A Educação Física, o Esporte e as Ciências Humanas: Indicações Para Uma Práxis Social Transformadora.

O campo epistemológico da educação física e do esporte e suas implicações metodológicas têm íntima aproximação com o processo de conhecimento nas ciências humanas, com as quais mantêm relação dialética de influências recíprocas. Na mesma medida em que essas ciências inspiram à produção do conhecimento e a prática da educação física, a educação física, campo de significação e expressão da realidade humana, pela motricidade e corporeidade, se oferece à interrogação cientifica. Por isto, é importante ressaltar que as ciências humanas não surgem, no cenário do saber, por acaso e, sim, para atender a determinadas exigências políticas, econômicas, sociais, culturais, com as quais se encontram comprometidas. Entretanto, por serem humanas, essas ciências são históricas, e a história, bem como o sujeito que a constrói, são realidades dinâmicas, em processo. As razões que deram origem à sua constituição sofrem transformações, de acordo com as tendências e perspectivas sempre móveis da sociedade. O esporte, enquanto instrumento pedagógico da educação física, campo de pesquisa da própria educação física e das ciências humanas, constitui um modo de expressão cultural significativo, que pode ser utilizado como meio de manutenção da ordem ou de sua transformação. Cabe, portanto, à educação física, em colaboração com as ciências humanas, buscar uma apropriação crítica do esporte, em suas diferentes dimensões, como meio de desestabilizar os ardis da política liberal/capitalista, em tempos de globalização e de comunicação de massa, dotando-o de potencial crítico, para inseri-lo num projeto de transformação/democratização social mais amplo.