologia, elas são merecedoras de textos que se dediquem a cada uma especificamente.
Por agora nosso desígnio será o estudo de alguns aspectos da linguagem corporal respaldado pelos estudos lingüísticos. Além de pensarmos o espaço dado pelos PCN à linguagem, ou, se preferirmos, as linguagens. Será possível fazer tal aporte? Será possível atribuir à aptidão física características da competência lingüística? Como explicar alguns termos e expressões utilizados pelos PCN, como o que sugere a "utilização das diferentes linguagens - verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal - como meio para produzir, expressar e comunicar idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação"? Percebemos desde já que terá de haver uma mudança na formação do profissional de Educação Física, fato este que implica diretamente em uma transformação na mentalidade dos que pensam o curso, e sua identidade, concomitantemente com uma transformação curricular efetiva - eis aqui a tão comentada relação teoria/prática. Sim, porque se os PCN defendem o domínio e o conhecimento, por parte dos educandos, de sua cultura corporal e de uma visão crítica diante do mundo, a Educação Física deverá transcender os espaços das ciências biológicas para encontrar também acomodação nas ciências humanas. E, mesmo tão óbvio, vale lembrar que os profissionais da área possuem o direito de uma formação docente ampla que priorize o humano.
Salta aos olhos a existência da linguagem corporal. Parafraseando os PCN, o corpo possui e é a própria linguagem; nos comunicamos com os outros indivíduos através de movimentos corporais (PCN, p. 160). A preocupação em desvelar a "expressão corporal como linguagem" (COLETIVO DE AUTORES, 1990) tem sido um tema educacional relevante e digno de discussão pelos que se ocupam das práticas corporais, da escola e da Educação Física antes mesmo da presença dos PCN. Há décadas observamos na pauta das questões escolares sobre "como" a linguagem interage com as práticas corporais de um modo geral. E, no momento atual, esse tema busca ser tratado com atenção significativa pela escola, a qual não tem conseguido resultados expressivos para reconhecer a expressão corporal do aluno como linguagem.
É fundamental entendermos que a expressão corporal é linguagem humana. Os atos motores do ser são seus modos de expressão, representações e significações através das práticas corporais. A percepção e a compreensão da expressão corporal na comunicação do ser, na constituição da pessoa, na sua forma de dizer por gestos podem ser entendidos por unidades, traços, estruturas de significação num processo educacional compreendido num sentido amplo, isto é, na vida do sujeito em sociedade. Entretanto, o que se observa freqüentemente, na literatura desta área, é um grande estranhamento ou a ignorância sobre essas questões e, apesar do reconhecimento educacional da expressão corporal como linguagem, não observamos a efetiva contribuição de estudos da linguagem articulados às práticas corporais. Isso acontece porque os conceitos semiológicos são desconhecidos pela "maioria absoluta dos professores que hoje atuam na Educação Física", salienta Jarbas Gomes Remonte, professor da UnG.
O contexto educacional das práticas corporais (literatura, livros didáticos, curso de formação de professores) desconhece pontos de intercessão de estudos da linguagem com a expressão corporal, da comunicação corporal nos jogos, nas brincadeiras e nas atividades esportivas. A realidade corporal alimenta muitos aspectos da linguagem e, quanto mais interessada a escola estiver em conhecer a rede de interação corpo/linguagem nas atividades lúdicas individuais e coletivas, ou como o aluno expressa sua realidade social, seus signos, suas competências e seus discursos motores no momento em que está participando de um encontro lúdico em forma de jogo, esporte ou uma brincadeira, mais elementos pedagógicos a escola terá para reconhecer a linguagem do aluno.
A simples aparição do termo linguagem corporal nos PCN não auxiliará verdadeiramente a prática pedagógica. Consentimos com as críticas e as indagações levantadas pelo professor Jarbas Remonte aos PCN: é um ato de irresponsabilidade não garantir aos profissionais de Educação Física o desenvolvimento das novas competências a serem exigidas em seu exercício. Da mesma forma acreditamos que o professor de Educação Física deve rever suas práticas, ainda que discordemos das desmanteladas políticas públicas. A inquietação em conhecer a rede de interação corpo/linguagem, especialmente com o ensino e a aprendizagem da Educação Física na escola e ao buscar estudos da Linguagem na observação e interpretação de diferentes práticas corporais é um avanço que vai de encontro a prejudicial pedagogia tecnicista, a qual determina na escola, como aborda os PCN, relações entre um professor-treinador e um aluno-atleta quando, na realidade, deveríamos buscar a inclusão respeitando as diferenças. Sendo assim, seria corriqueiro as situações em que o educador leria não o "ter e o poder corporal", mas sim o "ser-corpo" de seu aluno trabalhador do ensino noturno. "O ser-corpo que pensa, age, sente e se comunica pelos seus gestos e expressões" (PCN, p. 160).
Toda prática demanda uma teoria que orienta o fazer pedagógico. A falta de preocupação com os pressupostos lingüísticos para as práticas corporais contribui para uma irrisória discussão por parte da escola acerca de seu conteúdo de ensino. Assim, a Educação Física que reduz a expressão corporal do aluno à regras esportivas, gestos estereotipados de atletas de alto nível, privando-o da sua própria linguagem ontológica e assim de se expressar por inteiro, desumaniza o ser humano. Os alunos precisam conhecer mais do que uma linguagem artificial das atividades corporais. Seus pontos de referências devem ir além do discurso motor de atletas com prestígio social, uma vez que as instituições escolares devem privilegiar o "ser-corpo". Daí a relevância de discernirmos o educador do adestrador do físico.
Quando os alunos se expressam, a escola não os analisa como possuidores de corpos dotados de linguagem. Infelizmente não há ainda o intuito de descobrir os elementos significativos de uma interação motriz, partindo do pressuposto de que os discentes são possuintes de uma história corporal, os quais construíram saberes e habilidades motrizes. Ironicamente esses discentes são vistos como folhas em branco que nada possuem de vida corporal. Por analogia, seria a mesma situação que ocorre durante a aula de Língua Portuguesa: o professor ao supervalorizar a norma culta da língua tende a, conseqüentemente, desprezar os falares dos alunos, ou seja, seus níveis de linguagem, tais como as diferenças etárias, regionais, sociais etc.. O educador de língua materna não pode estar alheio à heterogeneidade lingüística assim como o educador do físico não deve pôr a margem potencialidades corporais dos educandos. Não existe uma unidade lingüística no Brasil do mesmo modo que não há uma uniformidade no que tange à maneira de se expressar corporalmente. Certamente, essa tarefa docente de observar com minúcia os atos corporais de seus educandos não se faz simples. Nem somos ingênuos de acreditar na ausência de complicação no que diz respeito a prática docente. Por isso defendemos a teoria de que "entender e aceitar as relações corporais existentes no mundo humano" (PCN, p. 160) requer estudos sérios em diversificadas áreas, entre elas a Lingüística, além de uma agudeza e sensibilidade que conquistamos a partir da convivência com os outros humanos.
Identificamos e apresentamos um problema educacional: a escola tem privado seus educandos de expressarem-se por inteiro. Como superar tal problemática? É preciso que a instituição escolar construa conhecimentos teóricos da linguagem com o fim de refletir acerca das práticas pedagógicas instituídas, lembrando que os homens são os agentes e modificadores da História e não o contrário. A escola, isto é, os educadores podem e devem deixar de ser meros promotores de atividades corporais para cumprir a função de entidades transformadoras e leitoras das escrituras corporais dos seus alunos.
Para que isso ocorra, podemos estar atentos para os tipos de linguagem que a Educação Física concebe. É importante constatar que a literatura específica da área - dentre as possibilidades de uso de termos relativos à linguagem, destacam-se os anais do CONBRACE (Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte), onde observamos termos da teoria geral da linguagem largamente empregados em artigos, textos e resumos - vem usando normalmente a linguagem como uma forma de discurso sobre questões de ordem corporal. Até a linguagem verbal, presumidamente lingüística, é abordada pelas práticas corporais (PARLEBAS, 1988). Atividades como a dança e o teatro são freqüentemente visitadas pelos elementos da teoria geral da linguagem como coreografia, símbolos, signos e linguagem corporal (DANTAS, 1999). Sobre isso, Valéria Sperduti Lima, no livro Dicionário em construção: interdisciplinaridade, cita Lalande:
"Todos os órgãos dos sentidos podem servir para criar uma linguagem".
O domínio de alguns conhecimentos básicos da linguagem não supera todas as dificuldades dadas pela complexidade de estudos deste campo educacional, pelas características formais da produção científica das dimensões corpo/linguagem e da divulgação de trabalhos originais. A forma de apresentação de trabalhos sobre o tema, com ênfase no uso do lexema "linguagem", mostra a falta de base de estudos da linguagem no processo de produção de respostas, além da falta de discussões e pesquisas que representam, também, uma dificuldade de leitura crítica para o campo pedagógico das práticas corporais. Questões como: Para que nos comunicamos corporalmente? Por que existem diferentes formas de expressão corporal? O que é expressão corporal? O que ela representa e produz?
Como ela se organiza? Ela segue algum princípio? Ela se estrutura de acordo com alguma ordem existente no mundo? Qual a relação
dessas análises que buscam dar sentido a expressão corporal como linguagem com os que produzem estudos no campo lingüístico?
Notório o fato de que nem sempre essas questões têm uma definição precisa, logo vão sendo gradativamente desprezadas sem a ajuda de estudos da linguagem pelos que trabalham com as práticas corporais.
Parlebas (1981), por exemplo, a partir de sua praxiologia motriz, se envolveu com o caráter sincrônico da investigação dos jogos. Ele se interessou pelo conteúdo semântico e o caráter metafórico que o jogo pode oferecer e, tomando por empréstimos os saberes da linguagem verbal, formulou uma teoria dos jogos com pertinente descrição detalhada, localizando uma abordagem sistematizada para os jogos. As marcas lingüísticas da intercomunicação língua e jogo interpretadas como metáforas criativas são empréstimos, fixações pré-moldadas, disponíveis na obra de Parlebas (1977 - 1981). A construção de um saber genuinamente novo foi gerado no confronto com o vocabulário disponível nas ciências da linguagem verbal para formar um léxico na materialidade corpórea da praxiologia tradicional.
Evidentemente, muitos conceitos teóricos da linguagem devem ser investigados na sua produção criativa. São conceitos complexos que necessitam o esclarecimento para o leitor, já que, deliberadamente, buscaremos uma compreensão lingüística para os conceitos imagéticos corpo/linguagem. Também a linguagem metafórica será utilizada, não como uma teoria lingüística e figurativa, mas como uma teoria explicativa de fenômenos da produção imagética nas questões de ordem corporal (conforme VOTRE, 1995). Isso porque as práticas corporais mostram-se nos fenômenos social, discursivo e humano inseridas sempre em um dado contexto cultural, delimitadas num determinado espaço e num determinado tempo. Além de conterem as marcas da linguagem.
Há relevância em se estudar a linguagem do corpo? Como ocorre a interlocução entre as linguagens? Para Vauyer & Toulose (1985), a linguagem corporal é um mecanismo de interação humana que progressivamente desenvolve as outras linguagens do sujeito. Linguagens essas importantes para aquele que as usa dentro de um contexto social e cultural. Esses autores enfatizam o fato de a linguagem corporal ser uma maneira do ser humano expandir o seu pensamento.
O documento de Educação Física para o Ensino Médio que se inicia mencionando a necessidade de se buscar a identidade da disciplina como "área de estudo fundamental para a compreensão do ser humano enquanto produtor de cultura" (PCN, p.154), e que objetiva a aproximação do aluno do Ensino Médio à Educação Física, é sumário: a Educação Física escolar há tempos não contempla as necessidades do alunado. O que será, então, dos discentes se eles passam boa parte de suas vidas no espaço escolar, sempre enfileirados, sendo as aulas de Educação Física as únicas desse espaço que permitiriam - já que nem mesmo essas aulas atentam para o alunado - pensar o corpo e movimentá-lo de forma efetiva? Irrefutável a importância de se criarem espaços de construção cognitiva e de formação humana na educação formal. As linhas que nos foram dadas são insuficientes para a demonstração de um estudo abrangente.
Contudo se o presente texto - que preferimos chamar de texto em construção - propiciou um lidar mais cuidadoso com as palavras e mensagens aqui postas, atingimos, ao menos um objetivo: o de evidenciar a indagação acerca das leituras e escrituras referentes ao lugar do estudo da linguagem corporal na Educação Física.
Obs. Os autores, Roberta Jardim Coube (IC-UFF) (belcoube@hotmail.com) é graduada em letras e José Ricardo da Silva Ramos (CAPES - UFF ) (jricardo@bayside.com.br) é doutorando em linguística
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